Lenda do tênis de mesa brasileiro, palmeirense Biriba completa 70 anos

Marcelo Jung
Departamento de Comunicação

Maior garoto prodígio que o tênis de mesa brasileiro já viu, Ubiraci Rodrigues da Costa, o Biriba, comemora 70 anos de idade nesta sexta-feira (26). A carreira do mesa-tenista, revelado no Palmeiras, durou apenas uma década, mas foi tempo suficiente para colocá-lo entre os principais esportistas da história do país e torná-lo referência mundial na modalidade, inclusive emprestando seu apelido para batizar uma importante marca de raquetes profissionais.

Biriba deu seus primeiros passos no ping-pong (como era chamada a modalidade na época) aos sete anos, num humilde armazém, localizado na Vila Maria, que pertencia ao seu pai. Mas foi no Palmeiras – seu primeiro clube oficial – que Biriba se projetou no tênis de mesa e viveu o auge da sua carreira.

Logo cedo, Biriba dava mostras de seu talento diferenciado. Com apenas 11 anos, já jogava entre os adultos e conquistava seus primeiros triunfos. Mas foi aos 13 que o menino prodígio se tornaria nacionalmente conhecido. Em 1958, ano em que se festejava o cinquentenário da imigração japonesa no Brasil, dois atletas nipônicos bicampeões mundiais vieram se apresentar no ginásio do Ibirapuera: Ichiro Ogimura, campeão do mundo em 1954 e 56, e seu compatriota Toshio Tanaka, detentor dos títulos de 1955 e 57. Eis, então, que surgia um garoto de apenas 1,50m para roubar a cena. Biriba derrotou os dois e instantemente se tornou um astro nacional.

Reprodução _ Capa da revista A Gazeta Ilustrada – edição de novembro de 1958A proeza logo lhe rendeu a capa da edição de novembro de A Gazeta Ilustrada, uma das mais renomadas revistas esportivas da época. Em pleno ano da conquista da primeira taça mundial do futebol brasileiro, o pequeno Biriba, de apenas 13 anos, figurou nas manchetes ao lado de ninguém mais, ninguém menos que de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, e da tenista Maria Esther Bueno, que naquela mesma temporada de 1958 conquistava o primeiro dos seus 19 títulos de Grand Slam.

No entanto, o fenômeno mirim ainda aprontaria a maior das suas façanhas. Dessa vez em 1961, no Mundial de Pequim, Biriba eliminou o então campeão do mundo, o chinês Jung Kuo Tuan, diante de um público de 15 mil pessoas que torciam pelo seu adversário, terminando entre os 16 primeiros na classificação geral. O feito deu notoriedade ao brasileiro também no outro lado do mundo. Tamanha fama fez com que a Butterfly – maior empresa japonesa no mercado de artigos de tênis de mesa – criasse uma raquete com o nome de Biriba. “Quando viajei para Tóquio, em 1996, visitei uma loja com vários tipos de produtos e resolvi dar uma olhada na parte de tênis de mesa. E, no meio de todas aquelas letras japonesas, a única palavra que consegui ler era o meu nome, escrito em português. Fiquei muito emocionado”, confessou, em entrevista exclusiva para o Site Oficial do Palmeiras.

Reprodução _ Com o nome de Biriba, já foram vendidos mais de 20 milhões de exemplares dessa raqueteApesar das brilhantes atuações e de um potencial gigante, Biriba teve uma carreira meteórica no tênis de mesa. O atleta foi precoce tanto no início quanto no fim. Desiludido com a falta de estrutura e de apoio que o esporte tinha no Brasil, aquele que poderia se tornar o maior mesa-tenista de todos os tempos decidiu pendurar a raquete com somente 21 anos de idade. Fora do esporte, Biriba completou o curso de Economia e se tornou funcionário público da Secretaria da Fazenda. “O Palmeiras sempre me ajudou, inclusive pagando o meus estudos por nove anos”, lembrou.

Não mais como Biriba, Ubiraci nunca deixou de amar o esporte e o Palmeiras. “O Palmeiras foi minha vida, uma segunda casa. Devo tudo ao Palmeiras, que me abriu muitas portas. Meu sentimento é de amor e respeito por esse clube. Cheguei até a jogar por outros clubes, mas não tem jeito. Meu coração é palmeirense. Tenho muitas boas memórias de lá. Divulgação _ Aos 70, Biriba ainda aproveita seus sábados para bater uma bolinha no clubeNa época em que comecei a defender as cores do Palmeiras, o tênis de mesa ainda era um esporte muito incipiente e eu tinha o sonho de que um dia o Palmeiras viesse a ter um tênis de mesa que fosse forte como outras modalidades do clube”, relembrou.  

Hoje, aposentado e com 70 anos, Ubiraci Rodrigues da Costa se considera muito bem de saúde, o que lhe permite continuar praticando o esporte que tanto ama. O palmeirense é sócio do clube e frequenta a sede social todos os sábados para bater uma bolinha e orientar os jovens que se inspiram nele.

“Mesmo não sendo profissionalmente, nunca deixei de jogar e de competir. Eu vou ao clube de sábado, mas agora que aposentei pretendo ir mais vezes. Hoje jogo mais para desfrutar mesmo, gosto de dar dicas e de passar um pouco da minha experiência aos mais novos. Faço isso porque eu amo o esporte. As pessoas, como eu, passam, mas o esporte tem que ficar”, finalizou.