Dos campos de várzea ao Palestra: Ministrinho estreava pelo Verdão há 90 anos

Bruno Alexandre Elias
Departamento de Comunicação

Divulgação_Ministrinho foi um dos primeiros brasileiros a atuar no futebol europeu, na década de 30O Palmeiras comemora nesta segunda-feira (13) o 90º aniversário da estreia de Pedro Sernagiotto (*São Paulo-SP 17/11/1908 † São Paulo-SP 05/04/1965), o eterno Ministrinho, um dos maiores pontas da história do clube e que ficou marcado por ter sido um dos primeiros brasileiros a atuar na Europa com a chegada do profissionalismo ao futebol na década de 30.

Filho de imigrantes italianos, Ministrinho nasceu e cresceu na região central da capital paulista, nas proximidades da Rua Augusta, local onde teve, na infância, seu primeiro contato com a bola de futebol. Ainda menino, participava das peladas que aconteciam nos tradicionais campos de várzea da região – que eram muito comuns no período. Logo, Ministrinho se destacou dentre os demais colegas e chamou a atenção de olheiros do Palestra Italia, que o levaram para integrá-lo nas categorias inferiores de futebol do clube.

Ao chegar ao Palestra Italia, o jovem talento recebeu do diretor de esportes Ítalo Bosetti o apelido de Ministrinho, pois sua ginga lembrava muito o já consagrado Giovanni Del Ministro, um já consagrado ídolo do Palestra Italia que também atuava na ponta direita.

Fazendo valer o apelido, o garoto seguiu os passos de Ministro rumo ao sucesso: atuou pela equipe infantil, juvenil e pelo segundo quadro antes de chegar à equipe principal. E foi no dia 13 de novembro de 1927 – portanto, há exatos 90 anos – que Ministrinho finalmente estreou.

Prodígio, marcou um gol logo em sua primeira partida: um amistoso diante do Americano de São Roque. O duelo foi disputado no campo do Parque Antarctica, e o Palestra Italia goleou o rival por 6 a 2.

Duas temporadas no Verdão foram suficientes para que o jogador ganhasse status de craque, chegando à Seleção Brasileira, em 1929. Seu debute no escrete nacional aconteceu no jogo diante do Rampla Juniors, clube uruguaio que contava com diversos membros da Celeste Olímpica, bicampeã em 1924 e 1928. Com Ministrinho em campo, a Seleção bateu o adversário por 4 a 2, e o jogador passou a ganhar mais notoriedade no futebol.

A carreira esportiva de Ministrinho estava em ascendência constante. Após o estouro do craque no final da década de 20, o ponta-direita permaneceu no Palestra Italia até meados de 1931, quando deixou o Brasil rumo à Itália, para defender as cores da Juventus, de Turim.

No futebol europeu, Ministrinho se destacou no elenco, conquistou a torcida, virou ídolo e, como se não bastasse, o ponta foi o grande maestro da conquista do bicampeonato italiano pelo clube que defendia (1932/1933 – 1933/1934). Sua popularidade na Itália foi tão grande que, quando decidiu voltar ao Brasil, em 1934, para defender o Palestra – seu clube de coração – Ministrinho recebeu das mãos de ninguém menos que o “Duce” Benito Mussolini uma medalha de gratidão pelo empenho, dedicação e bravura.

Ao chegar a São Paulo, Ministrinho reencontrou seus velhos companheiros do Palestra Italia e todos os outros amigos que havia feito no mundo do futebol. Em pouco tempo, integrou-se novamente à equipe palestrina, mas, desta vez, não conseguiu ajudar o time com a mesma intensidade de antes. Ministrinho sofrera algumas lesões ao longo da carreira e pretendia mesmo fazer exibições nos gramados e incentivar moralmente os companheiros.

Nesta segunda passagem pelo time esmeraldino, entre 1934 e 1935, Ministrinho entrou em campo apenas sete vezes, acumulando duas vitórias, quatro empates e apenas uma derrota. Não marcou gols.

No total, Ministrinho acumulou três passagens pelo Palestra Italia – a derradeira aconteceu em 1941, quando permaneceu no clube esmeraldino até 1943. Antes de 1941, o jogador atuou pela Portuguesa de Desportos (1935) e, depois, pelo São Paulo (1936 a 1939).

Prestes a completar 34 anos, Ministrinho resolveu pendurar as chuteiras de uma vez por todas, no mesmo lugar onde tudo começou. Em sua última passagem pelo clube (1941 a 1943), o maestro palestrino atuou 20 vezes, com 14 vitórias, três empates e três derrotas, balançando as redes adversárias em cinco oportunidades.

Na derradeira passagem de Ministrinho pela agremiação, o jogador viu o Palestra morrer líder e o Palmeiras nascer campeão em 1942. A última partida de Pedro Sernagiotto pelo Palmeiras aconteceu no dia 14 de outubro de 1943, no Pacaembu, uma derrota por 2 a 1 contra o Vasco da Gama. No total, Ministrinho jogou 122 vezes pelo clube, obtendo 75 vitórias, 29 empates e 18 derrotas, com 45 gols marcados.