Thiago Kimori
Departamento de Comunicação

O próximo compromisso do Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro começará de uma forma especial. Antes de enfrentar o Grêmio no domingo (14), às 16h, no estádio do Pacaembu, os jogadores do Verdão não entrarão em campo de mãos dadas com crianças, mas sim com 11 mães para alertar sobre um problema recorrente no Brasil: o desaparecimento de jovens e adolescentes – as participantes da ação carregarão cartazes de seus filhos e filhas que estão sendo procurados.

Desenvolvida em parceria com a agência de propaganda Peppery e com a ONG Mães da Sé, que auxilia as famílias nesta busca incansável, a iniciativa aproveita o Dia das Crianças, comemorado em 12 de outubro, para chamar a atenção para uma causa que aflige milhares de pessoas diariamente. Estima-se que, anualmente, 40 mil crianças e adolescentes desaparecem de seus lares.

Além da ação realizada na partida contra o Grêmio, o Verdão também fará posts especiais sobre o tema em suas redes sociais. No Instagram, aplicativo de compartilhamento de fotos, haverá um mosaico com imagens de pais, crianças desaparecidas e o logo da ação, além da descrição detalhada de toda a iniciativa feita nos Stories pela influenciadora digital palestrina Luana Maluf. O feed do Instagram do clube estará disponível no domingo para que as mães encontrem os seus filhos. As hashtags utilizadas pelo Alviverde serão #MascotesAusentes e #FamíliaPalmeiras.

Quem tiver sinal ou suspeita do paradeiro de alguma das crianças deve entrar em contato com a ONG pelo site www.maesdase.org.br ou pelo telefone (11) 3337-3331. Outra opção é diretamente com a Polícia Civil de SP, na 4ª Delegacia de Investigação sobre Pessoas Desaparecidas – (11) 3311-3547.

Movimento Mães da Sé

O Movimento Mães da Sé surgiu em 1996 com uma única missão: auxiliar famílias na busca incansável por pessoas desaparecidas, mas com um foco especial em crianças e adolescentes. Com encontros quinzenais nas escadarias da Catedral da Sé, em São Paulo, a iniciativa nasceu em decorrência dos desaparecimentos dos filhos de Ivanise Esperidião da Silva e Vera Lúcia Gonçalves, que sentiram na pele a dor de sofrer com o assunto e viram uma oportunidade de unir forças com outras mães que passavam pelo mesmo problema.

Ivanise e Vera Lúcia fundaram juntas o Mães da Sé, porém apenas a primeira segue até hoje na entidade – elas também criaram a Associação Brasileira de Busca e Defesa à Criança Desaparecida (ABCD), que se tornou fundamental para a evolução do projeto. Ivanise viu a filha pela última vez no fim de 1995, quando a adolescente tinha 13 anos de idade. Um simples percurso com 120 metros de distância se tornou um drama que a atormenta há 23 anos.

“O desaparecimento é pior do que a morte. Quando uma pessoa querida morre, você sabe que aquele ciclo chegou ao fim. Você vê a pessoa pela última vez e sabe qual foi o fim da história. Quando a pessoa desaparece, é um drama sem fim. Você não sabe se ela está viva, não sabe

como ela está vivendo, não sabe se ela está passando necessidades… Você não sabe de nada. Você vive com uma angústia sem fim, e talvez fique assim até o fim de sua vida”, explica Ivanise, sempre mostrando muita emoção quando cita o caso da própria filha.

A presidente da ABCD conta também que este assunto é pouco falado no Brasil. “Atualmente, se você procurar quantos carros são roubados por mês em São Paulo, você acha facilmente. Agora, se for procurar quantas pessoas desaparecem por mês em São Paulo, você não acha. Este problema não tem a atenção que precisa ter”, emenda.

A ABCD tem como principal objetivo oferecer aos familiares um atendimento diferenciado para cada caso relatado, dando orientações quanto aos procedimentos legais, encaminhando aos órgãos competentes e acompanhando todo o processo.