No emblemático ano de 1920 e justamente na semana de fundação do clube, nascia na capital paulista um dos mais importantes e talentosos jogadores do Palmeiras em todos os tempos. Eduardo Jorge Lima veio ao mundo em 22 de agosto de 1920, quatro meses depois de o Palestra Italia assinar a escritura de compra do Parque Antarctica e quatro meses antes de a equipe comemorar a conquista do seu primeiro título estadual.
O Garoto de Ouro, como o meio-campista era conhecido, defendeu a camisa alviverde por 16 temporadas, menos apenas que Marcos, com 20, e Waldemar Fiume, com 17 – os três, aliás, só jogaram pelo Palmeiras durante toda a carreira profissional. Entre 1938 e 1954, foram 467 partidas (267 vitórias, 103 empates e 97 derrotas), 149 gols e muitos títulos, entre eles cinco Campeonatos Paulistas (1940, 1942, 1944, 1947 e 1950), um Torneio Rio-São Paulo (1951) e o maior de todos, o Mundial Interclubes de 1951.
Ao término da carreira, ele era o atleta com mais partidas pelo Verdão. Atualmente, está em 14º neste ranking de jogos (quinto entre os meio-campistas) e é também o quarto que mais fez gols no geral (atrás somente de Heitor, Cesar Maluco e Ademir da Guia) e o quarto que mais fez gols em Campeonato Paulista (atrás só de Heitor, Humberto Tozzi e Rodrigues Tatu).
Lima era um jogador versátil. Desempenhava muito bem a função de atacante e ponta, tanto na direita quando na esquerda, e chegou a atuar até como médio defensivo, mas foi como armador que ele brilhou. E era fácil identificá-lo em campo. Uma de suas marcas era o gorro que usava para disfarçar uma calvície precoce.
O futebol sempre esteve presente em sua família. Seu pai, Jorge José de Lima, jogou no tradicional Internacional-SP quando o esporte ainda dava os primeiros passos em São Paulo, enquanto que os irmãos João, Antônio, Oswaldo e Mário vestiram as camisas de alguns outros times da cidade. Ironicamente, antes de chegar ao Palestra Italia, Lima atuou na equipe juvenil do Corinthians, mas foi logo descoberto por olheiros do clube em que viria a se consagrar.
O craque jogou pouco tempo pelo segundo quadro do Palestra Italia até estrear no time principal aos 18 anos de idade. O debute do meio-campista aconteceu no dia 27 de outubro de 1938, em um amistoso diante do São Paulo. Os gols de Luizinho e Carlos garantiram a vitória do Verdão na primeira partida de Lima como jogador profissional, e o rival, derrotado por 2 a 1, deixava no Parque Antarctica uma sequência invicta de seis jogos.
Em 1940, o Garoto de Ouro assumiu efetivamente a posição de titular (ele já vinha sendo testado pelo treinador italiano Caetano de Domenico, mas ainda esperava para ocupar de vez o meio de campo alviverde). O Palestra, então, fez excelente campanha no Paulistão de 1940: 16 vitórias, quatro empates e apenas duas derrotas. Após a goleada por 4 a 1 sobre o São Paulo na 20ª rodada, o Verdão se sagrou campeão antecipado, e Lima, pela primeira vez, levantou um troféu.
Dois anos depois, em 20 de setembro de 1942, o meio-campista foi um dos 11 heróis da resistência que entraram imponentes no gramado do Pacaembu para enfrentar o mesmo São Paulo no primeiro jogo do Palmeiras depois de ser obrigado a mudar de nome. À época, Lima já era um dos líderes do elenco e presenciou de perto a perseguição política da qual o Palestra foi vítima, inclusive do próprio adversário. Cidadão sem ascendência italiana, ele ajudou a carregar a bandeira brasileira para dentro de campo naquele dia, provando que o Palmeiras era um clube de todos, e sagrou-se campeão mais uma vez de forma antecipada após vitória 3 a 1 e abandono do adversário.
Durante toda a década de 40, o cenário futebolístico na capital paulista praticamente se restringiu a Palmeiras e São Paulo – enquanto o Verdão levou a melhor em 1940, 1942, 1944, 1947 e 1950, o Tricolor ficou com a taça em 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949. E assim como os dois primeiros títulos de Lima, o terceiro, em 1944, veio com triunfo sobre o hoje rival do Morumbi. O estadual ficou marcado pela manobra nos bastidores que tirou o centromédio Dacunto da partida decisiva contra o São Paulo, pela antepenúltima rodada do campeonato, por ele ter sido expulso no jogo anterior (na época, porém, não havia suspensão automática). Mesmo assim, o time do Parque Antarctica venceu a partida por 3 a 1 e levou mais um caneco.
Em 1947, novamente com Lima titular, o título também veio antecipado, na penúltima rodada, com uma vitória por 2 a 1 sobre o Santos na Vila Belmiro. Dois anos depois, o Garoto de Ouro acompanhou o Palmeiras em sua primeira excursão à Europa, quando o Verdão foi convidado pelo Barcelona para participar das festividades do 50º aniversário da fundação do clube catalão. Na estreia alviverde em outro continente, empate em 2 a 2 com os donos da casa, com um gol anotado por Lima.
Confira imagens de Barcelona-ESP 2 x 2 Palmeiras, de 27 de novembro de 1949, no Camp de les Corts, casa do clube catalão entre 1922 e 1966. Lima, único palmeirense jogando de gorrinho, atuou na ponta-esquerda com a camisa 11 e fez o segundo gol da partida (Canhotinho fez o primeiro). Naquele dia, o Verdão foi a campo com Lourenço; Turcão e Sarno; Mexicano, Túlio e Waldemar Fiume; Harry, Canhotinho, Bóvio, Jair Rosa Pinto e Lima:
Entre 1950 e 1951, o Palmeiras conquistou as “Cinco Coroas” (como ficaram conhecidas as cinco taças seguidas que o clube levou para casa), todas com Lima titular. O Paulista de 1950 veio com um empate em 1 a 1 com o São Paulo no famoso “Jogo da Lama”, devido ao péssimo estado do gramado. Teve, ainda, as Taças Cidade de São Paulo de 1950 e 1951, o Rio-São Paulo de 1951 (ganho após vitória por 3 a 1 sobre o Corinthians em um jogo-desempate) e o Torneio Internacional de Clubes Campeões de 1951, a Copa Rio, primeira competição intercontinental da história do futebol mundial.
Lima estava entre os palmeirenses que, com a bandeira do Brasil bordada acima do escudo do clube, superaram a Juventus-ITA nas finais disputadas no Maracanã (1 x 0 e 2 x 2) e deram ao país seu primeiro título mundial, amenizando a dor pela derrota da Seleção Brasileira na decisão da Copa do Mundo de 1950 naquele mesmo estádio carioca e recuperando a honra e o orgulho do futebol nacional.
Ao final da carreira, em 1954, além de ter vivido a Arrancada Heroica de 1942 e o Mundial de Clubes de 1951, entre outras façanhas, o Garoto de Ouro do Palestra Italia registrou três hat-tricks (inclusive em uma goleada por 4 a 1 sobre o Corinthians, em 1946) e por três vezes marcou quatro gols no mesmo jogo. Pela Seleção Paulista, Lima faturou três títulos brasileiros (principal competição do país antes do surgimento da Taça Brasil de clubes em 1959) e foi um dos jogadores que mais vezes atuou com a camisa da FPF. Pela Seleção Brasileira, que à época era praticamente restrita a jogadores que atuavam nos clubes cariocas, atuou em dez partidas entre 1944 e 1947 e marcou dois gols.
Saiba mais:
>Especial: Mundial Interclubes 1951
>Especial Derby: Fatos e curiosidades
>Especial Derby: TOP 10
Posição: Meia
Número de temporadas: 16
Clube anterior: Nenhum
Jogos:
467 (267 vitórias, 103 empates e 97 derrotas)
Estreia: Palestra Italia 2x1 São Paulo (27/10/1938)
Último jogo: Palmeiras 4x0 Nacional-PR (01/08/1954)
Gols: 149
Primeiro gol: Palestra Italia 2x2 Portuguesa Santista (12/11/1938)
Último gol: Palmeiras 7x2 Linense (30/01/1954)
Principais títulos:
Campeonato Paulista em 1940, 1942, 1944, 1947 e 1950; Torneio Rio-São Paulo de 1951; Mundial Interclubes em 1951; Taça Cidade de São Paulo em 1945, 1946 e 1951; Torneio Início do Campeonato Paulista em 1942
No emblemático ano de 1920 e justamente na semana de fundação do clube, nascia na capital paulista um dos mais importantes e talentosos jogadores do Palmeiras em todos os tempos. Eduardo Jorge Lima veio ao mundo em 22 de agosto de 1920, quatro meses depois de o Palestra Italia assinar a escritura de compra do Parque Antarctica e quatro meses antes de a equipe comemorar a conquista do seu primeiro título estadual.
O Garoto de Ouro, como o meio-campista era conhecido, defendeu a camisa alviverde por 16 temporadas, menos apenas que Marcos, com 20, e Waldemar Fiume, com 17 – os três, aliás, só jogaram pelo Palmeiras durante toda a carreira profissional. Entre 1938 e 1954, foram 467 partidas (267 vitórias, 103 empates e 97 derrotas), 149 gols e muitos títulos, entre eles cinco Campeonatos Paulistas (1940, 1942, 1944, 1947 e 1950), um Torneio Rio-São Paulo (1951) e o maior de todos, o Mundial Interclubes de 1951.
Ao término da carreira, ele era o atleta com mais partidas pelo Verdão. Atualmente, está em 14º neste ranking de jogos (quinto entre os meio-campistas) e é também o quarto que mais fez gols no geral (atrás somente de Heitor, Cesar Maluco e Ademir da Guia) e o quarto que mais fez gols em Campeonato Paulista (atrás só de Heitor, Humberto Tozzi e Rodrigues Tatu).
Lima era um jogador versátil. Desempenhava muito bem a função de atacante e ponta, tanto na direita quando na esquerda, e chegou a atuar até como médio defensivo, mas foi como armador que ele brilhou. E era fácil identificá-lo em campo. Uma de suas marcas era o gorro que usava para disfarçar uma calvície precoce.
O futebol sempre esteve presente em sua família. Seu pai, Jorge José de Lima, jogou no tradicional Internacional-SP quando o esporte ainda dava os primeiros passos em São Paulo, enquanto que os irmãos João, Antônio, Oswaldo e Mário vestiram as camisas de alguns outros times da cidade. Ironicamente, antes de chegar ao Palestra Italia, Lima atuou na equipe juvenil do Corinthians, mas foi logo descoberto por olheiros do clube em que viria a se consagrar.
O craque jogou pouco tempo pelo segundo quadro do Palestra Italia até estrear no time principal aos 18 anos de idade. O debute do meio-campista aconteceu no dia 27 de outubro de 1938, em um amistoso diante do São Paulo. Os gols de Luizinho e Carlos garantiram a vitória do Verdão na primeira partida de Lima como jogador profissional, e o rival, derrotado por 2 a 1, deixava no Parque Antarctica uma sequência invicta de seis jogos.
Em 1940, o Garoto de Ouro assumiu efetivamente a posição de titular (ele já vinha sendo testado pelo treinador italiano Caetano de Domenico, mas ainda esperava para ocupar de vez o meio de campo alviverde). O Palestra, então, fez excelente campanha no Paulistão de 1940: 16 vitórias, quatro empates e apenas duas derrotas. Após a goleada por 4 a 1 sobre o São Paulo na 20ª rodada, o Verdão se sagrou campeão antecipado, e Lima, pela primeira vez, levantou um troféu.
Dois anos depois, em 20 de setembro de 1942, o meio-campista foi um dos 11 heróis da resistência que entraram imponentes no gramado do Pacaembu para enfrentar o mesmo São Paulo no primeiro jogo do Palmeiras depois de ser obrigado a mudar de nome. À época, Lima já era um dos líderes do elenco e presenciou de perto a perseguição política da qual o Palestra foi vítima, inclusive do próprio adversário. Cidadão sem ascendência italiana, ele ajudou a carregar a bandeira brasileira para dentro de campo naquele dia, provando que o Palmeiras era um clube de todos, e sagrou-se campeão mais uma vez de forma antecipada após vitória 3 a 1 e abandono do adversário.
Durante toda a década de 40, o cenário futebolístico na capital paulista praticamente se restringiu a Palmeiras e São Paulo – enquanto o Verdão levou a melhor em 1940, 1942, 1944, 1947 e 1950, o Tricolor ficou com a taça em 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949. E assim como os dois primeiros títulos de Lima, o terceiro, em 1944, veio com triunfo sobre o hoje rival do Morumbi. O estadual ficou marcado pela manobra nos bastidores que tirou o centromédio Dacunto da partida decisiva contra o São Paulo, pela antepenúltima rodada do campeonato, por ele ter sido expulso no jogo anterior (na época, porém, não havia suspensão automática). Mesmo assim, o time do Parque Antarctica venceu a partida por 3 a 1 e levou mais um caneco.
Em 1947, novamente com Lima titular, o título também veio antecipado, na penúltima rodada, com uma vitória por 2 a 1 sobre o Santos na Vila Belmiro. Dois anos depois, o Garoto de Ouro acompanhou o Palmeiras em sua primeira excursão à Europa, quando o Verdão foi convidado pelo Barcelona para participar das festividades do 50º aniversário da fundação do clube catalão. Na estreia alviverde em outro continente, empate em 2 a 2 com os donos da casa, com um gol anotado por Lima.
Confira imagens de Barcelona-ESP 2 x 2 Palmeiras, de 27 de novembro de 1949, no Camp de les Corts, casa do clube catalão entre 1922 e 1966. Lima, único palmeirense jogando de gorrinho, atuou na ponta-esquerda com a camisa 11 e fez o segundo gol da partida (Canhotinho fez o primeiro). Naquele dia, o Verdão foi a campo com Lourenço; Turcão e Sarno; Mexicano, Túlio e Waldemar Fiume; Harry, Canhotinho, Bóvio, Jair Rosa Pinto e Lima:
Entre 1950 e 1951, o Palmeiras conquistou as “Cinco Coroas” (como ficaram conhecidas as cinco taças seguidas que o clube levou para casa), todas com Lima titular. O Paulista de 1950 veio com um empate em 1 a 1 com o São Paulo no famoso “Jogo da Lama”, devido ao péssimo estado do gramado. Teve, ainda, as Taças Cidade de São Paulo de 1950 e 1951, o Rio-São Paulo de 1951 (ganho após vitória por 3 a 1 sobre o Corinthians em um jogo-desempate) e o Torneio Internacional de Clubes Campeões de 1951, a Copa Rio, primeira competição intercontinental da história do futebol mundial.
Lima estava entre os palmeirenses que, com a bandeira do Brasil bordada acima do escudo do clube, superaram a Juventus-ITA nas finais disputadas no Maracanã (1 x 0 e 2 x 2) e deram ao país seu primeiro título mundial, amenizando a dor pela derrota da Seleção Brasileira na decisão da Copa do Mundo de 1950 naquele mesmo estádio carioca e recuperando a honra e o orgulho do futebol nacional.
Ao final da carreira, em 1954, além de ter vivido a Arrancada Heroica de 1942 e o Mundial de Clubes de 1951, entre outras façanhas, o Garoto de Ouro do Palestra Italia registrou três hat-tricks (inclusive em uma goleada por 4 a 1 sobre o Corinthians, em 1946) e por três vezes marcou quatro gols no mesmo jogo. Pela Seleção Paulista, Lima faturou três títulos brasileiros (principal competição do país antes do surgimento da Taça Brasil de clubes em 1959) e foi um dos jogadores que mais vezes atuou com a camisa da FPF. Pela Seleção Brasileira, que à época era praticamente restrita a jogadores que atuavam nos clubes cariocas, atuou em dez partidas entre 1944 e 1947 e marcou dois gols.
Saiba mais:
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>Especial Derby: Fatos e curiosidades
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