Jair Rosa Pinto não só foi um dos melhores meias-esquerdas da história do Palmeiras como também foi o principal de sua geração (anos 40, 50 e início de 60), tendo sido protagonista também na Seleção Brasileira, pela qual disputou uma Copa do Mundo como titular. Um dos primeiros a utilizar a camisa 10 alviverde (chega ao clube em 1949 e a numeração nos uniformes passara a ser utilizada em 1948, com Eduardo Lima de 10), foi o comandante na conquista das Cinco Coroas (entre elas, o Mundial Interclubes de 1951). Conhecido como Jajá de Barra Mansa, ele na verdade era de Quatis, cidade fluminense que em 1990 se emancipou do município de Barra Mansa. Seu outro apelido era “Coice de Mula”, pois, apesar das pernas finas, batia na bola com uma potência incrível.

O meia começou a jogar bola em um time de Mendes, cidade vizinha a sua, e, de lá, foi para o Barra Mansa FC. Em 1938, aos 17 anos, chegou ao Madureira, formando, ao lado de Isaís e Lelé, um trio que jamais saiu da memória dos torcedores do Tricolor Suburbano. ‘Os Três Patetas’, em alusão aos personagens famosos pelos filmes de comédia naquela época, foram os grandes responsáveis pelo primeiro título da história do clube, o torneio início de 1939, e, quatro anos depois, foram contratados pelo Vasco. Em quatro temporadas no Gigante da Colina, Jair, que fora convocado para a Seleção pela primeira vez em 1940, firmou-se de vez como o grande craque de sua posição. Em 1947, foi jogar no Flamengo. Mas após um revés por 5 a 2 para o Vasco, em 1949, alguns dirigentes o responsabilizaram, insinuando que ele não havia jogado com seriedade. Mito ou verdade, eternizou-se a história de que sua camisa fora queimada por críticos no centro da cidade.

Foi então que apareceu o Palmeiras. Jair estreou pelo novo clube no dia 01 de setembro de 1949, em partida amistosa contra a Portuguesa, no Pacaembu, e mostrou seu cartão de visitas anotando um gol de falta. Como atleta do Verdão, em 1950, tornou-se o primeiro camisa 10 da Seleção em uma Copa do Mundo e foi eleito o melhor jogador da competição. Mas a dor pela perda do título em pleno Maracanã o acompanhou pelo resto da vida, ainda mais porque, no último lance, ele teve a chance do empate, mas não conseguiu cabecear em cheio.

JOGO DA LAMA E COPA RIO

Jair foi o personagem central de uma das partidas mais emocionantes da história do Choque-Rei. No dia 28 de janeiro de 1951, em jogo válido pelo Campeonato Paulista de 1950, o Palmeiras entrou em campo contra o São Paulo jogando pelo empate para ficar com o título – derrota daria a taça ao Tricolor. Debaixo de muita chuva, o rival conseguiu abrir o placar no primeiro tempo, e os jogadores palmeirenses, ao descerem abatidos para o vestiário, foram surpreendidos por Jair, aos berros, exigindo raça. “É o seguinte: todo mundo que pegar a bola, toca pra mim que eu vou lançar pra frente. Uma hora faremos um gol”, teria dito. E foi exatamente o que aconteceu: aos 15 minutos do segundo tempo, Jair dominou a bola e fez um de seus incríveis lançamentos; com a ajuda de poça d’água, o atacante Aquiles empatou a partida e garantiu o 11º título estadual do Verdão.

Outro momento de brilho do craque ocorreu em julho do mesmo ano, quando a CBD (então CBF) e a Fifa organizaram o Torneio Internacional de Clubes Campeões, primeira competição de abrangência mundial na história. Com a decisão agendada para o Maracanã, a Copa Rio (apelido do torneio) era a chance de Jair se redimir da derrota no ano anterior e a oportunidade de o Palmeiras resgatar a honra do futebol brasileiro. Após sete jogos, sendo os dois últimos uma vitória e um empate nas finais contra a Juventus-ITA, coube ao grande comandante daquele time, o capitão Jair Rosa Pinto, levantar o troféu mais importante do Alviverde em todos os tempos.

Na ocasião, o Palmeiras faturou cinco títulos seguidos, um feito único na história do clube que ficou conhecido na mídia como As Cinco Coroas (além do Paulista de 1950 e do Mundial, foram também o Rio-São Paulo de 1951 e as Taças Cidade de São Paulo de 1950 e 1951). Ao final de 1955, aos 34 anos, Jair deixou o Verdão para um novo desafio: comandar um Santos repleto de jovens talentos, entre eles, Pelé.  No Peixe, conquistou os Paulistas de 1956, 1958 e 1960 e depois ainda passou por São Paulo e Ponte Preta antes de encerrar a carreira.

Nos últimos anos de vida, Jair passava boa parte do seu tempo cuidando dos muitos passarinhos que criava e conversando com amigos da velha guarda na Praça Saens Peña, a principal da Tijuca, na Zona Norte do Rio, bairro em que morava e onde treinou garotos do morro do Borel. Em 2001, quatro anos antes de morrer, participou de uma homenagem do Palmeiras aos 50 anos da Copa Rio e foi aclamado na ocasião. Emocionado, repetia que o Palmeiras deu a ele a Copa do Mundo que ele não conseguiu com a Seleção.

Saiba mais:
>Especial: Mundial Interclubes 1951

 

Jair Rosa Pinto 21 de março de 1921
Quatis-RJ 28 de julho de 2005

Posição: Meia

Número de temporadas: 7

Clube anterior: Flamengo-RJ

Jogos:

248 (145 vitórias, 46 empates e 57 derrotas)

Estreia: Palmeiras 3x1 Portuguesa (01/09/1949)

Último jogo: Palmeiras 0x3 XV de Jaú (06/11/1955)

Gols: 74

Primeiro gol: Palmeiras 3x1 Portuguesa (01/09/1949)

Último gol: Palmeiras 3x3 Jabaquara (23/10/1955)

Principais títulos:

Campeonato Paulista em 1950; Torneio Rio-São Paulo em 1951; Mundial Interclubes em 1951; Taça Cidade de São Paulo em 1950 e 1951

Jair Rosa Pinto não só foi um dos melhores meias-esquerdas da história do Palmeiras como também foi o principal de sua geração (anos 40, 50 e início de 60), tendo sido protagonista também na Seleção Brasileira, pela qual disputou uma Copa do Mundo como titular. Um dos primeiros a utilizar a camisa 10 alviverde (chega ao clube em 1949 e a numeração nos uniformes passara a ser utilizada em 1948, com Eduardo Lima de 10), foi o comandante na conquista das Cinco Coroas (entre elas, o Mundial Interclubes de 1951). Conhecido como Jajá de Barra Mansa, ele na verdade era de Quatis, cidade fluminense que em 1990 se emancipou do município de Barra Mansa. Seu outro apelido era “Coice de Mula”, pois, apesar das pernas finas, batia na bola com uma potência incrível.

O meia começou a jogar bola em um time de Mendes, cidade vizinha a sua, e, de lá, foi para o Barra Mansa FC. Em 1938, aos 17 anos, chegou ao Madureira, formando, ao lado de Isaís e Lelé, um trio que jamais saiu da memória dos torcedores do Tricolor Suburbano. ‘Os Três Patetas’, em alusão aos personagens famosos pelos filmes de comédia naquela época, foram os grandes responsáveis pelo primeiro título da história do clube, o torneio início de 1939, e, quatro anos depois, foram contratados pelo Vasco. Em quatro temporadas no Gigante da Colina, Jair, que fora convocado para a Seleção pela primeira vez em 1940, firmou-se de vez como o grande craque de sua posição. Em 1947, foi jogar no Flamengo. Mas após um revés por 5 a 2 para o Vasco, em 1949, alguns dirigentes o responsabilizaram, insinuando que ele não havia jogado com seriedade. Mito ou verdade, eternizou-se a história de que sua camisa fora queimada por críticos no centro da cidade.

Foi então que apareceu o Palmeiras. Jair estreou pelo novo clube no dia 01 de setembro de 1949, em partida amistosa contra a Portuguesa, no Pacaembu, e mostrou seu cartão de visitas anotando um gol de falta. Como atleta do Verdão, em 1950, tornou-se o primeiro camisa 10 da Seleção em uma Copa do Mundo e foi eleito o melhor jogador da competição. Mas a dor pela perda do título em pleno Maracanã o acompanhou pelo resto da vida, ainda mais porque, no último lance, ele teve a chance do empate, mas não conseguiu cabecear em cheio.

JOGO DA LAMA E COPA RIO

Jair foi o personagem central de uma das partidas mais emocionantes da história do Choque-Rei. No dia 28 de janeiro de 1951, em jogo válido pelo Campeonato Paulista de 1950, o Palmeiras entrou em campo contra o São Paulo jogando pelo empate para ficar com o título – derrota daria a taça ao Tricolor. Debaixo de muita chuva, o rival conseguiu abrir o placar no primeiro tempo, e os jogadores palmeirenses, ao descerem abatidos para o vestiário, foram surpreendidos por Jair, aos berros, exigindo raça. “É o seguinte: todo mundo que pegar a bola, toca pra mim que eu vou lançar pra frente. Uma hora faremos um gol”, teria dito. E foi exatamente o que aconteceu: aos 15 minutos do segundo tempo, Jair dominou a bola e fez um de seus incríveis lançamentos; com a ajuda de poça d’água, o atacante Aquiles empatou a partida e garantiu o 11º título estadual do Verdão.

Outro momento de brilho do craque ocorreu em julho do mesmo ano, quando a CBD (então CBF) e a Fifa organizaram o Torneio Internacional de Clubes Campeões, primeira competição de abrangência mundial na história. Com a decisão agendada para o Maracanã, a Copa Rio (apelido do torneio) era a chance de Jair se redimir da derrota no ano anterior e a oportunidade de o Palmeiras resgatar a honra do futebol brasileiro. Após sete jogos, sendo os dois últimos uma vitória e um empate nas finais contra a Juventus-ITA, coube ao grande comandante daquele time, o capitão Jair Rosa Pinto, levantar o troféu mais importante do Alviverde em todos os tempos.

Na ocasião, o Palmeiras faturou cinco títulos seguidos, um feito único na história do clube que ficou conhecido na mídia como As Cinco Coroas (além do Paulista de 1950 e do Mundial, foram também o Rio-São Paulo de 1951 e as Taças Cidade de São Paulo de 1950 e 1951). Ao final de 1955, aos 34 anos, Jair deixou o Verdão para um novo desafio: comandar um Santos repleto de jovens talentos, entre eles, Pelé.  No Peixe, conquistou os Paulistas de 1956, 1958 e 1960 e depois ainda passou por São Paulo e Ponte Preta antes de encerrar a carreira.

Nos últimos anos de vida, Jair passava boa parte do seu tempo cuidando dos muitos passarinhos que criava e conversando com amigos da velha guarda na Praça Saens Peña, a principal da Tijuca, na Zona Norte do Rio, bairro em que morava e onde treinou garotos do morro do Borel. Em 2001, quatro anos antes de morrer, participou de uma homenagem do Palmeiras aos 50 anos da Copa Rio e foi aclamado na ocasião. Emocionado, repetia que o Palmeiras deu a ele a Copa do Mundo que ele não conseguiu com a Seleção.

Saiba mais:
>Especial: Mundial Interclubes 1951

 

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