Marcos veio do interior sem alarde para jogar no Sub-20 e ficou anos na reserva do time profissional antes de, como um supersônico em ascensão, conduzir o Palmeiras ao inédito título da Libertadores de 1999 e representar o Verdão na conquista da Copa do Mundo de 2002. Mais do que isso: em tempos em que atuar na Europa virou quase uma obsessão dos jogadores brasileiros, os 20 anos de dedicação exclusiva ao clube de coração fez dele o grande ídolo de uma geração, canonizado e reverenciado em procissão ao pendurar as luvas. Tornou-se o “São Marcos de Palestra Italia”.

Natural de Oriente-SP, Marcos Roberto Silveira Reis nasceu no dia 04 de agosto de 1973 e chegou ao Palmeiras em 1992, trocado por alguns pares de chuteiras e luvas. Com poucos meses de casa, faturou o título paulista sub-20 e logo estreou pelo time principal, em 16 de maio de 1992, com apenas 18 anos, em amistoso contra a Esportiva de Guaratinguetá vencido por 4 a 0 fora de casa. Depois dessa participação, Marcos só foi defender a equipe profissional novamente no dia 30 de março de 1996, também fora de casa, na vitória por 4 a 0 sobre o XV de Jaú, pelo Campeonato Paulista – na ocasião, o já segundo goleiro do elenco substituiu Velloso nos minutos finais da partida.

Para ele, porém, a sua verdadeira estreia pelo Palmeiras foi em 19 de maio de 1996, também pelo Campeonato Paulista, diante do Botafogo de Ribeirão Preto. A partida foi disputada no Palestra Itália e Marcos defendeu um pênalti logo em sua estreia como titular, garantindo mais uma vitória por 4 a 0. Naquele mesmo ano, o goleiro teve sua primeira sequência de jogos após uma contusão do titular, amigo e ídolo Velloso e foi até convocado para a Seleção Brasileira.

>Confira o histórico de Marcos em cobranças de pênaltis

A titularidade absoluta veio em 1999. Após nova contusão de Velloso, Marcos assumiu a posição durante a disputa da Copa Libertadores, pegou pênaltis, operou diversos milagres e não saiu mais do time. Foi o principal jogador do Verdão na inédita conquista sul-americana, inclusive sendo o primeiro goleiro na história eleito como o melhor da competição.

No ano seguinte, apesar de chegar novamente à final (mais uma vez graças às brilhantes atuações do camisa 12), o bicampeonato da Libertadores não veio. Mas a defesa na cobrança de pênalti do corintiano Marcelinho Carioca na semifinal daquele campeonato está eternizada na memória e no coração de todos os palestrinos.

O casamento definitivo entre Marcos e Palmeiras aconteceu no final de 2002. Já campeão mundial com a seleção brasileira, ele não conseguiu evitar a queda do Palmeiras para a Série B do Brasileiro no segundo semestre. Mesmo assim, demonstrando um comprometimento fora do comum no futebol moderno, decidiu rejeitar uma oferta do Arsenal, da Inglaterra, e disputou a Segunda Divisão em 2003, reconduzindo o clube à elite.

No total, São Marcos entrou em campo 533 vezes pelo Palmeiras. Poderia ter atuado muito mais se não fossem as inúmeras contusões que o vitimaram, sobretudo no pulso direito. A temporada em que mais atuou foi 2008, com 60 partidas, justamente o ano em que conquistou seu último título na carreira. Pela seleção brasileira, foram 29 partidas e três títulos: Copa do Mundo de 2002, Copa das Confederações de 2005 e Copa América de 1999.

O camisa 12 virou livro (“Nuca Fui Santo”, de 2012), filme (“Santo Marcos”, de 2013) e, em 12/12/2015, ganhou um busto de bronze nos jardins do Parque Antarctica em sua homenagem. A eficiência dentro de campo e o jeito humilde e descontraído fora dele fizeram de Marcos um ídolo nacional, respeitado por torcedores e jogadores de todos os clubes e épocas. Tanto que, em sua despedida dos gramados, reuniu astros de primeira grandeza para uma disputa entre o Palmeiras de 1999 e a Seleção Brasileira de 2002.

Naquela madrugada, quando o relógio à meia-noite apontava a chegada do dia 12/12/2012, aos 25 minutos da segunda etapa, os refletores do Pacaembu se apagaram. Marcos, iluminado, com as atenções todas voltadas para ele, pegou o microfone e, emocionando a todos, deu seu adeus aos gramados:

“Queria fazer alguns agradecimentos especiais. Primeiro a Deus, pela carreira que me deu. Ao meu pai, que me ensinou a amar o futebol, e à minha mãe, que me ensinou a amar o Palmeiras. Aos meus irmãos, que foram meus primeiros treinadores, chutando bola em mim no terreirão ao lado de casa. Gostaria de agradecer à minha mulher, que sempre esteve comigo, nos momentos bons e principalmente nos ruins. Aos meus filhos, Lucca, Anna Julia e Marcos Vinicius. Tem muito momento na vida que a gente pensa em desistir, mas lembra dos filhos e resolve seguir em frente. Agradecer aos jogadores, que desmarcaram coisas importantes para estarem aqui. Agradecer a todos os meus treinadores, principalmente o Felipão, que está aqui hoje. Agradecer aos meus ídolos, Velloso e Sérgio, que me ensinaram muito. Agradecer também aos patrocinadores e organizadores da festa. Gostaria também de agradecer a todos os torcedores do Palmeiras. Eu queria falar algo especial para a torcida: quando saí de casa, meu sonho era ter sucesso, claro, mas o mais importante era conquistar o torcedor do meu time de criança, que é o Palmeiras. Eu queria que vocês tivessem orgulho de mim, porque eu estava em campo defendendo vocês. Saio de campo realizado e com sensação de dever cumprido. Para mim, foi uma honra vestir a camisa da seleção brasileira e, principalmente, da Sociedade Esportiva Palmeiras. Peço que vocês nunca se esqueçam de mim, porque eu nunca vou me esquecer de vocês. Muito obrigado”

Saiba mais:
>Especial: Paulista 1993
>Especial: Libertadores 1999
>Especial Derby: Fatos e curiosidades

Marcos Roberto Silveira Reis 4 de agosto de 1973
Oriente-SP

Posição: Goleiro

Número de temporadas: 20

Clube anterior: Nenhum

Jogos:

533 (257 vitórias, 146 empates e 130 derrotas)

Estreia: Palmeiras 4x0 Esportiva Guaratinguetá (16/05/1992)

Último jogo: Palmeiras 1x1 Avaí (18/09/2011)

Principais títulos:

Campeonato Brasileiro em 1993 e 1994; Campeonato Paulista em 1993, 1994, 1996 e 2008; Copa do Brasil em 1998; Copa Mercosul em 1998; Copa Libertadores da América em 1999; Torneio Rio-São Paulo em 2000; Copa dos Campeões em 2000; Campeonato Brasileiro Série B em 2003

Marcos veio do interior sem alarde para jogar no Sub-20 e ficou anos na reserva do time profissional antes de, como um supersônico em ascensão, conduzir o Palmeiras ao inédito título da Libertadores de 1999 e representar o Verdão na conquista da Copa do Mundo de 2002. Mais do que isso: em tempos em que atuar na Europa virou quase uma obsessão dos jogadores brasileiros, os 20 anos de dedicação exclusiva ao clube de coração fez dele o grande ídolo de uma geração, canonizado e reverenciado em procissão ao pendurar as luvas. Tornou-se o “São Marcos de Palestra Italia”.

Natural de Oriente-SP, Marcos Roberto Silveira Reis nasceu no dia 04 de agosto de 1973 e chegou ao Palmeiras em 1992, trocado por alguns pares de chuteiras e luvas. Com poucos meses de casa, faturou o título paulista sub-20 e logo estreou pelo time principal, em 16 de maio de 1992, com apenas 18 anos, em amistoso contra a Esportiva de Guaratinguetá vencido por 4 a 0 fora de casa. Depois dessa participação, Marcos só foi defender a equipe profissional novamente no dia 30 de março de 1996, também fora de casa, na vitória por 4 a 0 sobre o XV de Jaú, pelo Campeonato Paulista – na ocasião, o já segundo goleiro do elenco substituiu Velloso nos minutos finais da partida.

Para ele, porém, a sua verdadeira estreia pelo Palmeiras foi em 19 de maio de 1996, também pelo Campeonato Paulista, diante do Botafogo de Ribeirão Preto. A partida foi disputada no Palestra Itália e Marcos defendeu um pênalti logo em sua estreia como titular, garantindo mais uma vitória por 4 a 0. Naquele mesmo ano, o goleiro teve sua primeira sequência de jogos após uma contusão do titular, amigo e ídolo Velloso e foi até convocado para a Seleção Brasileira.

>Confira o histórico de Marcos em cobranças de pênaltis

A titularidade absoluta veio em 1999. Após nova contusão de Velloso, Marcos assumiu a posição durante a disputa da Copa Libertadores, pegou pênaltis, operou diversos milagres e não saiu mais do time. Foi o principal jogador do Verdão na inédita conquista sul-americana, inclusive sendo o primeiro goleiro na história eleito como o melhor da competição.

No ano seguinte, apesar de chegar novamente à final (mais uma vez graças às brilhantes atuações do camisa 12), o bicampeonato da Libertadores não veio. Mas a defesa na cobrança de pênalti do corintiano Marcelinho Carioca na semifinal daquele campeonato está eternizada na memória e no coração de todos os palestrinos.

O casamento definitivo entre Marcos e Palmeiras aconteceu no final de 2002. Já campeão mundial com a seleção brasileira, ele não conseguiu evitar a queda do Palmeiras para a Série B do Brasileiro no segundo semestre. Mesmo assim, demonstrando um comprometimento fora do comum no futebol moderno, decidiu rejeitar uma oferta do Arsenal, da Inglaterra, e disputou a Segunda Divisão em 2003, reconduzindo o clube à elite.

No total, São Marcos entrou em campo 533 vezes pelo Palmeiras. Poderia ter atuado muito mais se não fossem as inúmeras contusões que o vitimaram, sobretudo no pulso direito. A temporada em que mais atuou foi 2008, com 60 partidas, justamente o ano em que conquistou seu último título na carreira. Pela seleção brasileira, foram 29 partidas e três títulos: Copa do Mundo de 2002, Copa das Confederações de 2005 e Copa América de 1999.

O camisa 12 virou livro (“Nuca Fui Santo”, de 2012), filme (“Santo Marcos”, de 2013) e, em 12/12/2015, ganhou um busto de bronze nos jardins do Parque Antarctica em sua homenagem. A eficiência dentro de campo e o jeito humilde e descontraído fora dele fizeram de Marcos um ídolo nacional, respeitado por torcedores e jogadores de todos os clubes e épocas. Tanto que, em sua despedida dos gramados, reuniu astros de primeira grandeza para uma disputa entre o Palmeiras de 1999 e a Seleção Brasileira de 2002.

Naquela madrugada, quando o relógio à meia-noite apontava a chegada do dia 12/12/2012, aos 25 minutos da segunda etapa, os refletores do Pacaembu se apagaram. Marcos, iluminado, com as atenções todas voltadas para ele, pegou o microfone e, emocionando a todos, deu seu adeus aos gramados:

“Queria fazer alguns agradecimentos especiais. Primeiro a Deus, pela carreira que me deu. Ao meu pai, que me ensinou a amar o futebol, e à minha mãe, que me ensinou a amar o Palmeiras. Aos meus irmãos, que foram meus primeiros treinadores, chutando bola em mim no terreirão ao lado de casa. Gostaria de agradecer à minha mulher, que sempre esteve comigo, nos momentos bons e principalmente nos ruins. Aos meus filhos, Lucca, Anna Julia e Marcos Vinicius. Tem muito momento na vida que a gente pensa em desistir, mas lembra dos filhos e resolve seguir em frente. Agradecer aos jogadores, que desmarcaram coisas importantes para estarem aqui. Agradecer a todos os meus treinadores, principalmente o Felipão, que está aqui hoje. Agradecer aos meus ídolos, Velloso e Sérgio, que me ensinaram muito. Agradecer também aos patrocinadores e organizadores da festa. Gostaria também de agradecer a todos os torcedores do Palmeiras. Eu queria falar algo especial para a torcida: quando saí de casa, meu sonho era ter sucesso, claro, mas o mais importante era conquistar o torcedor do meu time de criança, que é o Palmeiras. Eu queria que vocês tivessem orgulho de mim, porque eu estava em campo defendendo vocês. Saio de campo realizado e com sensação de dever cumprido. Para mim, foi uma honra vestir a camisa da seleção brasileira e, principalmente, da Sociedade Esportiva Palmeiras. Peço que vocês nunca se esqueçam de mim, porque eu nunca vou me esquecer de vocês. Muito obrigado”

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>Especial: Libertadores 1999
>Especial Derby: Fatos e curiosidades

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