Thiago Kimori
Departamento de Comunicação

Fabio Menotti/Ag Palmeiras/Divulgação_Palmeiras adere campanha para ajudar a encontrar crianças desaparecidas

“Desaparecimento é pior do que a morte”. É desse jeito que Ivanise Esperidião da Silva Santos, presidente da Associação Brasileira de Busca e Defesa à Criança Desaparecida (ABCD) e uma das fundadoras do Movimento Mães da Sé, resume um sério problema que aflige milhares de famílias espalhadas pelo Brasil. Todos os dias, dezenas de casos de desaparecimento de pessoas são reportados em delegacias do território nacional, desde crianças até idosos.

Para ampliar a visibilidade da instituição Mães da Sé e auxiliar a entidade na procura incansável por desaparecidos, o Palmeiras realizou uma ação especial antes do início do jogo contra o Bahia, nesta quinta-feira (12), no estádio do Pacaembu, em confronto válido pelo Campeonato Brasileiro, justamente na mesma data em que se celebra o Dia das Crianças.

Na entrada em campo, os jogadores do Verdão ingressaram ao gramado acompanhados de crianças para a execução do Hino Nacional, assim como ocorre normalmente nos jogos do clube como mandante. O que chamou a atenção foram os cartazes com fotos de crianças desaparecidas, carregados pelos próprios atletas palestrinos. Fruto de uma parceria entre o Palmeiras, a agência Peppery e o Movimento Mães da Sé, a iniciativa visa agilizar a resolução desses casos que atormentam o cotidiano dos familiares envolvidos.

“Enquanto comemoramos e nos divertimos com nossos filhos neste feriado tão especial, milhares de famílias estão sofrendo com o desaparecimento de seus entes queridos. A Sociedade Esportiva Palmeiras aproveita este 12 de outubro, Dia de Nossa Senhora de Aparecida e Dia das Crianças, para apoiar o Movimento Mães da Sé e chamar a atenção da sociedade brasileira para este problema devastador”, declarou Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras.

Toda essa ação foi acompanhada de publicações em tempo real nas redes sociais do clube, que alertaram sobre o assunto e divulgaram dados significativos registrados anualmente em São Paulo e no Brasil. Na divulgação da escalação do time, por exemplo, três jogadores estavam ausentes da lista justamente para fazer alusão ao impacto do desaparecimento. O fato causou dúvidas na torcida, mas o motivo foi revelado minutos depois.

“Criamos uma ação que pudesse ser eficiente e urgente o bastante para atrair as atenções das pessoas dentro e fora do estádio, e que fizesse a diferença nas vidas das famílias e crianças envolvidas”, explicou Bruno Bernardo, sócio-diretor da Peppery.

Movimento Mães da Sé

O Movimento Mães da Sé surgiu em 1996 com uma única missão: auxiliar famílias na busca incansável por pessoas desaparecidas, mas com um foco especial em crianças e adolescentes. Com encontros quinzenais nas escadarias da Catedral da Sé, em São Paulo, a iniciativa nasceu em decorrência dos desaparecimentos dos filhos de Ivanise Esperidião da Silva e Vera Lúcia Gonçalves, que sentiram na pele a dor de sofrer com o assunto e viram uma oportunidade de unir forças com outras mães que passavam pelo mesmo problema.

Ivanise e Vera Lúcia fundaram juntas o Mães da Sé, porém apenas a primeira segue até hoje na entidade – elas também criaram a Associação Brasileira de Busca e Defesa à Criança Desaparecida (ABCD), que se tornou fundamental para a evolução do projeto. Ivanise viu a filha pela última vez no fim de 1995, quando a adolescente tinha 13 anos de idade. Um simples percurso com 120 metros de distância se tornou um drama que a atormenta há 22 anos.

“O desaparecimento é pior do que a morte. Quando uma pessoa querida morre, você sabe que aquele ciclo chegou ao fim. Você vê a pessoa pela última vez e sabe qual foi o fim da história. Quando a pessoa desaparece, é um drama sem fim. Você não sabe se ela está viva, não sabe como ela está vivendo, não sabe se ela está passando necessidades… Você não sabe de nada. Você vive com uma angústia sem fim, e talvez fique assim até o fim de sua vida”, explica Ivanise, sempre mostrando muita emoção quando cita o caso da própria filha.

A presidente da ABCD conta também que este assunto é pouco falado no Brasil. “Atualmente, se você procurar quantos carros são roubados por mês em São Paulo, você acha facilmente. Agora, se for procurar quantas pessoas desaparecem por mês em São Paulo, você não acha. Este problema não tem a atenção que precisa ter”, emenda.

A ABCD tem como principal objetivo oferecer aos familiares um atendimento diferenciado para cada caso relatado, dando orientações quanto aos procedimentos legais, encaminhando aos órgãos competentes e acompanhando todo o processo.

Desaparecimentos no Brasil e em São Paulo

Não há um número exato sobre desaparecimentos no Brasil. Porém, de acordo com uma estimativa levantada pela ABCD, cerca de 200 mil pessoas desparecem por ano no território nacional, sendo 40 mil crianças/adolescentes – geralmente 15% dessas crianças/adolescentes não retornam para as suas famílias. Já no estado de São Paulo, onde acontece o Movimento Mães da Sé, o número fica na casa dos 20 mil, com 43% de crianças/adolescentes.

Desde 1996, a ABCD já cadastrou mais de 10 mil pessoas desaparecidas, colaborando para a resolução de 4.533 casos. A entidade ajuda os envolvidos com a distribuição de cartazes com fotos dos desaparecidos, campanha publicitárias em conjunto com agências do ramo, troca de informações com a polícia e utilização das redes sociais.

Quer saber como colaborar ou fazer parte do trabalho do Movimento Mães da Sé? Acesse o site www.maesdase.org.br e conheça tudo sobre a organização.

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