Marcos pede perdão à torcida e fala em honrar a camisa
Agência Palmeiras
Marcelo Cazavia
O goleiro Marcos concedeu uma longa entrevista coletiva após o treino desta terça-feira [10] e, antes mesmo de começar a responder as perguntas dos jornalistas, fez um pronunciamento para pedir perdão ao torcedor palmeirense pela goleada de 6 a 0 sofrida diante do Coritiba na semana passada.
“Queria pedir perdão aos torcedores pela vergonha que a gente fez eles passarem. Ficamos muito envergonhados, nos sentimos humilhados por causa daquela atuação medíocre, e o torcedor pode ter certeza de que a gente sentiu muito a derrota. Às vezes, eles podem pensar que a gente recebe bem e não liga, mas não tem dinheiro que pague a humilhação que sofremos dentro do campo. O Coritiba atropelou a gente, e gostaríamos de pedir desculpas”, declarou.
Marcos também falou sobre diversos outros assuntos. Confira:
A volta no Pacaembu
“Nossa única obrigação é honrar o escudo que temos no peito. A única coisa que temos que prometer é vontade. Temos uma cartilha de direitos e deveres, mas parece que aqui conhecem muito os direitos e pouco os deveres. A gente pode perder de 4 a 0 amanhã [quarta-feira], mas com uma vontade bem diferente da do jogo passado, porque foi feio, foi vergonhoso. Só fui sair de casa hoje. Sou vinculado à imagem do Palmeiras e quando acontece essas coisas eu fico lá embaixo.”
Céu e inferno
“Eu acho que o futebol é assim. Uma semana atrás, o Palmeiras foi aplaudido mesmo com a derrota diante do Corinthians, pois foi valente com um homem a menos. Depois do fiasco em Curitiba, claro que todo mundo precisa entrar em xeque. O pior é a autoconfiança. Não estou aqui para contar história de Papai Noel. Acho difícil nos classificarmos, a não ser que eles tenham uma noite tão infeliz quanto a nossa. Então, pela nossa honra, precisamos ganhar do Coritiba, mesmo que seja de 1 a 0. Acho difícil, mas temos que entrar em campo, correr e vencer a partida.”
Pressão no clube
“A cada ano que passa, a pressão sempre aumenta. A cobrança aumenta cada vez mais, e quem assina contrato com o Palmeiras precisa saber disso. O time do Palmeiras pode dar uma esperança ao torcedor, mas tudo vai por água abaixo no fim. E agora cabe a gente tentar reconquistar o torcedor, apesar de que cada vez fica mais difícil.”
Gozações dos rivais
“Eu fui um dos mais zuados. Me chamaram para tomar seis cervejas, falaram que minha mulher me acordou dizendo que já era 7h e eu perguntei se tinha saído mais um gol do Coritiba. É assim mesmo, é cultural do torcedor brasileiro. Mas é aquilo também. Alguém vai perder a final do Paulista, e os palmeirenses estão só esperando para poder zuar também. Temos que aceitar, e o torcedor é o que mais sofre. Mas depois que perde vai fazer o quê? Até guarda de trânsito fez sinal de seis com as mãos para mim na rua. Temos que nos fortalecer com isso.”
Mãe palmeirense
“A gente voltou de Curitiba de ônibus, chegamos aqui de manhãzinha, estava um silêncio, tudo tranquilo no ônibus. Sabia que minha mãe estaria acordada e liguei para ver se estava tudo bem. Ela nem falou ‘bom dia’, ela só falou: “Vixi, o que aconteceu ontem?”. Na sequência, ela já falou ‘ah, dá para virar’, tentou passar força. Mas é complicado. Minha mãe é muito fanática, e eu sei que quando ela está desanimada é porque o grosso da torcida também está. Ele sempre ora para mim, mas quando o Deola estava jogando ela continuou fazendo as orações e me dizia ‘fala para o Deola que eu também estou fazendo oração para ele’. Tenho certeza absoluta de que ela ficou muito chateada. Agora tenho que reconquistar a confiança da torcida e da minha mãe também.”
Conversa com Felipão
“Nos dias seguintes ao jogo, ele sempre nos chama na sala dele e mostra um compacto com os erros e os acertos da equipe. Infelizmente, nessa ultima apresentação só tinha lance errado. A gente sempre conversa, discute e muitas vezes somos cobrados. Somos representantes de uma torcida grande e não podemos tomar uma goleada, não podemos jogar o dia que a gente quiser. Teve uma cobrança interna e esperamos o resultado.”
Suposto boicote ao treinador
“Eu não ando com todo mundo fora daqui do CT, mas conheço bastante os jogadores de vestiário e não acredito nisso. Ele [Felipão] brinca com todos e é duro na hora de cobrar, no estilo dele. Todos assimilam isso. Como acontecem muitas coisas no futebol, eu não posso colocar a mão no fogo, mas eu acredito que não houve isso. Quando acontece esse tipo de coisa, a gente percebe já no treino. Tivemos uma partida infeliz, nas outras nós fomos bem, todos correram e brigaram muito.”
Vazamento de informações
“Aqui no Palmeiras sempre teve essas coisas. Tudo o que você conversa sai em algum lugar. Nós, jogadores, podemos ter todos os defeitos do mundo, mas inimizade, grupo rachado, não existe. Se um jogador serviu de fonte para algum jornal, o fez por interesse pessoal. O grupo não concorda com ele. E outra: se quiser falar, fala na imprensa ou fala lá na cara do jogador. Aliás, isso eu aprendi com Edmundo. Todo mundo teve problemas com ele, mas eu nunca tive porque sabia que podia confiar nele. Ele chega e falar na cara, não manda recado.”
Sinceridade nas entrevistas
“Podem pensar tudo de mim, mas tudo que falo é na frente de vocês [jornalistas]. Nunca dei entrevista por trás, nunca me passei por uma fonte. Se eu falo a besteira e tiver que pedir desculpa, venho aqui na frente de todos e assumo que errei. Jamais poderei ser chamado de traíra. Como você vai explicar uma derrota de 6 a 0? Quando eu critiquei o time, jamais me tirei fora. Eu também sei dos meus erros. Pelo menos uma ou duas bolas eu poderia ter pego, poderia ter tentado, mas não fui, pela falta de ritmo. O Felipão me disse antes do jogo que precisava contar comigo e eu jamais vou pipocar. E eu falo mesmo, mas os jogadores têm que entender. Poderia chegar lá e falar ‘ah, infelizmente nosso time tomou os seis gols, mas vamos levantar a cabeça e buscar os três pontos’. Não sou desses.”
Aposentadoria
“Quando você toma uma paulada dessa, você pensa um monte de coisa, repensa se tem condições de vestir a camisa do Palmeiras. Mas eu tenho uma meta de chegar até o fim do ano como jogador. Tem gente que fala que o Palmeiras está com dívidas e que eu estou roubando o clube, mas quando tive proposta do Arsenal eu fiquei para cumprir o meu contrato. E agora eu vou ficar para cumprir o contrato. O que o Palmeiras gastou para se endividar, não foi comigo, pois eu custei 12 pares de chuteiras para o clube.”
Condição técnica e física
“Estou treinando há praticamente 25 dias, mas não estou 100% porque eu estava havia três meses parado. Por mais que eu seja experiente, eu sinto a falta de ritmo de jogo, sinto um pouco o tempo de bola, a falta de posicionamento. Por isso, me coloco como um dos culpados pela derrota. Hoje também não estou 100%, mas já estou melhor do que o outro jogo. Sobre as dores, sempre tem um pouquinho. Só muda de lugar.”
Reconstrução do time
“A gente teve uma reunião com presidente [Arnaldo Tirone], com o [vice Roberto] Frizzo, e eles levantaram a moral da gente. Claro que as contratações sempre são importantes, mas acredito que não devemos ter grandes mudanças. Não podemos jogar o trabalho todo fora. No mata-mata pode acontecer qualquer coisa. E no futebol, trabalho bem feito é o título. Você pode ter feito o melhor possível, mas, se perder, está fora. Se tiver mudança, vai ser para melhor.”