Vinte anos depois, Gato Fernández exalta título de 1994 e elogia Prass

Luan de Sousa
Departamento de Comunicação

Divulgação _ Gato Fernandez: “Os jogos mais especiais foram os clássicos contra Corinthians e São Paulo. Eram partidas diferentes.”

Titular da meta alviverde na conquista do Campeonato Paulista de 1994, Gato Fernández enalteceu, 20 anos depois, o troféu erguido com o manto palestrino. Último goleiro contratado antes de Fernando Prass, o paraguaio também elogiou e deu dicas ao atual arqueiro do Verdão.

“Em 94, fizemos uma temporada muito boa, conquistando os títulos paulista e brasileiro. Tínhamos jogadores muito bons, um elenco forte em todos os sentidos. Para mim, ter jogado e sido campeão pelo Palmeiras foi algo especial, grandioso”, disse Gato, em entrevista ao Site Oficial do Palmeiras.

O ex-goleiro, que ainda hoje ostenta seu bigode característico, estreou na vitória por 4 a 2 sobre o Guarani, no dia 1º de abril (já no segundo turno), e, a partir daí, participou da campanha inteira. “Os jogos mais especiais foram os clássicos contra Corinthians e São Paulo. Eram partidas diferentes”, afirmou Fernández, trazido à época com quase 40 anos.

“Ter sido contratado pelo Palmeiras foi marcante demais para mim, principalmente porque vim para um time com tradição de revelar bons goleiros e com 39 anos. Sem contar que a equipe tinha jogadores ótimos da posição, como Velloso (que, emprestado ao Santos durante o Paulistão, retornou para o Brasileiro), Sérgio e Marcos, que já se destacava nos juniores. Enfim, foi uma satisfação muito grande”, expôs.

Por fim, o paraguaio, último arqueiro contratado antes de Fernando Prass, aconselhou o atual capitão palmeirense e teceu elogios ao jogador gaúcho. “Eu já vi alguns jogos do Prass, e ele é muito bom goleiro. Eu acho que ele deve fazer o que vem fazendo: que é não ligar para essa pressão (de ter sido contratado). Ele tem de trabalhar durante a semana com tranquilidade. Tenho certeza de que ele será um ídolo do Palmeiras”, finalizou Gato, hoje aposentado e pai coruja do filho Gatito Fernández, atual goleiro do Cerro Porteño-PAR e frequentemente convocado para a Seleção Paraguaia.

Homenagem a Senna, Maurílio e festas: relembre o bi paulista de 94

No dia 12 de maio de 1994, há exatos 20 anos, o Verdão desceu para o vestiário do Estádio Bruno José Daniel, em Santo André-SP, bicampeão paulista. Ainda restava o segundo tempo da partida, mas a vitória parcial sobre o time da casa por 1 a 0, com gol do ‘matador’ Evair, aliada ao empate consumado do rival São Paulo com o Novorizontino, jogo que havia começado uma hora antes, sacramentou o título que, desde a primeira rodada, foi recheado de curiosidades.

Mudanças na fórmula de disputa

Ao contrário das 40 equipes participantes e dos entroncamentos confusos da edição anterior, o método de disputa do Paulistão de 1994 foi simplificado: 16 clubes, turno e turno e sistema de pontos corridos.

Contratação de gringos

Campeão paulista e brasileiro em 1993, o Palmeiras, além de ter mantido a base para a temporada seguinte, buscou reforços pontuais no mercado. Ou melhor, no mercado estrangeiro. Da Colômbia, veio o meia Freddy Rincón, então destaque do América de Cali-COL. Do Paraguai, chegou o goleiro Gato Fernández, à época com 39 anos e com o status de ter disputado a Copa do Mundo de 1986. A dupla se juntou à constelação que já tinha Sérgio, Cláudio, Antônio Carlos, Cléber, Roberto Carlos, César Sampaio, Mazinho, Zinho, Edílson, Edmundo e Evair.

Gato, com seu bigode peculiar, assumiu a titularidade no segundo turno e não saiu mais. Já Rincón, vestindo a divina camisa 10, participou da campanha inteira praticamente, sobretudo quando o técnico Wanderley Luxemburgo optou por ‘afastar’ Edmundo após o atacante ter reclamado de ter sido substituído em uma partida contra o São Paulo pela Libertadores.

Clássicos

O Alviverde perdeu dois clássicos no primeiro turno. No dia 27 de fevereiro, no estádio do Morumbi, o São Paulo venceu por 2 a 1, e, no dia 13 de março, o Corinthians levou a melhor por 1 a 0, no mesmo local. No entanto, a campanha palestrina era tão boa que tais revezes não tiraram o clube das primeiras posições da tabela. Além disso, o segundo turno estava por vir e a revanche sobre os rivais não tardaria…

Virada de campeão

Por ter sido disputado por pontos corridos, o torneio estadual não teve decisões. Mas o torcedor palmeirense considera a vitória de virada sobre o São Paulo (3 a 2) no returno, no dia 1º de maio, no Morumbi, como a partida do título. O Verdão, que só ergueria a taça rodadas depois, saiu atrás do marcador duas vezes, mas reagiu e, aos 38 minutos da segunda etapa, concluiu o épico triunfo. Evair, de falta, foi o herói para variar.

 

Com o resultado, o Palmeiras se isolou na ponta com 39 pontos, deixando para trás o rival tricolor com 34 e com dois duelos a menos – à época, a vitória valia dois pontos.

Maurílio

Contestado por parte da torcida, o atacante Maurílio foi importantíssimo no Choque-Rei citado acima. Alheio aos gritos de ‘burro’ das arquibancadas em direção ao treinador Luxemburgo durante sua substituição, o jogador entrou e, em seu primeiro toque na bola, marcou, depois de uma cobrança de escanteio, o tento do empate por 2 a 2. Detalhe: o Verdão havia batido o escanteio antes, mas o árbitro pediu para voltar para que o clube operasse a alteração por Maurílio. Predestinado?

Obrigado, Senna

Um dos episódios mais marcantes (e emocionantes) da taça de 94 ocorreu nos minutos iniciais da mesma partida ante o São Paulo. De forma proposital, o árbitro paraguaio Juan Francisco Escobar autorizou o começo do jogo e, alguns lances depois, paralisou o clássico com a bola rolando. Foi o instante em que o estádio do Morumbi, abarrotado por mais de 58 mil pessoas, prestou uma justa homenagem ao ídolo Ayrton Senna, cuja morte havia sido anunciada poucas horas antes. Depois do minuto de silêncio (comovente por si só), as duas torcidas, deixando a rivalidade de lado, cantaram juntas ‘Olê, olê, olê, olá, Senna, Senna’.

 

Festas

Novamente habituado a gritar ‘é campeão’, o torcedor palestrino se precipitou e, no dia 8 de maio, em meio à vitória por 1 a 0 sobre o Ituano (com gol de Rincón), invadiu o gramado do Estádio Palestra Italia antes do apito final e antecipou a festa que só viria quatro dias depois. Evair, artilheiro da competição com 22 gols, relembrou o fato. “A torcida invadiu o campo, o vestiário, tudo. Descemos e íamos trocar de roupa quando alguém da arbitragem nos avisou que os minutos finais seriam jogados, como acabou acontecendo. Foi uma loucura”, disse, sorrindo.

 

No dia 12, o Alviverde derrotou o Santo André por 1 a 0 e, ainda no intervalo do embate, foi declarado bicampeão. Agora a festa estava liberada!

 

Faixa carimbada?

No dia 15, três dias depois, o Corinthians poderia colocar água no chopp alviverde na última rodada do certame. Poderia. Só que a equipe palestrina ganhou por 2 a 1, com tentos de Evair e Edílson, manteve a faixa de campeão intacta e finalizou a campanha com chave de ouro.

 

Primeiro bicampeonato da era pós-42

Os títulos de 93 e 94 foram o primeiro bicampeonato da história da Sociedade Esportiva Palmeiras. Como Palestra Italia, contudo, o clube havia conquistado troféus consecutivos nas décadas de 20 (1926 e 1927) e 30 (1932, 1933 e 1934).

 

Classificação final

P EQUIPE Pts J V E D GP GC S A
1. Palmeiras 47 30 20 7 3 63 22 41 78
2. São Paulo 41 30 16 9 5 66 38 28 68
3. Corinthians 41 30 16 9 5 59 34 25 68
4. Santos 34 30 11 12 7 37 34 3 57
5. América 30 30 12 6 12 32 32 0 50
6. Novorizontino 29 30 8 13 9 35 37 -2 48
7. Rio Branco 28 30 10 8 12 35 37 -2 47
8. Portuguesa 28 30 9 10 11 40 49 -9 47
9. U. São João 28 30 8 12 10 40 40 0 47
10. Guarani 27 30 8 11 11 47 46 1 45
11. Bragantino 27 30 8 11 11 26 39 -13 45
12. Ferroviária 26 30 10 6 14 34 50 -16 43
13. Ponte Preta 26 30 8 10 12 37 44 -7 43
14. Mogi Mirim 26 30 8 10 12 37 46 -9 43
15. Santo André 23 30 8 7 15 27 42 -15 38
16. Ituano 19 30 5 9 16 21 46 -25 32
P = Posição; Pts = Pontos; J = Jogos; V = Vitórias; E = Empates; D = Derrotas; GP = Gols-pró; GC = Gols contra; S = Saldo; A = Aproveitamento

Todos os jogos

Ferroviária 0 x 2 Palmeiras
Gols: Evair, aos 17, e César Sampaio, aos 39 do 2º tempo

Bragantino 2 x 2 Palmeiras
Gols: Evair, aos 14, Zinho, aos 18, e Sílvio, aos 19 do 1º tempo; Sílvio, aos 44 do 2º tempo

Palmeiras 5 x 0 Ponte Preta
Gols: Maurílio, aos 15 do 1º tempo; Rincón, aos 15, Tonhão, aos 31, Sorato, aos 43, e Evair, aos 44 do 2º tempo

Ituano 1 x 6 Palmeiras
Gols: Orlando (contra), aos 3, Edmundo, aos 26, e Rincón, aos 43 do 1º tempo; Antônio Carlos (contra), aos 7, Zinho, aos 9, Edmundo, aos 28, e Evair, aos 41 do 2º tempo

Palmeiras 1 x 1 União São João
Gols: Israel, aos 8, e Cléber, aos 28 do 2º tempo

Palmeiras 4 x 0 Portuguesa de Desportos
Gols: Edmundo, aos 29 e aos 36 do 1º tempo; Evair, aos 43 (pênalti) e aos 51 do 2º tempo

América 0 x 0 Palmeiras

Guarani 0 x 2 Palmeiras
Gols: Rincón, aos 26 do 1º tempo; Maurílio, aos 31 do 2º tempo

Palmeiras 2 x 0 Novorizontino
Gols: Zinho, aos 18 do 1º tempo; Edílson, aos 26 do 2º tempo

Palmeiras 1 x 2 São Paulo
Gols: André, aos 13, e Evair, aos 18 do 1º tempo; Leonardo (pênalti), aos 11 do 2º tempo

Mogi Mirim 0 x 1 Palmeiras
Gol: Zinho, aos 40 do 1º tempo

Santos 1 x 4 Palmeiras
Gols: César Sampaio, aos 34 do 1º tempo; Macedo, aos 7, Marcelo Fernandes (contra), aos 9, Evair, aos 31, e Cléber, aos 33 do 2º tempo

Palmeiras 2 x 0 Santo André
Gols: Evair, aos 18, e Edílson, aos 22 do 2º tempo           

Corinthians 1 x 0 Palmeiras
Gol: Henrique, aos 23 do 2º tempo

Palmeiras 1 x 1 Rio Branco
Gols: Rincón, aos 8, e Marcelo (pênalti), aos 35 do 1º tempo                       

Rio Branco 1 x 2 Palmeiras
Gols: Marcelo (pênalti), aos 24 do 1º tempo; Evair (pênalti), aos 17, e Antônio Carlos, aos 46 do 2º tempo                                                                                                             

Ponte Preta 2 x 1 Palmeiras
Gols: Pedro Luís, aos 43 do 1º tempo; Evair (pênalti), aos 17, e Esquerdinha (pênalti), aos 29 do 2º tempo

Palmeiras 4 x 2 Guarani
Gols: Rincón, aos 9, Evair, aos 18, e Djalminha, aos 26 do 1º tempo; Zinho, aos 2, Edílson, aos 13, e Djalminha, aos 30 do 2º tempo           

Palmeiras 1 x 1 Santos
Gols: Evair (pênalti), aos 10, e Índio, aos 18 do 1º tempo

União São João 0 x 2 Palmeiras
Gols: Edmundo, aos 10 e aos 43 do 2º tempo

Portuguesa 0 x 0 Palmeiras

Palmeiras 6 x 0 Bragantino
Gols: Evair, aos 10, Edmundo, aos 15, e Evair (pênalti), aos 29 do 1º tempo; Edmundo, aos 17, Rincón, aos 31, e Edílson, aos 38 do 2º tempo

Palmeiras 2 x 1 Ferroviária
Gols: Evair, aos 26 do 1º tempo; Evair, aos 4, e Juari, aos 21 do 2º tempo

Palmeiras 1 x 0 América
Gol: Cléber, aos 10 do 1º tempo

Novorizontino 1 x 1 Palmeiras
Gols: Evair (pênalti), aos 27, e Geraldo, aos 34 do 2º tempo

São Paulo 2 x 3 Palmeiras
Gols: Edílson, aos 28, Euller, aos 34, e Müller, aos 35 do 1º tempo; Maurílio, aos 29, e Evair, aos 38 do 2º tempo

Palmeiras 3 x 2 Mogi Mirim
Gols: Evair, aos 4, Rincón, aos 19, e Evair, aos 30 do 1º tempo; Marco Antônio, aos 19, e Leto, aos 44 do 2º tempo

Palmeiras 1 x 0 Ituano
Gol: Rincón, aos 39 do 1º tempo

Santo André 0 x 1 Palmeiras
Gol: Evair, aos 19 do 1º tempo

Palmeiras 2 x 1 Corinthians
Gols: Evair (pênalti), aos 44, e Edílson, aos 47 do 1º tempo; Tupãzinho, aos 36 do 2º tempo