Há 45 anos, Tupãzinho fazia sua despedida do Palestra Italia

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Divulgação _ Tupãzinho em sua contratação pelo PalmeirasNesta terça-feira (10), o Palmeiras relembra os feitos de José Hernani Rosa, o Tupãzinho (*Bagé-RS 26/10/1939 † 16/02/1986), grande ídolo do Verdão, que se despedia há exatos 45 anos.

Tupãzinho chegou ao Palmeiras como um “ilustre desconhecido”. O jogador ainda defendia o Guarany de Bagé-RS quando obteve grande destaque no cenário futebolístico do Rio Grande do Sul. Embora o resto do Brasil mal tivesse ouvido falar de Tupãzinho, os gaúchos já o apontavam como absoluta revelação.

Ao final da temporada de 1962, o Palmeiras procurava um substituto para o meia Chinesinho – um dos maiores craques do Verdão à época –, que foi atuar no futebol italiano. Grêmio e Internacional brigavam por Tupã, porém, foi o Palmeiras que contratou o gaucho por 20 milhões de cruzeiros.

Logo em seus primeiros contatos com o elenco alviverde, ficou claro que Tupãzinho não seria apenas uma promessa. Já em sua estreia, em 13 de fevereiro de 1963, um clássico diante do São Paulo (partida válida pelo Torneio Rio-São Paulo), Tupãzinho deixou sua marca, balançando as redes adversárias após uma cobrança de falta. Foi um tiro certeiro contra o arco do goleiro Gilberto.

O futebol estava no sangue de Tupãzinho. Seu pai, Tupã, já havia defendido clubes como Internacional-RS e Santos FC nos anos 30. Quando chegou para defender o Palmeiras, Tupãzinho declarou abertamente à imprensa que estava realizando um sonho: vestir a camisa de seu time de coração.

Divulgação _ Tupãzinho e Djalma DiasTupãzinho logo caiu nas graças da torcida. Inicialmente, jogava como meia-esquerda, mas a ascensão de Ademir da Guia nesta posição o fez avançar para atuar em posição mais ofensiva – passou a jogar como ponta de lança. Tupãzinho era um jogador completo: chutava forte, driblava, batia faltas com rara precisão e possuía boa movimentação dentro de campo.

Nos anos 60, o Palmeiras era dono de um dos esquadrões mais fortes do Brasil. Popularizava rivalidade com o Santos de Pelé (quase sempre levava a melhor) e ganhou a alcunha de “Academia”, pois, diziam que cada jogo do Palmeiras era uma aula de futebol. Tupãzinho foi uma peça-chave naquela equipe.

Junto a um time de grandes craques, entre os quais, Valdir de Moraes, Djalma Dias, Djalma Santos, Servilio, Julinho Botelho, Ademir da Guia, Vavá, Zequinha e tantos outros, Tupãzinho acostumou-se a levantar canecos pelo Verdão durante a década de 60. O primeiro deles em 1963, quando se sagrou campeão paulista. Naquela oportunidade, o craque esteve em campo em 13 partidas: venceu 8, empatou 4 e perdeu apenas uma. Com 8 gols marcados, Tupãzinho foi o vice-artilheiro do Palmeiras no Paulistão-63 (atrás apenas de Servílio, também palmeirense, que balançou as redes adversárias 21 vezes).

Em 1965, Tupãzinho ajudou o Palmeiras a conquistar mais um troféu: o Torneio Rio-São Paulo, sob comando do treinador Filpo Nuñes. Neste certame, o craque atuou em 16 jogos e marcou 10 gols. Na derradeira partida, o Palmeiras, já campeão, enfrentou o Botafogo. Naquele prélio, Tupãzinho balançou as redes do rival fazendo um golaço de cabeça. Gildo (Palmeiras) partiu com a bola pela ponta direita, deu uma finta espetacular em Rildo, cruzou, e Tupãzinho, de cabeça, desviou a bola no ângulo esquerdo do goleiro Manga, abrindo o placar. Depois, Ademir da Guia e Dario ainda marcaram a favor do Palmeiras, que garantiu a vitória por 3 a 0.

Divulgação _ Tupãzinho integrou a Seleção Brasileira

Ainda em 1965, Tupãzinho foi um dos privilegiados a representar a Seleção Brasileira. Para as festividades de inauguração do estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, a CBD (hoje CBF) convidou o Verdão para representar a seleção canarinho do goleiro ao ponta-esquerda, do técnico ao massagista, inclusive os reservas. O Palmeiras (Brasil) venceu o prélio por 3 a 0, contra a Seleção do Uruguai, e Tupãzinho deixou seu nome na súmula, marcando o segundo gol da partida.

Divulgação _ Tupãzinho ao lado de Servílio Durante muitos anos, o Palmeiras teve umas das melhores duplas de área do país, formada por Tupãzinho e Servílio. No período, não foram poucas as comparações com outra grande dupla de área: Coutinho e Pelé. O Palmeiras, mais do que nunca, fazia valer o apelido, Academia.

Em 1967, Tupãzinho ficou marcado por um fato um tanto quanto curioso: acabou com a carreira do rival corintiano Barbosinha. Foi em 17 de novembro, quando Palmeiras e Corinthians se enfrentavam no Pacaembu. Em dois lances de falta, o craque marcou dois gols em cima do goleiro Barbosinha. Não demorou muito e o arqueiro alvinegro foi perdendo chances em seu clube até desaparecer do futebol.

Ainda em 1967, Tupãzinho conquistou dois títulos nacionais: a Taça Brasil e o Roberto Gomes Pedrosa. Em partida válida pela final do Robertão, em 8 de junho de 1967, contra o Grêmio, o gaucho de Bagé presenteou o então novato César Maluco, que fez dois gols na partida, garantindo assim o resultado final do jogo: Palmeiras 2 x 0 Grêmio. Foi Tupãzinho que deu os passes para César empurrar a bola para dentro do gol, fazendo, assim, com que o Palmeiras chegasse ao título.

Em 1968, por muito pouco, Tupãzinho não se sagrou campeão da Libertadores pelo Verdão – acabou ficando com o vice. Nas finais contra o Estudiantes, o Palmeiras perdeu por 2 a 1 na Argentina e venceu por 3 a 1 em São Paulo, com dois gols de Tupãzinho. Mas o duelo foi para a terceira partida, disputada em Montevidéu, no Uruguai, e o Estudiantes vendeu por 2 a 0. Tupãzinho foi o artilheiro daquela competição com 12 gols.

A derradeira partida do craque aconteceu em 10 de dezembro de 1968. Foi contra o Internacional, na casa do rival, jogo válido pelo Campeonato Brasileiro (Robertão). Naquele mesmo ano, a Academia perdia personagens importantes. O goleiro Valdir, por exemplo, deixou o time. Djalma Santos também. Servílio fez o mesmo. O Palmeiras estava em fase de renovação. Novas figuras estavam chegando na time. Não demoraria muito e César Maluco, que debutou em 1967, logo cairia nas graças da torcida se tornando ídolo do Palmeiras. O jovem Alfredo Mostarda, que estreou em 1968, buscava uma vaga de titular. Luís Pereira e Eurico também chegaram em 1968, e, em 1969, veio o goleiro Leão. Assim, o Palmeiras tomava uma nova forma. Tupãzinho deixou o Palmeiras para que os outros jogadores escrevessem uma nova história. Dos jogadores antigos (anos 60), apenas Dudu e Ademir da Guia atravessaram esta era, dando início a outro capítulo vencedor, que seria chamado de Segunda Academia.

TUPÃZINHO

Nome: José Hernani Rosa
Nascimento: 26/10/1939 († 16/02/1986)
Naturalidade: Bagé-RS
Posição: Atacante
Jogos: 231
Vitórias: 138
Empates: 43
Derrotas: 50
Gols: 124
Títulos: Brasileiros de 1967 (Taça Brasil e Toberto Gomes Pedrosa), Paulistas de 1963 e 1966 e Torneio Rio-São de 1965

Ficha Técnica da última partida:
Internacional 3 x 0 Palmeiras
Data:
10/12/1968
Local: Porto Alegre (RS)
Estádio: Olímpico
Competição: Campeonato Brasileiro (Roberto Gomes Pedrosa)
Árbitro: Armando Marques

Internacional: Gainete; Laurício, Luiz Carlos, Pontes e Jorge Andrade; Elton e Dorinho; Carlito, Bráulio, Claudiomiro e Canhoto.

Palmeiras: Chicão; Eurico, Luís Pereira, Nelson e Ferrari; Dudu (Julio) e Ademir da Guia; César, Tupãzinho, Artime (Servílio) e Serginho. Treinador: Filpo Nuñes.