Cosme Rimoli, você não entendeu nada. De novo

Assessoria de Imprensa

Não vou prolongar essa discussão, mas julgo necessário mais um capítulo, já que dessa vez o jornalista resolveu atacar a assessoria de imprensa.

Sei bem, com meus 20 anos de redação em jornais diários, a pressão que o jornalista está sofrendo de seus superiores para defender os jogadores do Santos, que se recusaram a deixar o ônibus, numa ação de caridade.

Para defender esses jogadores, Cosme Rimoli deu uma volta enorme até chegar em Marcos. Tudo para não tocar na questão religiosa, mas que teve de ceder dessa vez quando voltou ao tema, fato que ele esqueceu de citar em seu primeiro texto.

Assim como tenho de respeitar uma hierarquia, ele também tem. E posso garantir que no caso dele é muito mais difícil.

Paro por aqui pois teria que entrar em questões que não cabem neste contexto.

Como disse na resposta anterior, não devo e não posso me envolver em questões de outros clubes, mas não posso me calar quando a instituição Palmeiras é atingida.

Vou apenas me ater às questões sobre assessoria e falar um pouco sobre jornalismo, já que ele versou por esse caminho.

Vou aqui publicar trechos do texto do missivista e responder item por item quando o Palmeiras ou a sua assessoria é citada.

Diz o jornalisa em seu blog:

´Qual é a função de um assessor de imprensa de um clube de futebol? Um jornalista que é pago para defender uma instituição. Seus chefes não são jornalistas. São dirigentes. Passionais. Pessoas que comandam um time, lidam com a paixão de milhões de pessoas. A relação trabalhista é clara. Os dirigentes querem que a o clube tenha a melhor imagem possível divulgada pela mídia.´

Resposta – É isso mesmo, Cosme.

Seguindo:

´A função é quase a de um publicitário. Nada de errado.´

Resposta – Tudo de errado, meu caro. A função é bem diferente. Um assessor de imprensa prepara conteúdo, auxilia jornalistas que precisam fazer suas entrevistas, preparam material sobre jogo, escrevem para revista do clube, estão atentos a tudo que sai na imprensa para informar seus superiores e responder a jornalistas quando erram ao informar, pedir correção, e também responder quando alguns colegas escrevem coisas como se jogadores fossem seres de outro planeta, como no seu caso. Publicidade é vender produtos. Coisa bem diferente para um bom entendedor.

´Os dirigentes pagam para esse assessor ‘limpar’ o que eles não querem ver divulgado.´

Resposta – Claro, claro. Vou revelar a você tudo o que escondemos: você sabia que houve uma emboscada ao ônibus do Palmeiras quando vinha de Itu? E que um jogador do Palmeiras foi agredido pela torcida? Isso é muito ruim para a imagem do clube, mas nós escondemos super bem. Pode publicar em seu blog. É exclusivo.

Cosme, ninguém esconde nada. No futebol tudo se sabe. Por vezes temos jornalistas que inventam fatos e aí a assessoria age. É sua função.

Seguindo:

´Não é fácil ser assessor´

Resposta – Só Deus sabe como é difícil.

´Ainda mais de um clube em crise há anos. Que não consegue honrar a tradição vencedora.Com o presidente ameaçado de morte pelos próprios torcedores.

Com atacante implorando para deixar essa instituição por ameaças da própria torcida.

Por torcedores fazendo tocaia ao ônibus da equipe.

Pela troca contínua de treinadores.

Por resultados pífios constantes.´

Resposta – E eu achando que estava passando a você um furo de reportagem. É, não conseguimos esconder nada mesmo. Bem, na verdade algumas coisas a gente até consegue. Mas seria isso uma tarefa exclusiva de uma assessoria de imprensa? Vamos aqui fazer um exercício: você, por exemplo, escreve em seu blog tudo que acontece de ruim dentro de sua empresa? Revela? Então. Veja que interessante. A assessoria de imprensa também não revela. Incrível, não?

Seguindo:

´Assessores de imprensa convivem com jogadores.

Mas são vistos com desconfiança, em todos os clubes.

Os atletas cada vez mais sabem que eles estão a serviço.

E os evitam nas conversas mais íntimas.

Sabem que são os ouvidos do patrão.´

Resposta – Cosme, não se perca. O seu discurso até aqui foi razoável. Chamar assessores de ´ouvidos do padrão´ derruba seus argumentos. Os assessores são muito próximos dos jogadores e acabam se tornando muitas vezes amigos pela própria convivência diária. Assim como na vida, na relação com as pessoas, com a família, quem tem caráter não faz o jogo sujo de leva e trás, como você sugere. Posso garantir a você que todos que trabalham na assessoria do Palmeiras são gente séria, de caráter. Essa sua argumentação é típica de quem não tem mais para onde sair e começa a atirar. Não perca a razão.

Sigamos:

´Atos de solidariedade verdadeiros não combinam com holofotes, divulgação prévia.

Visitas a instituições de caridade, a hospitais.

Encontros com pessoas, com crianças em estado terminal não são para qualquer um.´

Resposta – Devidamente já respondido no texto anterior publicado no site.

´Em um grupo de mais de 30 pessoas, será que todas estão psicologicamente preparadas para o encontro naquele dia?

Para o leitor ficar ciente do que acontece: quando um clube promove um encontro desses, não faz votação.

Não há uma consulta prévia, do tipo: “quem quer ir?”

Não: é como se fosse a etapa inicial do treinamento.

Há uma convocação e ponto final.´

Resposta – Não, caro. Não fale sobre o que você desconhece. Há sim um aviso de que haverá um ação solidária e quem não quiser participar não precisa nem dizer o motivo. Bom, pelo menos é assim no Palmeiras.

´Como não perceber a alegria que um goleiro com o talento e o coração de Marcos pode levar a uma criança terminal?

Mas por que fazer desse encontro um show para a mídia?

Quem ganha com isso?

E em seguida, o milagre não acontece, e essa criança morre.

Marcos é um coração com camisa de goleiro.´

Resposta – Show de mídia? Como assim? Até onde eu saiba a ação se deu dentro da Academia de Futebol, sem a presença da imprensa. A assessoria apenas divulgou o encontro, pelos motivos expostos no texto anterior (aqueles quatro motivos, lembra?). Agora, diga a você mesmo se você realmente acha que o encontro de um ídolo com uma criança em estado terminal pode salvá-la, que um milagre acontece…Bom, não quero aqui supor que você ache desnecessário esses encontros porque a criança não vai viver. Me nego a crer nisso.

´Será que um psicólogo não seria necessário para intermediar esse encontro?

Mas um assessor de imprensa, pago pelo clube, teria como sugerir, como impor essa preparação do goleiro para a morte de uma criança?

Será que esse assessor pode avaliar se essa tragédia não empurra qualquer ser humano para a beira de uma depressão?´

Resposta – Temos psicólogas no clube, sim. Marcos achou que não precisava do serviço desse profissional. A resposta está na frase de Marcos ao site sobre como se sentiu ao receber a visita da criança (ler texto anterior).

PS: Pierre também participou daquele encontro. Vamos ao que ele disse: ´Antes de Marcos, Matheus Thiago teve a oportunidade de conhecer o volante Pierre. O camisa 5 palmeirense não conteve a emoção. ´Eu passei por uma situação difícil na vida [a morte de um filho recém-nascido] e sei o quanto essa família deve estar sofrendo. Mas a fé em Deus supera qualquer dor. É emocionante ver que, apesar de tudo o que estão passando, existe alegria e esperança no olhar e no coração deles.´ Pierre, esse ser humano maravilhoso, que sofreu com a morte de um filho, fez questão de estar presente no encontro levando sua solidariedade à família, uma palavra de conforto, mesmo sabendo que não tem o poder de fazer milagre. Veja você, Cosme, que belo exemplo.

Seguindo:

´A função de um repórter é bem diferente da de um assessor de imprensa.

Ele tem de ouvir, telefonar, ir atrás de notícias verdadeiras.

Não notícias que os dirigentes querem ver divulgadas.

Essa questão é simples e cristalina.´

Resposta – Isso. Ir atrás da verdade. Sempre.

´A grande maioria dos jogadores não gosta de visitar hospitais, de encontrar pessoas em estado terminal.

Não são preparados para isso.´

Resposta – Alguém é? Mas quem ainda conserva o gesto de solidariedade humana, se entrega de corpo e alma. Milhões fazem isso todos os dias. Por que um jogador, este ser amado e idolatrado por tantos, não pode praticar tal ação? Evidente que há jogadores, assim como há padres, pastores, operários, jornalistas, assessores, que não praticam tal ação por se sentirem fracos diante dessa realidade. Ora, basta não ir a esses encontros. Simples.

´Vários deles perderam entes queridos em hospitais, têm traumas como todos nós.

No contrato de nenhum há a exigência desse encontro.

Nem aqui, nem na Europa.´

Resposta – Isso, não há nada nos contratos porque a ação tem obrigatoriamente de ser voluntária. Se não, não faria sentido algum, praticar o bem sendo obrigado a isso.

´Por que motivo sempre há um fotógrafo a postos para mostrar a imagem de um jogador segurando uma criança doente?

A quem interessa esse tipo de divulgação?

Ato humanitário é fazer doações verdadeiras, sem imprensa, sem câmeras de tevê.´

Resposta – É a sua visão. A nossa, da assessoria, eu expus no texto anterior (lembra, aquele trecho que fala de quatro motivos para convocar a mídia?)

´Um time medíocre não deixa de ser medíocre porque vai a um hospital.

Mas será mais poupado por demonstrar ter solidariedade, um coração.

A função dessas visitas televisionadas é essa.´

Resposta – Deixo para os assessores do Santos, Real Madrid, Milan responderem a você, afinal, esses clubes vivem uma péssima fase…

Bom, paro por aqui.

Sem mais.

Helder Bertazzi
Coordenador de Comunicação do Palmeiras.
Clique aqui e leia a íntegra da primeira resposta