Junqueira dedicou toda a sua carreira ao Palestra Italia. Vestiu a camisa verde por quase 15 anos, foi capitão do time em boa parte desse período e, atuando uma época em que só se disputava o Campeonato Paulista (exceção ao Torneio Rio-São Paulo de 1933, vencido pelos palestrinos), é até hoje o maior campeão estadual da história do clube, com sete conquistas. Por tudo isso, tornou-se o primeiro atleta a ser eternizado com um busto de bronze na sede social do Palmeiras.

Nascido em 1910 na cidade de Vargem Grande do Sul (SP), aos 12 anos já se destacava pelo time da escola, o Ginásio Diocesano, de Botucatu (SP). Ao se mudar para Araraquara (SP), por volta de 1926, o zagueiro começou a defender o Mackenzie College local. Até então, as partidas que disputava se restringia aos campeonatos internos. Cerca de dois anos e meio depois, foi morar em Jacarezinho (PR) e chegou a abandonar os gramados por meses.

Porém, atuando pelo “campeão local”, segundo suas próprias palavras, as portas do futebol profissional se abriram e seu talento foi finalmente descoberto em 1931. “Um diretor do Mais Popular passava por Jacarezinho e assistiu a uma partida em que tomava parte. Gostou do meu feito e no dia seguinte procurou-me para me convidar a realizar um teste no Parque Antarctica. Na mesma ocasião, recebi idêntico convite do São Paulo Futebol Clube, mas preferi começar pelo Palmeiras e não me arrependi, como se sabem”, contou Junqueira em entrevista anos depois. O dirigente, no caso, era Ernesto Giuliano, que em 1914 foi um dos entusiastas que ajudaram na fundação do Palestra.

Aos 21 anos, o Quita (ou Quitinha) chegava àquela que viria a ser a sua casa por mais de uma década. Foi recebido por ninguém menos que Spartaco Bianco Gambini, integrante da primeira geração de jogadores palestrinos e então técnico da equipe. O ídolo havia pendurado as chuteiras em 1929, sendo seguido por outros que também brilharam nos tempos iniciais do clube. Paralelamente, enquanto o futebol brasileiro ainda resistia a se profissionalizar formalmente, muitos de seus craques se transferiam para mercados mais vantajosos, sobretudo o da Itália. Junqueira, portanto, fez parte da primeira grande reformulação do elenco palestrino.

No começo, embora sempre tenha atuado pelo lado direito da zaga, passou a atuar do lado esquerdo, pois o direito pertencia ao veterano Loschiavo. Em 1933, ainda pelo lado esquerdo, passou a formar uma das mais vitoriosas duplas de zaga da história do clube com Carnera. E já nos anos 1940, voltou às origens jogando do lado direito da defesa acompanhado, na maior parte do tempo, por Begliomini.

Além das glórias dos anos 1930, em que o Palestra definitivamente se tornou uma superpotência esportiva, Junqueira viveu também o período de mudança de nome do clube. Foi um dos 11 que entraram no gramado do Pacaembu para a Arrancada Heroica de 1942, ajudando a manter vivo o espírito palestrino e a carimbar a vocação de títulos do novo Palmeiras. Na campanha do estadual de 1942, aliás, ocorreu um dos mais lembrados lances de sua carreira, ao dar uma plástica bicicleta para salvar, em cima da linha, um gol do Corinthians no empate por 1 a 1 com o arquirrival.

Foi um líder taciturno, de poucas palavras e futebol seguro. A maneira como se impunha em campo fez dele uma referência no futebol paulista e o credenciaram, inclusive, a chegar à Seleção Brasileira. O craque virou o século XX no topo da lista de jogadores mais vezes campeão pelo clube, com 12 conquistas, ao lado de Ademir da Guia. E teve seu busto inaugurado em 1943, quando ainda fazia parte do elenco alviverde.

“Junqueira entrou para o profissionalismo em plena forma, em pleno vigor das suas forças físicas, em plena eficiência no seu lugar escabroso de zaga. Ficou no Palmeiras, sossegado e tranquilo, com seu eterno sorriso de bonachão imperturbável, entre os palestrinos de todos os tempos, sem levantar uma queixa, sem exigir coisas de outro mundo, sem ‘vender-se caro’, aproveitando da situação e da necessidade implemente do clube. Portanto, Junqueira, dentro do Palestra, primeiro, depois dentro do Palmeiras, tornou-se um símbolo. Lendário símbolo do jogador perfeito do alviverde: pode o clube trocar de nome, mas ele, Junqueira, não trocará de camisa”, escreveu o jornalisa Vicenzo Ragognetti, um dos fundadores do Palestra Italia, em um artigo em 1943.

O craque, inclusive, teve diversas propostas para deixar o Parque Antarctica, mas nunca nem sequer cogitou essa possibilidade. “Sempre fui cobiçado por vários clubes paulistas, cariocas e até argentinos, mas nunca deixei meu Palmeiras, pois me ufano em poder envergar sua gloriosa camiseta esmeraldina. Lá em casa todos são alviverdes, e, se um dia eu sair daqui, pobre de mim, dormiria ao relento: aqui iniciei, aqui fiquei reconhecido e famoso (salvo a modéstia). Meu ideal de vida, desde 1931, foi lutar, defender o Palmeiras até minhas forças permitirem. E aqui encerrarei minha carreira, que alguns, bondosamente, qualificam de gloriosa”, declarou o craque à repórter e articulista Iolanda Minitti, da Revista Vida Palestrina, publicação oficial do Verdão, em 1943.

Após pendurar as chuteiras, Junqueira faturou também um título como técnico, o Torneio Início do Paulista de 1946, formando dupla com Oswaldo Brandão. Morreu em São Paulo, aos 75 anos, sem nunca deixar de frequentar as dependências do Palestra Italia.

Saiba mais:
>Especial: A Arrancada Heroica

José Junqueira de Oliveira 26 de fevereiro de 1910
Vargem Grande do Sul-SP 25 de abril de 1985

Posição: Zagueiro

Número de temporadas: 15

Clube anterior: Nenhum

Jogos:

337 (211 vitórias, 73 empates e 53 derrotas)

Estreia: Palestra Italia 0x0 Comercial de Ribeirão Preto (23/08/1931)

Último jogo: Palmeiras 3x3 Corinthians (30/12/1945)

Principais títulos:

Campeonato Paulista em 1932, 1933, 1934, 1936, 1940, 1942 e 1944; Torneio Rio-São Paulo em 1933; Campeonato Paulista Extra em 1938; Taça Cidade de São Paulo em 1945; Torneio Início do Campeonato Paulista em 1939 e 1942

Junqueira dedicou toda a sua carreira ao Palestra Italia. Vestiu a camisa verde por quase 15 anos, foi capitão do time em boa parte desse período e, atuando uma época em que só se disputava o Campeonato Paulista (exceção ao Torneio Rio-São Paulo de 1933, vencido pelos palestrinos), é até hoje o maior campeão estadual da história do clube, com sete conquistas. Por tudo isso, tornou-se o primeiro atleta a ser eternizado com um busto de bronze na sede social do Palmeiras.

Nascido em 1910 na cidade de Vargem Grande do Sul (SP), aos 12 anos já se destacava pelo time da escola, o Ginásio Diocesano, de Botucatu (SP). Ao se mudar para Araraquara (SP), por volta de 1926, o zagueiro começou a defender o Mackenzie College local. Até então, as partidas que disputava se restringia aos campeonatos internos. Cerca de dois anos e meio depois, foi morar em Jacarezinho (PR) e chegou a abandonar os gramados por meses.

Porém, atuando pelo “campeão local”, segundo suas próprias palavras, as portas do futebol profissional se abriram e seu talento foi finalmente descoberto em 1931. “Um diretor do Mais Popular passava por Jacarezinho e assistiu a uma partida em que tomava parte. Gostou do meu feito e no dia seguinte procurou-me para me convidar a realizar um teste no Parque Antarctica. Na mesma ocasião, recebi idêntico convite do São Paulo Futebol Clube, mas preferi começar pelo Palmeiras e não me arrependi, como se sabem”, contou Junqueira em entrevista anos depois. O dirigente, no caso, era Ernesto Giuliano, que em 1914 foi um dos entusiastas que ajudaram na fundação do Palestra.

Aos 21 anos, o Quita (ou Quitinha) chegava àquela que viria a ser a sua casa por mais de uma década. Foi recebido por ninguém menos que Spartaco Bianco Gambini, integrante da primeira geração de jogadores palestrinos e então técnico da equipe. O ídolo havia pendurado as chuteiras em 1929, sendo seguido por outros que também brilharam nos tempos iniciais do clube. Paralelamente, enquanto o futebol brasileiro ainda resistia a se profissionalizar formalmente, muitos de seus craques se transferiam para mercados mais vantajosos, sobretudo o da Itália. Junqueira, portanto, fez parte da primeira grande reformulação do elenco palestrino.

No começo, embora sempre tenha atuado pelo lado direito da zaga, passou a atuar do lado esquerdo, pois o direito pertencia ao veterano Loschiavo. Em 1933, ainda pelo lado esquerdo, passou a formar uma das mais vitoriosas duplas de zaga da história do clube com Carnera. E já nos anos 1940, voltou às origens jogando do lado direito da defesa acompanhado, na maior parte do tempo, por Begliomini.

Além das glórias dos anos 1930, em que o Palestra definitivamente se tornou uma superpotência esportiva, Junqueira viveu também o período de mudança de nome do clube. Foi um dos 11 que entraram no gramado do Pacaembu para a Arrancada Heroica de 1942, ajudando a manter vivo o espírito palestrino e a carimbar a vocação de títulos do novo Palmeiras. Na campanha do estadual de 1942, aliás, ocorreu um dos mais lembrados lances de sua carreira, ao dar uma plástica bicicleta para salvar, em cima da linha, um gol do Corinthians no empate por 1 a 1 com o arquirrival.

Foi um líder taciturno, de poucas palavras e futebol seguro. A maneira como se impunha em campo fez dele uma referência no futebol paulista e o credenciaram, inclusive, a chegar à Seleção Brasileira. O craque virou o século XX no topo da lista de jogadores mais vezes campeão pelo clube, com 12 conquistas, ao lado de Ademir da Guia. E teve seu busto inaugurado em 1943, quando ainda fazia parte do elenco alviverde.

“Junqueira entrou para o profissionalismo em plena forma, em pleno vigor das suas forças físicas, em plena eficiência no seu lugar escabroso de zaga. Ficou no Palmeiras, sossegado e tranquilo, com seu eterno sorriso de bonachão imperturbável, entre os palestrinos de todos os tempos, sem levantar uma queixa, sem exigir coisas de outro mundo, sem ‘vender-se caro’, aproveitando da situação e da necessidade implemente do clube. Portanto, Junqueira, dentro do Palestra, primeiro, depois dentro do Palmeiras, tornou-se um símbolo. Lendário símbolo do jogador perfeito do alviverde: pode o clube trocar de nome, mas ele, Junqueira, não trocará de camisa”, escreveu o jornalisa Vicenzo Ragognetti, um dos fundadores do Palestra Italia, em um artigo em 1943.

O craque, inclusive, teve diversas propostas para deixar o Parque Antarctica, mas nunca nem sequer cogitou essa possibilidade. “Sempre fui cobiçado por vários clubes paulistas, cariocas e até argentinos, mas nunca deixei meu Palmeiras, pois me ufano em poder envergar sua gloriosa camiseta esmeraldina. Lá em casa todos são alviverdes, e, se um dia eu sair daqui, pobre de mim, dormiria ao relento: aqui iniciei, aqui fiquei reconhecido e famoso (salvo a modéstia). Meu ideal de vida, desde 1931, foi lutar, defender o Palmeiras até minhas forças permitirem. E aqui encerrarei minha carreira, que alguns, bondosamente, qualificam de gloriosa”, declarou o craque à repórter e articulista Iolanda Minitti, da Revista Vida Palestrina, publicação oficial do Verdão, em 1943.

Após pendurar as chuteiras, Junqueira faturou também um título como técnico, o Torneio Início do Paulista de 1946, formando dupla com Oswaldo Brandão. Morreu em São Paulo, aos 75 anos, sem nunca deixar de frequentar as dependências do Palestra Italia.

Saiba mais:
>Especial: A Arrancada Heroica

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