“O Palmeiras é grande”.
A frase enfatizada repetidas vezes por Zé Roberto no início da temporada de 2015 foi um combustível para o clube retomar o caminho dos títulos. O Verdão vinha de reformulação no elenco e sonhava com o protagonismo nas principais competições que disputaria. O discurso foi uma injeção de ânimo e relembrou a grandeza da instituição. O ano de 2014, do centenário, teve momentos ruins. Era preciso reestruturar o futebol e investir em novos ídolos. Zé Roberto seria um deles.
“Era um clube que estava desacreditado e eu percebi no primeiro dia que eu pisei aqui que era uma fase de transição. Precisava resgatar a grandeza de um clube que é o maior do país e que tem a torcida mais apaixonada”, relembrou na coletiva de imprensa quando parou de jogar. “Entramos para a história do clube.”
Zé foi contratado pelo Alviverde aos 40 anos de idade. A boa temporada pelo Grêmio mostrou que ele poderia atuar em alto nível tanto na lateral esquerda como no meio-campo. Com fome de vitórias e uma condição física privilegiada, o camisa 11 corria mais do que muitos garotos que atuavam nos gramados brasileiros. E, sem surpresa, ele sobrou.
O ídolo, inclusive, acumulou algumas façanhas com a camisa do Maior Campeão do Brasil. É, por exemplo, o jogador mais velho a atuar pelo Palmeiras em todos os tempos – ao se despedir do futebol, tinha 43 anos, quatro meses e 21 dias, superando os 41 anos do então dono da marca, o goleiro paraguaio Gato Fernández, que defendeu o clube na temporada de 1994.
Além disso, é o palmeirense com idade mais avançada a atuar e marcar gol no Paulista, no Brasileirão, na Copa do Brasil e na Libertadores, o mais velho a enfrentar os rivais Corinthians, São Paulo e Santos e o mais veterano a balançar as redes em clássico: em 2015, sua primeira temporada no Verdão, anotou um tento contra o Corinthians aos 40 anos, dez meses e 25 dias, superando o então recordista Marcos Assunção, com 35 anos.
Na principal competição das Américas, as marcas vão além do Palestra Italia. Zé é o brasileiro com idade mais avançada a entrar em campo pela Libertadores, com 42 anos, 11 meses e 27 dias – na lista geral, está atrás só do peruano Vicente Villanueva, que defendeu o Sporting Cristal-PER na década de 60 aos 43 anos e dez meses. E é o mais veterano a ter marcado um gol, independentemente do clube ou da nacionalidade: foi às redes aos 42 anos, dez meses e 18 dias, contra o Atlético Tucumán-ARG, em 24/05/2017, no Allianz Parque.
“Desde quando eu percebi que o meu corpo é o meu instrumento de trabalho, eu comecei a cuidar dele. O que tem me ajudado muito ultimamente é que não tenho vícios. Não bebo e não fumo”, comentou Zé Roberto na entrevista coletiva de apresentação. De fato, o craque jamais poupou esforços para ter as melhores condições de jogo. Após os trabalhos na Academia de Futebol, seguia uma rotina diária de exercício em casa. Um estilo de vida que proporcionou a longevidade e servia de exemplo para os jovens. Sua determinação contagiou o vestiário.
Não demorou para assumir a braçadeira de capitão. E logo vieram os títulos. Naquele mesmo ano de estreia, Zé foi fundamental na conquista da Copa do Brasil. Sua habilidade e experiência foram decisivos para ajudar o Verdão na caminhada rumo à primeira taça do Allianz Parque. A final foi contra o Santos. Antes da segunda e decisiva partida, o líder voltou a estimular os companheiros. “Essa noite foi feita para marcar a história de cada um aqui”, disse, antes de atualizar o lema da chegada: “Mas a gente não vai falar assim ‘o Palmeiras é grande’. A gente vai falar ‘o Palmeiras é gigante’.”
Com dois gols de Dudu no tempo normal, a decisão foi decidida nos pênaltis. Zé Roberto converteu a cobrança, acertando ângulo. O resto da história ninguém jamais esquecerá. Fernando Prass ajeitou a bola, tomou distância e estufou a rede. Campeões da Copa do Brasil de 2015. E detalhe: Zé Roberto foi o grande capitão da campanha e ergueu a taça! E era só o começo.
O veterano também foi brilhante na conquista do Campeonato Brasileiro do ano seguinte. No empate por 0 a 0 contra o Cruzeiro, em Araraquara, ele evitou um gol quase certo do adversário aos 17 minutos do segundo tempo quando, com muita raça, se jogou no caminho da bola e tirou com o peito. Mais um passo era dado rumo ao enea.
O gol por cobertura contra o Santa Cruz também é um dos momentos eternizados na história. Dos dez gols que marcou em suas 133 partidas disputadas, aliás, o último foi um golaço de voleio contra o Atlético Tucumán-ARG, pela Libertadores, em casa, na vitória por 3 a 1. Uma pintura digna do último tento da carreira profissional de um craque para a eternidade.
Além dos rivais em campo, a fila de títulos brasileiros também era um desafio para o nosso elenco. Afinal, a última conquista da principal competição nacional era de 1994, até então. Não foi apenas talento, tática e determinação. Também foi cabeça no lugar e experiência que conduziram o Verdão até o título. Zé Roberto foi um dos mentores da promessa Gabriel Jesus, que se despediria do seu clube formador como campeão brasileiro.
Zé Roberto fez questão de encerrar a carreira no Palmeiras. Ele decidiu parar de jogar aos 43 anos, no final de 2017. “Eu vivi isso aqui intensamente. O futebol foi a minha vida”, disse, emocionado, em sua última preleção para os companheiros no vestiário. “Quando eu era criança, jogando bola na rua e descalço, eu sonhei um dia ser um jogador. Realizei o sonho. Tive conquistas e cheguei ao meu máximo. Foi difícil tomar essa decisão. E esse tempo, rapaziada, vai chegar à vida de cada um de vocês. Viva isso aqui intensamente. Porque passa rápido”, afirmou.
Zé Roberto iniciou a carreira na Portuguesa. Teve passagem inesquecível pelo futebol europeu. Jogou em clubes como Real Madrid-ESP e Bayern de Munique-ALE, onde é ídolo. Defendeu a Seleção Brasileira com destaque na Copa do Mundo de 2006, disputada na Alemanha, e também estava no elenco da Copa de 1998, na França.
Mais do que um craque: uma mentalidade vencedora. Zé Roberto é gigante.
Leia a preleção de Zé Roberto antes do jogo contra o Audax, que abriu o Campeonato Paulista de 2015:
“Os historiadores dizem que, quando uma tropa, um exército, sai para uma batalha, eles têm um grito de guerra. Nessa tarde aqui a gente criou um grito de guerra. Sabe qual é o grito de guerra? Bate assim no peito da pessoa aí, do seu amigo que está do seu lado. Pode falar para ele assim: o Palmeiras é grande.
Sai do lugar e vai batendo no peito. Vamos! O Palmeiras é grande. Precisamos resgatar a história que está na parede desse vestiário aqui. Me arrepiava quando eu vinha jogar aqui contra o Palmeiras e a torcida começava a gritar: au, au, au, Edmundo é animal.
Precisamos resgatar o espírito de animal sobre nós aqui. O Palmeiras é grande. Para o Palmeiras ser grande, precisa de um exército. Eu estou vendo um exército reunido aqui hoje. E um exército, quando se reúne, ele precisa de armas. As armas que foram lapidadas na pré-temporada. Estamos preparados para a guerra.
Quem entra para a guerra é para ganhar. Hoje começa uma guerra e vamos entrar para ganhar. Sabe por quê? Precisamos resgatar a grandeza desse clube. O Palmeiras é grande. Esse é o nosso grito de guerra. Hoje começamos uma nova história desse clube. Eu quero ver minha foto dentro desse vestiário. Se você também quer, começa a lapidar as suas armas.
Eles vão ver o exército que se levantou aqui hoje. Um exército que vai pelear e vamos trazer a nossa torcida ao encontro de nós. Porque eu também quero ver a torcida gritando: au, au, au o Zé Roberto é animal.
Já começamos a ganhar o jogo hoje. Estou vendo nos olhos de cada um aqui. Doido para pelejar. Vamos para a peleja?”



Posição: Meia
Número de temporadas: 3
Clube anterior: Grêmio-RS
Jogos:
133 (69 vitórias, 26 empates e 38 derrotas)
Estreia: Palmeiras 3x1 Shandong Luneng-CHI (17/01/2015)
Último jogo: Palmeiras 2x0 Botafogo-RJ (27/11/2017)
Gols: 10
Primeiro gol: Palmeiras 3x0 Rio Claro-SP (11/02/2015)
Último gol: Palmeiras 3x1 Atlético Tucumán-ARG (24/05/2017)
Principais títulos:
Copa do Brasil em 2015; Campeonato Brasileiro em 2016
“O Palmeiras é grande”.
A frase enfatizada repetidas vezes por Zé Roberto no início da temporada de 2015 foi um combustível para o clube retomar o caminho dos títulos. O Verdão vinha de reformulação no elenco e sonhava com o protagonismo nas principais competições que disputaria. O discurso foi uma injeção de ânimo e relembrou a grandeza da instituição. O ano de 2014, do centenário, teve momentos ruins. Era preciso reestruturar o futebol e investir em novos ídolos. Zé Roberto seria um deles.
“Era um clube que estava desacreditado e eu percebi no primeiro dia que eu pisei aqui que era uma fase de transição. Precisava resgatar a grandeza de um clube que é o maior do país e que tem a torcida mais apaixonada”, relembrou na coletiva de imprensa quando parou de jogar. “Entramos para a história do clube.”
Zé foi contratado pelo Alviverde aos 40 anos de idade. A boa temporada pelo Grêmio mostrou que ele poderia atuar em alto nível tanto na lateral esquerda como no meio-campo. Com fome de vitórias e uma condição física privilegiada, o camisa 11 corria mais do que muitos garotos que atuavam nos gramados brasileiros. E, sem surpresa, ele sobrou.
O ídolo, inclusive, acumulou algumas façanhas com a camisa do Maior Campeão do Brasil. É, por exemplo, o jogador mais velho a atuar pelo Palmeiras em todos os tempos – ao se despedir do futebol, tinha 43 anos, quatro meses e 21 dias, superando os 41 anos do então dono da marca, o goleiro paraguaio Gato Fernández, que defendeu o clube na temporada de 1994.
Além disso, é o palmeirense com idade mais avançada a atuar e marcar gol no Paulista, no Brasileirão, na Copa do Brasil e na Libertadores, o mais velho a enfrentar os rivais Corinthians, São Paulo e Santos e o mais veterano a balançar as redes em clássico: em 2015, sua primeira temporada no Verdão, anotou um tento contra o Corinthians aos 40 anos, dez meses e 25 dias, superando o então recordista Marcos Assunção, com 35 anos.
Na principal competição das Américas, as marcas vão além do Palestra Italia. Zé é o brasileiro com idade mais avançada a entrar em campo pela Libertadores, com 42 anos, 11 meses e 27 dias – na lista geral, está atrás só do peruano Vicente Villanueva, que defendeu o Sporting Cristal-PER na década de 60 aos 43 anos e dez meses. E é o mais veterano a ter marcado um gol, independentemente do clube ou da nacionalidade: foi às redes aos 42 anos, dez meses e 18 dias, contra o Atlético Tucumán-ARG, em 24/05/2017, no Allianz Parque.
“Desde quando eu percebi que o meu corpo é o meu instrumento de trabalho, eu comecei a cuidar dele. O que tem me ajudado muito ultimamente é que não tenho vícios. Não bebo e não fumo”, comentou Zé Roberto na entrevista coletiva de apresentação. De fato, o craque jamais poupou esforços para ter as melhores condições de jogo. Após os trabalhos na Academia de Futebol, seguia uma rotina diária de exercício em casa. Um estilo de vida que proporcionou a longevidade e servia de exemplo para os jovens. Sua determinação contagiou o vestiário.
Não demorou para assumir a braçadeira de capitão. E logo vieram os títulos. Naquele mesmo ano de estreia, Zé foi fundamental na conquista da Copa do Brasil. Sua habilidade e experiência foram decisivos para ajudar o Verdão na caminhada rumo à primeira taça do Allianz Parque. A final foi contra o Santos. Antes da segunda e decisiva partida, o líder voltou a estimular os companheiros. “Essa noite foi feita para marcar a história de cada um aqui”, disse, antes de atualizar o lema da chegada: “Mas a gente não vai falar assim ‘o Palmeiras é grande’. A gente vai falar ‘o Palmeiras é gigante’.”
Com dois gols de Dudu no tempo normal, a decisão foi decidida nos pênaltis. Zé Roberto converteu a cobrança, acertando ângulo. O resto da história ninguém jamais esquecerá. Fernando Prass ajeitou a bola, tomou distância e estufou a rede. Campeões da Copa do Brasil de 2015. E detalhe: Zé Roberto foi o grande capitão da campanha e ergueu a taça! E era só o começo.
O veterano também foi brilhante na conquista do Campeonato Brasileiro do ano seguinte. No empate por 0 a 0 contra o Cruzeiro, em Araraquara, ele evitou um gol quase certo do adversário aos 17 minutos do segundo tempo quando, com muita raça, se jogou no caminho da bola e tirou com o peito. Mais um passo era dado rumo ao enea.
O gol por cobertura contra o Santa Cruz também é um dos momentos eternizados na história. Dos dez gols que marcou em suas 133 partidas disputadas, aliás, o último foi um golaço de voleio contra o Atlético Tucumán-ARG, pela Libertadores, em casa, na vitória por 3 a 1. Uma pintura digna do último tento da carreira profissional de um craque para a eternidade.
Além dos rivais em campo, a fila de títulos brasileiros também era um desafio para o nosso elenco. Afinal, a última conquista da principal competição nacional era de 1994, até então. Não foi apenas talento, tática e determinação. Também foi cabeça no lugar e experiência que conduziram o Verdão até o título. Zé Roberto foi um dos mentores da promessa Gabriel Jesus, que se despediria do seu clube formador como campeão brasileiro.
Zé Roberto fez questão de encerrar a carreira no Palmeiras. Ele decidiu parar de jogar aos 43 anos, no final de 2017. “Eu vivi isso aqui intensamente. O futebol foi a minha vida”, disse, emocionado, em sua última preleção para os companheiros no vestiário. “Quando eu era criança, jogando bola na rua e descalço, eu sonhei um dia ser um jogador. Realizei o sonho. Tive conquistas e cheguei ao meu máximo. Foi difícil tomar essa decisão. E esse tempo, rapaziada, vai chegar à vida de cada um de vocês. Viva isso aqui intensamente. Porque passa rápido”, afirmou.
Zé Roberto iniciou a carreira na Portuguesa. Teve passagem inesquecível pelo futebol europeu. Jogou em clubes como Real Madrid-ESP e Bayern de Munique-ALE, onde é ídolo. Defendeu a Seleção Brasileira com destaque na Copa do Mundo de 2006, disputada na Alemanha, e também estava no elenco da Copa de 1998, na França.
Mais do que um craque: uma mentalidade vencedora. Zé Roberto é gigante.
Leia a preleção de Zé Roberto antes do jogo contra o Audax, que abriu o Campeonato Paulista de 2015:
“Os historiadores dizem que, quando uma tropa, um exército, sai para uma batalha, eles têm um grito de guerra. Nessa tarde aqui a gente criou um grito de guerra. Sabe qual é o grito de guerra? Bate assim no peito da pessoa aí, do seu amigo que está do seu lado. Pode falar para ele assim: o Palmeiras é grande.
Sai do lugar e vai batendo no peito. Vamos! O Palmeiras é grande. Precisamos resgatar a história que está na parede desse vestiário aqui. Me arrepiava quando eu vinha jogar aqui contra o Palmeiras e a torcida começava a gritar: au, au, au, Edmundo é animal.
Precisamos resgatar o espírito de animal sobre nós aqui. O Palmeiras é grande. Para o Palmeiras ser grande, precisa de um exército. Eu estou vendo um exército reunido aqui hoje. E um exército, quando se reúne, ele precisa de armas. As armas que foram lapidadas na pré-temporada. Estamos preparados para a guerra.
Quem entra para a guerra é para ganhar. Hoje começa uma guerra e vamos entrar para ganhar. Sabe por quê? Precisamos resgatar a grandeza desse clube. O Palmeiras é grande. Esse é o nosso grito de guerra. Hoje começamos uma nova história desse clube. Eu quero ver minha foto dentro desse vestiário. Se você também quer, começa a lapidar as suas armas.
Eles vão ver o exército que se levantou aqui hoje. Um exército que vai pelear e vamos trazer a nossa torcida ao encontro de nós. Porque eu também quero ver a torcida gritando: au, au, au o Zé Roberto é animal.
Já começamos a ganhar o jogo hoje. Estou vendo nos olhos de cada um aqui. Doido para pelejar. Vamos para a peleja?”