Tirone fala sobre rebaixamento e projeta futuro do Palmeiras

Agência Palmeiras
Thiago Kimori

Na tarde desta terça-feira (20), o presidente do Palmeiras, Arnaldo Tirone, concedeu entrevista coletiva aos jornalistas presentes na Academia de Futebol. Entre diversos assuntos, o dirigente palmeirense falou sobre o rebaixamento do Verdão para a Série B do Campeonato Brasileiro, projetou a próxima temporada, quando o time alviverde volta a disputar a Taça Libertadores da América, e avaliou o mandato dele frente ao clube palestrino.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista coletiva:

Rebaixamento no Brasileiro

“Nós não esperávamos por esta situação. Nós não gostaríamos que isso tivesse acontecido. Fizemos o possível e o impossível para evitar. Todas as providências foram tomadas, mas infelizmente o Palmeiras acabou indo para a Série B. O que eu quero frisar é o seguinte: depois de dez anos, o Palmeiras precisava de um título de âmbito nacional, um título importante. E foi o que aconteceu. Nós focamos na Copa do Brasil, fomos campeões invictos e garantimos vaga na Libertadores, que é o campeonato mais importante. O Palmeiras se sacrificou muito na Copa do Brasil e isso teve um custo. Nós tivemos muitos jogadores lesionados e o elenco foi prejudicado, o que veio a nos prejudicar no Campeonato Brasileiro.”

Torcida

“Eu entendo o sofrimento da torcida, eu entendo que a torcida esteja contrariada. Eu entendo a tristeza dela e até peço desculpas, pois sou o presidente do Palmeiras. Mas a torcida deve ser amiga do Palmeiras, amigos é para sempre. Amigo não vê defeito no amigo. A torcida deve ser amiga dos jogadores. Estamos tristes? Estamos. Estamos abatidos? Estamos. Mas nós não estamos mortos. Fizemos de tudo que era possível para o Palmeiras recuperar os pontos que perdeu em consequência da Copa do Brasil, dos erros de arbitragem e das perdas dos mandos de campo. Quero que a torcida saiba que toda a diretoria sempre esteve comprometida para o Palmeiras não chegar a essa derrota que ele teve, de chegar à Série B. Não adianta perseguir jogador no meio da rua, tem que apoiar os jogadores. Esses jogadores honraram a camisa do Palmeiras na Copa do Brasil.”

Pressão pós-rebaixamento

“Eu tenho sofrido muita pressão. Tenho tido brigas com meus filhos, minha família e meus amigos. Eu tenho frequentado o clube todos os dias. Eu nunca deleguei para ninguém as assinaturas do clube. Neste final de semana, eu viajei para o Rio (de Janeiro) e precisava colocar a minha cabeça no lugar. Eu não estou me escondendo. Eu estava na praia e tiraram uma foto minha. Vocês viram que não é uma foto de alegria, é de tristeza. Eu estava no telefone porque eu estava falando com a imprensa. Haviam palmeirenses na praia e eles vieram falar comigo. Eles falaram algumas palavras e deram opiniões. Eu chorei por dentro, pois eu não posso chorar por fora, eu não posso mostrar abatimento. Eu estou abatido, estou mal, mas não estou morto. Eu sou um ser humano, o Palmeiras não me paga salário. Eu nunca faltei a nenhum compromisso com o Palmeiras e nunca vou faltar. Não vou me abater e me esconder embaixo da cama.”

Mandato no Palmeiras

“Eu tentei acertar em tudo, mas, quando você tenta acertar, você acaba errando em alguma coisa. Não sei qual foi o erro. Não deixei de pagar salários, não deixei de frequentar o clube em nenhum momento, não deixamos de fazer de tudo para fazer contratações. Eu assumi um clube com dívidas e sem dinheiro em caixa. Eu não me sinto culpado porque eu não fiz nada de propósito. Eu fiz o meu trabalho. A minha diretoria tinha autonomia para fazer as coisas que eram necessárias para o clube. Eu deleguei muito para pessoas que eu acho capacitadas. Hoje, o Palmeiras está com uma administração muito mais equilibrada. Isso foi decorrência desta diretoria, que trabalhou muito. Foram dois anos sacrificados. Deixei de lado muitas coisas, minha família, meus negócios, deixei de ganhar dinheiro. Mas tudo vale a pena quando você tem amor por alguma coisa, como eu tenho pelo Palmeiras. Meu pai ganhou 11 títulos no Palmeiras e foi xingado.”

Dispensas e contratações

“É notório que isso vai acontecer (dispensas), pois o ano está se encerrando. Temos alguns atletas que vão ter o contrato encerrado no final do ano e outros que vieram por empréstimo. É claro que vai haver uma dispensa de jogadores. Tem alguns que devem sair do Palmeiras. Com relação ao Ayrton, nós o contratamos.”

Reforços de peso

“Se o Palmeiras tiver condições financeiras, ele precisa trazer um jogador de peso. É um momento complicado, mas o Palmeiras carece de alguns nomes. Terminando o Campeonato Brasileiro, nós vamos apresentar o Ayrton e fazer um planejamento. Temos alguns jogadores que vão retornar de empréstimo. Nós vamos fazer uma reunião com o (Gilson) Kleina e a comissão técnica para iniciar o planejamento.”

Hernán Barcos

“O goleiro Marcos disputou a Série B do Brasileiro e foi convocado para a seleção brasileira. Logo depois, ele foi campeão mundial. É claro que a Série B é inferior à Série A, mas isso não quer dizer que o Barcos vai perder o valor dele, pois todos conhecem o potencial do Barcos e o técnico da seleção argentina também. Ele é uma pessoa pura, uma pessoa que não gosta de perder. Ele está triste por causa do rebaixamento, ele falou para mim. O Palmeiras vai cumprir o contrato com ele e o Barcos vai honrar o acordo que a gente tem. O Barcos não vai sair do Palmeiras.”

Marcos Assunção

“O contrato do Assunção termina no final do ano. Já tinha havido uma conversa de renovação com ele. No decorrer dessa conversa, ele se machucou e foi operado. Ele pediu para voltar a jogar, ele falou que deseja encerrar a carreira no Palmeiras, não quer jogar em outro time. Ele voltou 20 dias antes da recuperação para ajudar o Palmeiras no Campeonato Brasileiro. Ele deve continuar no Palmeiras.”

Gilson Kleina

“Eu mesmo que o trouxe para o Palmeiras. Se depender de mim, ele tem que continuar em 2013. O time está com a pegada da Copa do Brasil. É o mesmo time jogando um pouco diferente. O Palmeiras está no caminho certo, mas infelizmente a sorte não vem nos acompanhando.”

Palmeiras em 2013

“O Palmeiras tem que ter um time para disputar forte todos os campeonatos do ano que vem. A comissão técnica tem qualidade para montar um time comprometido com o Palmeiras. Uma equipe com jogadores comprometidos, assim como o Assunção, o Barcos e o Henrique, por exemplo. Atualmente, há muitos jogadores comprometidos no Palmeiras. Muitos jogadores estão indo embora, mas eles foram campeões da Copa do Brasil. Eles estão indo embora por condições de contrato, não porque não possuem condições de jogar pelo Palmeiras. No ano que vem, nós vamos ter um time competitivo e mais forte para disputar todos os campeonatos.”

Taça Libertadores da América

“Depois de mais de dez anos da conquista da Libertadores, o Palmeiras deve pensar dessa maneira (disputar o título). Temos que montar um time para vencer todos os campeonatos. A Libertadores é uma competição muito importante. O Palmeiras tem condições de disputar o título da Libertadores. Temos jogadores novos que estão atuando bem, só precisamos complementar o elenco.”

Possível reeleição em 2013

“Eu estou fazendo de tudo pelo Palmeiras. A questão da reeleição é uma decisão minha, particular. Se eu achar que devo ser candidato, eu vou me candidatar. Mas, antes de tudo, eu vou ouvir os meus amigos. Eu estou sofrendo uma pressão muito grande, e até perseguições eu tenho sofrido. Porém, nada disso vai me abater. No futuro, vocês vão saber se eu serei candidato.”

Antecipação das eleições

"Com relação a antecipar as eleições, é uma atribuição ao presidente do nosso Conselho. O meu mandato vai até janeiro. Se depender de mim, eu vou cumprir o meu mandato até o final. Se o presidente do Conselho achar que deve adiantar as eleições, eu vou acatar essa decisão. Isso cabe ao presidente do Conselho."

Profissionalização de alguns setores do clube

“Eu vi uma diretoria sacrificada e trabalhando bastante, até se prejudicando em negócios particulares. A profissionalização é um caminho e vamos procurar fazer isso. Não podemos prejudicar os nossos diretores na vida particular. O Palmeiras vai completar 100 anos, vai ter um estádio novo e vai ter novas receitas. Precisamos de mais profissionais, isso é preciso e vai acontecer.”