No dia 7 de setembro de 1965, o Verdão representou o país num amistoso contra a poderosa Seleção Uruguaia, na inauguração do Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, e saiu de campo com o honroso placar de 3 a 0 a seu favor.
Pela primeira vez no cenário do futebol nacional, uma equipe brasileira foi convidada para compor toda a delegação do Brasil. Do técnico ao massagista, do goleiro ao ponta-esquerda, incluindo os reservas, a Academia do Palmeiras, treinada pelo saudoso Filpo Nuñez, vestiu a Amarelinha com propriedade. O argentino é um dos dois estrangeiros a terem comandado a Seleção Brasileira (o outro foi o uruguaio Ramón Platero, na década de 20).
Em meio à época áurea de times como o Santos de Pelé e o Botafogo de Garrincha, o Palmeiras, sob critério da extinta CBD, foi escolhido por se tratar da melhor equipe do futebol brasileiro em atividade no período. Já o Uruguai vinha de classificação para o Mundial de 1966 de forma invicta e apresentava craques como Manicera (que depois desfilou sua técnica no Flamengo), Cincunegui (ídolo no Atlético-MG), Varela, Douksas, Esparrago, entre outros.
Não teve jeito. Numa partida que entrou para a história do futebol mundial, o Palmeiras goleou por 3 a 0 – gols de Rinaldo, Tupãzinho e Germano – e cravou uma das páginas mais gloriosas de sua vasta trajetória de títulos e conquistas.
“Foi algo mágico, imensurável na época e nos dias atuais. Foi o dia em que um clube de futebol representou toda uma nação. Não sei se vai existir uma homenagem desse tipo algum dia. É algo que até hoje sou lembrado e que o Palmeiras vai carregar para o resto de sua vida”, afirmou Valdir Joaquim de Morais, goleiro do “Palmeiras Canarinho” naquela ocasião.
O troféu conquistado pela Seleção ficou na sede da CBD (depois CBF) por exatos 23 anos. Em 1988, decidiu-se pelas partes que o Verdão deveria honrosamente ficar com a taça. “Até hoje fico pensando naquele jogo. Foi uma homenagem feita pela CBD ao nosso grande time, a Academia do Palmeiras. Os mais jovens precisam sempre saber disso e ter orgulho desse jogo. O Palmeiras um dia foi Brasil, e isso ninguém mais vai apagar”, destacou Ademir da Guia, camisa 10 na partida contra a Celeste.
Brasil (Palmeiras) 3×0 Uruguai
Data: 07/09/1965
Local: Estádio Magalhães Pinto (Mineirão), em Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Eunápio de Queirós
Gols: Rinaldo, Tupãzinho e Germano
Brasil (Palmeiras): Valdir de Morais (Picasso); Djalma Santos, Djalma Dias, (Valdemar Carabina), Procópio e Ferrari; Dudu (Zequinha) e Ademir da Guia; Julinho Botelho (Germano), Servílio, Tupãzinho (Ademar Pantera) e Rinaldo (Dario Alegria). Técnico: Filpo Nuñez.
Seleção do Uruguai: Walter Taibo (Carlos Fogni); Héctor Cincunegui (Miguel de Britos), Jorge Manicera e Luis Alberto Varela; Omar Caetano, Raúl Núñez (Homero Lorda), Héctor Salvá e Horacio Franco; Héctor Silva (Orlando Virgili), Vladas Douksas e Víctor Espárrago (Julio César Morales). Técnico: Juan López.