Paixão centenária: Seu Juvenal conhece elenco e realiza sonho
Agência Palmeiras
Luan de Sousa
A palestra do treinador Gilson Kleina na última sexta-feira (30), em Fortaleza-CE, teve de ser interrompida por alguns minutos. Isto porque Seu Juvenal Saldanha Almeida, com o auxílio de uma muleta e dispensando a ajuda dos filhos e netos durante a caminhada, chegou. A 14 dias de completar 100 anos, o torcedor palmeirense foi, de cara, ovacionado pelos jogadores e, surpreso, emocionou-se.
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“Achava que nunca conheceria os jogadores do Palmeiras. Foi o maior prazer do mundo. Estou no fim da vida e agora consegui realizar este sonho. Tinha esta vontade há muitos anos”, disse o cearense, lúcido a ponto de se lembrar da partida em que Nossa Senhora Aparecida lhe ajudou.
“O Palmeiras precisou de um gol derradeiro contra o Paysandu. Pedi para a minha santinha e, dois minutos depois, o gol saiu. 3 a 2 para nós”, afirmou o católico fervoroso, que, além das palmas e do carinho do grupo alviverde, recebeu uma camisa com o número 100 das mãos do capitão Henrique. “Vou usá-la o tempo todo no dia 13 de setembro, que é o meu aniversário”.
Seu Juvenal entrou na sala com um objetivo em mente: abraçar Valdivia. E, logo que avistou o camisa 10 palestrino em meio aos 19 atletas relacionados, externou sua admiração. “Gosto muito de você. Você corre para todos os lados, dribla, faz tudo. Os cabras gostam de te derrubar porque você é bom demais. E eu comemoro muito quando os adversários são expulsos após bater em você”, brincou o ex-funcionário de uma fábrica de cerâmica, arrancando gargalhadas de todos os presentes.
De acordo com a família do quase centenário Juvenal, ele tem inúmeros penduricalhos e quinquilharias alusivos ao Verdão em casa. Além disso, é obrigatória a compra do pacote de todos os jogos para ele assistir na televisão. Ou seja, no lar do ancião, dia de Palmeiras é dia sagrado. E de gritaria. “Ele briga com os juízes, esbraveja mesmo. Enfim, não para um minuto durante os jogos”, expôs o neto Francisco Audisio Filho Dias, 41 anos, professor universitário.
Histórias de Seu Juvenal
O neto, inclusive, tem boas histórias do ‘comandante’, alcunha pela qual chama seu avô. “Uma vez ele ganhou uma camisa pólo do Palmeiras e, claro, gostou. Mas ele não se sente muito bem com este tipo de camisa. Então, nos pediu para tirar a gola e colocar botões. Ele usava muito esta camisa”, contou Audisio, complementando o paradeiro da peça. “Ele ficou doente tempos atrás e no hospital a deu a uma enfermeira palmeirense. Em retribuição ao carinho recebido”.
Juvenal, que viu as duas Academias, a era Parmalat e todo o restante da história do clube do coração, já presenteou também o seu bisneto, filho de Audisio. E, de novo, o Palmeiras está presente. “Ele deu um copinho do Palmeiras escrito Vinicius, nome do meu filho de cinco anos. Ele sempre fala: ‘Quando ele crescer, é para ele saber que o bisavô torcia para este time”, relatou Francisco, que, antes de sair da sala da preleção, confidenciou aos jogadores: “Vocês não sabem o bem que fazem para este senhor”.