Valentino Sola

05 de julho de 1918 a 21 de fevereiro de 1919

Décimo presidente da história do Palestra Italia, Valentino Sola tinha 32 anos de idade quando substituiu Duilio Frugoli. O jovem médico nascera em São Paulo, no dia 29 de junho de 1886, formou-se pela Faculdade de Medicina de Roma em 1912 e voltou ao Brasil após estágio em hospitais da capital italiana, de Nápolis e de Paris. Especialista em doenças de pele, doenças venéreas, urologia, tuberculose e lúpus, integrou o corpo médico do Hospital Humberto I, atual Matarazzo, até seu falecimento, aos 43 anos (6 de fevereiro de 1930), em São Paulo.

Em julho de 1918, Sola assumiu a cadeira mais importante do Palestra dias após a equipe, vice-campeã paulista no ano anterior, abandonar a competição por divergências com a Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA). Ele, então, mobilizou clubes que estavam alijados da entidade a criar uma nova liga e manter o futebol com regras mais organizadas e justas.

Surgia a Federação Olímpica Paulista (FOP), composta por Palestra Itália, América, Americano, Campos Elyseos, Touring Club Paulistano e Luzitano. Imaginava-se um enfraquecimento do Palestra com a sua saída da APEA, entretanto, ocorreu justamente o contrário. O Palestra continuou lotando os campos onde atuava, enquanto a APEA ficou sem um dos seus mais rentáveis integrantes. O apogeu ocorreu no dia 01 de setembro, quando o Palestra derrotou a Seleção Mineira por 6 a 2 para um público de aproximadamente 15.000 pessoas no Parque Antarctica.

Em 01 de outubro, após reuniões conciliatórias, foi declarada a volta do Palestra para a entidade organizadora dos esportes em São Paulo e a extinção da FOP.

Gripe Espanhola

Em 20 de outubro, um domingo, minutos antes de serem iniciadas as partidas do dia e com os estádios já tomados pelos torcedores, agentes sanitários chegaram para impedir a realização dos jogos, exigindo que não se formasse concentração de público por causa da influenza hespanhola, que já se alastrava em solo paulista. Houve interrupção do calendário futebolístico por dois meses.

Liderado por Sola, o Palestra Italia abriu em sua sede, uma sala social do localizada na rua Líbero Badaró, centro da capital paulista, o primeiro posto de combate à doença na cidade. Foram montados 30 leitos de tratamento para os enfermos, que recebiam os cuidados diretamente de Sola, do seu colega de medicina Giuseppe Zaccaro e de uma equipe da Cruz Vermelha Brasileira.

Durante meses, o mandatário palestrino dedicou todos os esforços contra a doença que ceifou milhares de vidas no Brasil. Dos 20 locais de tratamento sob a supervisão da Cruz Vermelha Brasileira, o Posto Hospitalar Palestra Italia foi o terceiro que mais recebeu enfermos (atrás apenas da sede da própria entidade e do Posto da Comunidade Syria de São Paulo), segundo relatório publicado em fevereiro de 1919. Além disso, o Palestra doou, durante três meses, a quantia de 500 mil réis mensais aos órgãos de saúde para outros custeios necessários.

Em 4 de abril de 1919, Sola retornou para a Itália a fim de quitar as suas obrigações militares. Dedicou-se a contribuir no posto médico dos militares durante a Guerra Civil Italiana, que eclodiu naquele ano, e foi destacado para atuar na cidade de Fiume (hoje Rijeka, na Croácia), onde os italianos travaram uma batalha com os croatas pela conquista daquele território.

Retornou a São Paulo em 1921, já casado com a senhora Ignez Galizia, em matrimônio realizado na cidade de Nápoles. Manteve suas atividades médicas na capital paulista e esteve ativo no Palestra Italia como conselheiro e associado. Anos mais tarde, foi homenageado pela Prefeitura com nome de rua, Doutor Valentino Sola, no bairro Jardim da Gloria, na Zona Sul.

O médico dos humildes e desamparados era também conferencista, ensaísta, poeta e jornalista. Foi colaborador de La Stampa Sportiva, no qual assinava matérias com os pseudônimos de Doutor Esse e Edelweis, e também presidente da Sociedade Dante Alighieri. O seu grande objetivo era estreitar os laços que uniam o Brasil e a Itália e, em reconhecimento, recebeu do governo italiano a outorga da Cruz de Cavaleiro da Coroa da Itália.

Como Sola, outros dois presidentes alviverdes também exerceram a profissão de médico: Raphael Parisi (1934 a 1938) e Francisco Patti (1945 a 1947).