Na última coletiva do ano, Scolari faz análise do trabalho e projeta 2011
Agência Palmeiras
Marcelo Cazavia
Antes do treino desta sexta-feira [03] na Academia de Futebol, o técnico Luiz Felipe Scolari concedeu sua última entrevista coletiva de 2010 e falou sobre vários assuntos. O treinador fez uma análise dos primeiros meses do seu trabalho, comentou sobre as jovens revelações do Verdão e também sobre reforços para 2011.
Confira os principais trechos da entrevista:
Avaliação do semestre
A principal meta não foi atingida. Quando acertamos a vinda para o Brasil, seria para janeiro, mas imaginamos ganhar tempo vindo em julho. Idealizamos jogar a final da Sul-Americana, mas caímos fora. A grande meta não alcançamos. A outra parte, do Brasileiro, nós sabíamos que teríamos dificuldades e planejaríamos ficar entre os 10 primeiros. Nós conseguimos. No balanço geral, não foi de todo tão mal. O que resta neste momento são as observações destes meses, o conhecimento da forma de trabalhar dos jogadores e o que temos de fazer para o ano que vem.
Eleições
O processo político não envolve problema para mim. Nós estamos seguindo normalmente um processo de conversações com possíveis reforços. E as pessoas que são candidatas, todas elas, são sabedoras dos sete, oito, dez nomes que passamos à diretoria. Todos entendem que isso deve ser seguido, não importa quem ganhe a presidência. Estamos bem conversados para que, neste momento, quem toma conta do clube siga um processo normal. E quem vem depois, seja quem está ou não está, vai seguir.
Ausência na Libertadores
Não muda nada. Passei uma lista de atletas dentro das condições que o clube tem. O Palmeiras vai se organizar para ter alguns.. E há solicitações sobre nossos atletas também. Então, tira tanto daqui, repõe ali. É nosso trabalho neste momento. Se o que foi planejado for seguido, vamos montar a equipe, não importa se estamos na Libertadores ou não. Temos de planejar, montando a equipe para 2011. Agora não é só Sul-Americana, são muitos projetos. É preciso uma boa qualidade, aliado à questão de equilíbrio financeiro.
Trauma de derrota
Pode até haver traumas aqui dentro, mas quem de nós não tem? Isso vai causar problemas para o resto da vida? Quem não supera trauma não tem profissão para trabalhar, tem de ficar em casa sentado esperando a morte. Isso faz a diferença entre perdedor e ganhador. Tem de ter personalidade. Perder é normal. Depois é que precisa ter processo de recuperação.
Prioridade no primeiro semestre
Vou seguir com o time principal sempre, mas depende muitas vezes de alguma situação que surjam. Existem situações prioritárias. A gente valoriza as duas competições [Paulista e Copa do Brasil]. Temos de estudar, é isso que se faz em todo Brasil, em qualquer lugar do mundo. Há prioridades. Se você tem prioridade, o outro não tem de se meter.
Reforços
Já conversei com três, quatro jogadores para explicar uma coisa ou outra, da possibilidade de estar em um clube de elite. Tenho recebido dirigentes do Milan, do Atlético de Madrid, e tenho indicados jogadores. Não indico só do Palmeiras, também recebo consultas sobre atletas de outros clubes. Então, quem quer jogar em uma equipe que tem um técnico com ascendência na Europa, venha trabalhar conosco. De repente, pode receber uma indicação minha. Mas se só importar o valor financeiro ou jogar a Libertadores, que pensem desta forma. E quem não quiser ficar aqui, não fique. Quem ficar tem de ficar com vontade, sabendo das dificuldades financeiras. Não vamos ficar implorando. Se alguém quer comprar, apareça, faça a oferta. Mas ninguém está morrendo de fome. Agora é a hora de ir às compras, mas estamos pelados de dinheiro. Mesmo assim, dá para compor de algumas formas algumas contratações. Pode haver algumas trocas, temos bons investidores e seriedade no clube. Se quiserem colocar algum jogador de qualidade aqui, sabe que vai ter retorno. Dá para colocar nomes no Palmeiras dentro de nomes que indicamos
Traffic
Eu não tinha conhecimento de algumas situações envolvendo alguns acordos que tinham de ser cumpridos. Nem tenho porque estar envolvido. A Traffic fez o papel dela. Para mim, foi ruim. Agora, a direção tem novos contatos, provavelmente vá trazer algum atleta. Não estou aqui para a Traffic ou outras empresas. Se eu não quiser, não vão colocar jogador aqui. Não vão empurrar bucha de canhão. Sem historinha. Ou traz o que eu defini ou não me ofereça nada.
Adriano e Alex
São ótimos nomes. Não posso te garantir que estejam na minha lista, mas são ótimos. Tem diversas possibilidades aí, agora é ir atrás. Eu queria levar o Adriano para o Chelsea e não consegui. Essa história de que ele faz isso, faz aquilo…ele faz é gol. O que eu vi ele fazer no Flamengo e no São Paulo foi gol. Eu tentei levá-lo para o Chelsea, mas ele começou a fazer gol no Inter de Milão e não o liberaram.
Proposta da seleção do Chile
Eu só vejo as pessoas escrevendo e comentando. Eu não tenho nenhum contato, não tive nenhum contato com a seleção chilena.. Não existe nada, é zero. Minha intenção é ficar, independente de problemas, de não ter ganho, de contratação… Nós estamos seguindo a ideia que foi planejada desde julho. Estamos observando jogadores neste fim de campeonato, jovens. Do Chile, não tem absolutamente nada.
A década de Felipão
Vou fazer uma avaliação da minha vida desportiva: maravilhosa. Sou uma das pessoas que mais completou a vida com tudo que sonhei. Tudo foi ótimo. Se eu disser que foi ruim, foi por um momento mínimo.. Tenho tudo, adoro com quem convivo. Se existe alguém feliz no mundo, eu sou um deles. Essa é minha avaliação.
Garotos contra o Cruzeiro
Se eles me ouvirem, logo, logo vão ter grandes oportunidades. Fui apresentando eles aos dirigentes europeus, dizendo quem tem futuro. Mas tem de aprender. Eles [europeus] perguntam as possibilidades de renovação no futebol brasileiro, e eu fico contente em jogar com a meninada. Essa evolução não pode ser cobrada agora. Jogar com esses meninos é bom. São jogadores que podem fazer parte de um grupo e, aos poucos, ganhar chances.
Fernando
É um jogador com estatura, boa qualidade técnica, tem bom passe. Tem de aprender algumas coisas, ir à frente, marcar firme, aí as oportunidades vão surgir. Depois, acontecem as coisas. Ele sabe disso, o Jean também, o Vinicius. Todos estes podem começar a fazer parte de um grupo. O Palmeiras lançou dez meninos em 2000, como Tadei, Eriberto, Jorginho, Ferrugem. Eles devem ser sabedores que não tenho medo de colocar jovens, mas é preciso dar um respaldo. Vamos engrossar, vamos ver. O Fernando é um desse meninos, alto, grande,chuta bem, passa bem. Tem de agregar mais agressividade.
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