Criatura e criador: Kleina e Abel duelam em momentos distintos

Agência Palmeiras
Fábio Finelli

Criatura e criador voltarão a se encontrar na partida deste domingo (11), em Presidente Prudente: amigos há mais de uma década, o palmeirense Gilson Kleina e o tricolor Abel Braga se enfrentam em momentos distintos. O Verdão ainda luta com todas as forças para evitar o rebaixamento, enquanto o Fluminense está perto de comemorar o título Brasileiro.

Kleina iniciou a carreira de técnico graças a Abel Braga. A amizade começou em 1999, quando Abel era técnico do Coritiba. "Eu não conhecia o Abel e estava como preparador físico. O Abel chegou em um momento complicado do clube, dez anos sem ganhar títulos, e aquela conquista estadual representou muita coisa. A partir dali, começou uma relação totalmente profissional, mas que depois virou uma amizade muito forte até entre as nossas famílias", contou Kleina.

Depois que deixou o Coritiba, Abel seguiu para o Olympique de Marselha, da França, Atlético-MG e Botafogo. E levou Kleina para ser seu preparador físico e depois auxiliar. "Lembro até hoje do Abel me ligando. Ele já estava na França. A partir dali, dei um salto muito grande na minha carreira, principalmente de aprendizado. O nosso período no Olympique foi marcante", disse o comandante palmeirense.

Kleina deu 'fim' à parceira com Abel no Botafogo, quando livrou o time do rebaixamento no Brasileirão, em 2001, e iniciou a carreira de técnico em 2002, no Villa Nova-MG.

"Tudo o que eu aprendi no meu início de carreira devo ao Abel. É claro que cada um seguiu seu caminho, cada um tem sua personalidade, mas alguns ensinamentos ficaram. Absorvi muita coisa ao lado dele. Além de um profissional de caráter exemplar, o Abel venceu na carreira pela transparência e honestidade. Ele fala com o coração. Não tem falsas interpretações e ele não manda recado. Pode doer no começo, mas no outro dia ele já vem de cara limpa, pois fala a verdade, nunca pelas costas. Isso eu aprendi com ele", apontou Kleina que, no domingo, pretende dar um forte abraço em Abel.

"A única coisa que eu posso fazer é dar um forte abraço, pois dentro de campo, somos adversários. O destino é mesmo ingrato, pois vivemos sentimentos opostos. Vamos enfrentar um time que só teve três derrotas em um campeonato de oito meses. Mas não vamos nos acovardar e queremos sair de Presidente Prudente com ainda mais esperança de livrar o Palmeiras desta situação."

Em entrevista coletiva, Abel Braga também falou da amizade com Kleina e revelou que ligou para o treinador palmeirense nesta semana. "O Kleina é um grande amigo que eu tenho no futebol. Só não continuamos juntos depois de 2001 porque segui para um clube que não poderia levar o preparador físico. Ele seguiu o caminho dele e está fazendo um trabalho muito bom", comentou Abel. "Conversamos (quarta-feira) por telefone. Falamos como é o destino, da chance de a gente disputar o título e do Palmeiras lutar contra o rebaixamento. Mas torço para ele continuar no Palmeiras independentemente do que acontecer", concluiu Abel, que é 16 anos mais velho que Kleina.