Agência Palmeiras
Marcelo Cazavia
O Palmeiras entrará em campo no clássico deste domingo [19] contra o São Paulo, no Pacaembu, vestindo um modelo de camisa igual ao do ano de 1942, quando, pela primeira vez, o antigo Palestra Italia atuou com o nome de Palmeiras. O episódio, conhecido como Arrancada Heroica, ocorreu no dia 20 de setembro daquele ano, no próprio estádio do Pacaembu, diante do mesmo São Paulo. A vitória por 3×1 garantiu o título estadual ao Verdão.
Durante a Segunda Guerra Mundial, com o Brasil combatendo ao lado das forças Aliadas, um decreto do governo Getúlio Vargas proibiu qualquer entidade nacional de usar nomenclatura relacionada aos países rivais do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). O Palestra Italia, assim, foi obrigado a mudar de nome, passando a chamar-se Palestra de São Paulo.
A mudança, porém, não aplacou as pressões políticas e até desportivas. E sob pena de perder o patrimônio e ser retirado do campeonato o qual liderava invicto, o Palestra teve de mudar o nome novamente. Nas vésperas da partida contra o São Paulo, válida pela antepenúltima rodada do Paulistão e que poderia definir o campeão por pontos corridos, a diretoria palestrina se reuniu para alterar a denominação do clube. “Não nos querem Palestra, pois seremos Palmeiras e nascemos para ser campeões”. E assim foi.
O Palmeiras entrou em campo naquele dia 20 de setembro de 1942 com um novo nome, um novo símbolo (desta vez só com um “P” e não mais com o “PI”) e conduzindo a bandeira brasileira sob o comando do capitão do Exército Adalberto Mendes. Os supostos “inimigos da pátria”, desta forma, surpreendiam o público presente no Pacaembu. E, com a bola rolando, o orgulho e a técnica falaram mais alto. A equipe vencia por 3×1 quando o São Paulo, descontente com a marcação de um pênalti para o adversário, retirou-se de campo. O título estava garantido. Assim, como previsto, “o Palestra morreu invicto, e o Palmeiras nasceu campeão”.
FICHA TÉCNICA:
Palmeiras 3 x 1 São Paulo
Palmeiras
Oberdan; Junqueira e Begliomini; Zezé Procópio, Og Moreira e Del Nero; Cláudio, Waldemar Fiúme, Villadoniga, Lima e Echevarrieta. Técnico: Armando Del Debbio
São Paulo
Doutor; Piolin e Virgílio; Lola, Noronha e Silva; Luizinho, Waldemar de Brito, Leônidas, Remo e Pardal. Técnico: Vicente Feola
Local: estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP)
Data: 20 de setembro de 1942
Público: 55.913 pagantes
Árbitro: Jaime Janeiro Rodrigues
Gols: Cláudio, aos 19min, Waldemar de Brito, aos 23min, e Virgílio (contra), aos 43min do primeiro tempo; Echevarrieta, aos 14min da segunda etapa
Cartão vermelho: Virgílio