Maior título de um clube brasileiro e a euforia do povo nas ruas paulistanas

O país parou para festejar o Palmeiras. A repercussão da celebração eclodiu em todos os jornais do Brasil e nos principais periódicos do mundo à época.  “Desse modo, na semana passada, os acontecimentos de maior relevo foram, ainda, os jogos pela ‘Taça Rio’, principalmente o último, é claro, em que se evidenciou a possibilidade de o quadro campeão paulista obter o título de campeão mundial”, publicou o jornal ‘O Estado de S. Paulo’ após o feito. Já ‘A Gazeta Esportiva’ trouxe em sua capa a foto do time campeão e a manchete: “Palmeiras, campeão do mundo!”. Itália, França, Iugoslávia e grande parte dos países europeus também trataram a competição unanimemente como “Torneio Mundial de Campeões”.

O título mundial do Palmeiras, além de inédito, completou as Cinco Coroas de conquistas consecutivas no período de um ano – antes de levantar a quinta taça, o Verdão havia faturado de maneira seguida duas Taças Cidade de São Paulo, um Paulista e um Rio-São Paulo.

Na volta de trem para São Paulo, a alegria pairava nos trilhos. A cada estação, a delegação alviverde era festejada pela população local. E na chegada à capital paulista, na região da estação Roosevelt, os palmeirenses foram recebidos por uma multidão de aproximadamente um milhão de pessoas, que acompanharam os campeões até o Palestra Italia.

As declarações a respeito da conquista do mundo pelo Palmeiras foram várias. Camisa 10 da Seleção em 1950, o meia Jair Rosa Pinto, um dos maiores jogadores da história do clube, definiu da seguinte maneira o feito. “Tive a chance em 51 de ser o que não consegui em 50: campeão do mundo”, disse.

Giampiero Boniperti, artilheiro do Mundial de 51 pela Juventus e um dos “carrascos” do Alviverde naquele campeonato, publicou em sua biografia Una Vita A Testa Alta (Uma vida de cabeça erguida, em português), de 2003, um capítulo especialmente elaborado para contar a história do torneio. Ao encerrar a passagem, o italiano engrandece o Verdão: “A vitória do Palmeiras naquele primeiro campeonato mundial de clubes sanava uma terrível ferida: a derrota no Mundial de 50”, escreveu.

O sucesso do torneio internacional no Brasil foi tanto que, em 1955, o mesmo Ottorino Barassi dedicou-se à criação da atual Champions League sobre o nome de Taça dos Clubes Campeões Europeus. Inicialmente, o formato da competição fora desenhado por representantes do jornal esportivo francês L’Equipe, sobre a alçada do editor Gabriel Hanot. O Real Madrid, da Espanha, venceu as cinco primeiras edições da taça, entre 1955 e 1960.