Vice-presidente da Fifa e a criação do Torneio Internacional de Clubes Campeões
Inspirado pelo sucesso da Copa do Mundo de 1950, o Torneio Internacional de Clubes Campeões de 1951 reuniu os principais campeões nacionais da Europa e da América do Sul. Organizada com aval e participação da FIFA, a competição teve como mentor Ottorino Barassi, presidente da Federação Italiana de Futebol e secretário-geral e vice-presidente da entidade na época.

Em janeiro de 1951, o Jornal do Brasil informou que o italiano, acompanhado de Stanley Rous (membro da Federação Inglesa de Futebol), veio ao Brasil para discutir com a CBD (Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF) o desenho do Campeonato Mundial de Futebol. O encontro também serviu para definir que seriam oito os participantes do torneio devido às dificuldades da época diante das viagens intercontinentais. Tal fato tornava inviável a reunião de um número maior de equipes.
Ainda no mesmo mês, o periódico O Globo Sportivo destacou que o presidente da FIFA, Jules Rimet, concedia o apoio da entidade ao torneio que a CBD planejava realizar no Brasil. A matéria foi assinada pelo jornalista francês Albert Laurence, que à época era integrante dos diários L’Équipe e France Football.
Em parceria com a CBD, o torneio, além do Palmeiras (campeão paulista de 1950) contou com as participações do Estrela Vermelha (campeão da Copa da Iugoslávia, atualmente Sérvia, em 1950), do Áustria Viena (campeão austríaco em 1949-50), da Juventus (campeã italiana de 1949-50), do Nacional (campeão uruguaio de 1950), do Nice (campeão francês de 1950-51), do Sporting (hexacampeão português e vencedor da temporada 1950-51) e do Vasco, campeão carioca de 1950.
Outros times tradicionais da Europa foram cotados para o torneio na época. São os casos de Atlético de Madrid e Barcelona, da Espanha; Tottenham, da Inglaterra; Milan, da Itália; e Hibernian, da Escócia. Diferentes motivos impediram a participação destas equipes. Os ingleses, por exemplo, possuíam tradição de “boicotar” competições fora do Reino Unido. Já os espanhóis, por questões de logística de viagem, férias dos atletas ou inscrições em outras competições, também não vieram à América do Sul.
A escolha das equipes brasileiras se deu pelo seguinte critério: como não existia um campeonato nacional à época, Palmeiras e Vasco foram selecionados por serem, respectivamente, os vencedores dos campeonatos paulista e carioca, os dois maiores torneios do país. Além disso, o Verdão já mostrava sua qualidade com várias conquistas entre os anos 40 e 50. O Alviverde faturou quatro Campeonatos Paulistas (1942, 1944, 1947 e 1950), dois Torneios Início do Campeonato Paulista (1942 e 1946), quatro Taças Cidade de São Paulo (1945, 1946, 1950 e 1951) e um Torneio Rio-São Paulo (1951) no período.
O Mundial ocorreu entre os dias 30 de junho e 22 de julho e paralisou a disputa dos campeonatos regionais daquele ano. Os duelos ocorreram no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, e do Maracanã, no Rio de Janeiro. A divisão no Eixo Rio-São Paulo podia ser presenciada também na separação dos grupos da primeira fase: Estrela Vermelha, Juventus, Nice e Palmeiras jogaram na capital paulista, enquanto Áustria Viena, Nacional, Sporting e Vasco atuaram no Rio. As equipes se enfrentaram em turno único dentro de seus respectivos grupos. Os dois melhores colocados de cada chave avançaram às semifinais, e, em seguida, às finais, disputadas em dois jogos cada.