O Palmeiras celebrou no dia 12 de junho o centenário de um dos grandes heróis de sua história. Goleiro do clube durante 14 temporadas seguidas (de 1941 a 1954), Oberdan Cattani dedicou ao Verdão os seus 95 anos de vida. O bigode sempre bem aparado, as mãos enormes e o porte físico avantajado forjaram a figura do ídolo, que morreu em 2014.
Homenageado com um busto de bronze na sede social (honraria máxima concedida a um jogador alviverde), Oberdan está eternizado na memória palestrina. E, para assegurar que esse legado perdure para sempre, a família do camisa 1 construiu um museu privado no sobrado onde ele viveu por quase sete décadas, no bairro da Pompeia, em São Paulo.
O memorial reúne os principais adereços preservados pelo goleiro. Alguns itens têm valor histórico inestimável, como a medalha, o lenço e o relógio dados a Oberdan pela conquista da Copa Rio de 1951, o primeiro campeonato mundial de clubes. O acervo ainda conta com camisas e chuteiras do ídolo, além de vários álbuns com fotos e recortes de jornais.
“Minha mãe fez o primeiro álbum quando começou a namorar com o meu pai, em 1943 (casaram-se em 1945). Ele saía muito nos jornais daquela época”, diz a educadora Walkyria Cattani Ivanaskas, de 71 anos, filha mais velha da lenda palmeirense.
“Colecionamos também bolas, flâmulas e prêmios individuais, além das placas que ele continuou a receber mesmo depois de pendurar as luvas. Aliás, o meu pai nunca pendurou as luvas pois, naquele tempo, goleiro nem luvas usava”, brinca. “Até hoje, nós arquivamos todas as reportagens sobre o meu pai que são publicadas na internet e em jornais. Um dia, vamos digitalizar todo esse material.”
A ideia de criar o museu foi concebida logo após a morte de Oberdan. Walkyria e seu marido, Roberto (que faleceu em novembro do ano passado), fizeram uma ampla reforma na casa, instalaram prateleiras e investiram em iluminação adequada. Concluído em 2017, o espaço é frequentado atualmente por amigos da família e historiadores.
“Na verdade, nunca pensamos em fazer o memorial com o intuito de ganhar dinheiro. É um memorial particular. Mas, volta e meia, abrimos as portas para pessoas interessadas em ter um contato mais próximo com a carreira do meu pai”, diz Walkyria.
“Ele nasceu palestrino, a família toda é descendente de italianos. Meu pai chegou ao Palmeiras com 21 anos e foi Palmeiras até o dia em que levaram seu corpo para a morada definitiva. Ele, praticamente, só jogou no Palmeiras. Casou-se e celebrou as Bodas de Prata no Palmeiras. Todos os aniversários dele eram festejados no Palmeiras. Então, falar de Oberdan e Palmeiras é falar de uma coisa só”, acrescenta.