Sérgio relembra prova de fogo e conta trapalhada de São Marcos
Sérgio chegou ao Palmeiras no dia 13 de janeiro de 1989. Foi emprestado (ao Embu-Guaçu e ao Ceilândia), voltou e, três anos após iniciar a carreira, subiu para o time profissional. Em 1993, aos 22 anos, já era o segundo goleiro. Na quarta rodada do Paulista, por conta de uma lesão do titular Velloso, assumiu a meta alviverde e não decepcionou. Jogou todas as partidas restantes e entrou para a história como o arqueiro do Verdão que colocou fim à árdua fila de 16 anos.
“O goleiro, na maioria das vezes, só entra com a infelicidade do outro. O Velloso já era um ídolo na época, e substituí-lo era uma grande responsabilidade. Mas eu estava preparado. Goleiro tem de estar pronto para agarrar estas oportunidades. Eu sempre digo que foi a passagem mais brilhante da minha carreira”, recordou Sérgio ao Site Oficial do Palmeiras, em entrevista concedida em comemoração aos 20 anos da conquista. Naquela mesma temporada e também como titular, Sérgio levantou ainda os troféus do Rio-São Paulo e do Campeonato Brasileiro.
Naquele Paulista, o Palmeiras alcançou a redenção da melhor maneira possível: desbancando o arquirrival Corinthians na decisão. A caminhada até a glória, porém, não foi nada tranquila. No primeiro duelo da final, realizado no estádio do Morumbi no dia 6 de junho, o Verdão perdeu por 1 a 0. Viola, atacante rival, marcou o gol alvinegro e imitou um porco na comemoração. Atitude que mexeu com os brios do elenco palestrino.
“A semana anterior ao segundo jogo, por tudo o que havia acontecido na primeira partida, não foi boa. Tivemos muita cobrança da imprensa, da torcida e da diretoria. E o tempo não passava… queríamos o apito inicial logo para darmos a volta por cima. Além disso, sabíamos da importância daquele título, pois havíamos perdido uma final em 92. Mais uma derrota seria muito frustrante. Posso dizer que aquele primeiro jogo nos uniu ainda mais”, afirmou.
Em 12 de junho, dia dos namorados, novamente no Morumbi, o torcedor palmeirense, enfim, voltou a ficar em lua de mel com o time. Com um 4 a 0 incontestável (3 a 0 no tempo normal e 1 a 0 na prorrogação) e em tarde inspirada do matador Evair, o Alviverde ressurgiu imponente. “Extravasamos. Festejamos muito com o torcedor, que estava havia muito tempo sem ganhar. Era uma equipe muito boa, 80% era seleção brasileira. Foi muito marcante e foi o que começou a tríplice coroa”, completou.
Superada a seca de conquistas, o Palmeiras viveu uma década de ouro e mostrou novamente que de fato é campeão. Foram mais dois títulos paulistas (94 e 96), dois brasileiros (93 e 94), uma Copa do Brasil (98), uma Copa Mercosul (98) e uma Copa Libertadores (99).
Sérgio ‘acobertou’ trapalhada de Marcão
Em 1993, Marcos, na ocasião ‘apenas’ um promissor goleiro do clube, só pôde comemorar o fim da fila no dia seguinte ao título. “Eu estava disputando um torneio de base com a seleção na Itália e só fiquei sabendo um dia depois. Não tinha celular, internet, essas coisas…”, brincou o eterno camisa 12, que já morava com Sérgião na oportunidade e, inclusive, precisou de uma ajuda do parceiro meses depois.
Quem conta o causo é Sérgio, que teve de passar por poucas e boas com o agregado. “Na semana para o segundo jogo da final do Brasileiro de 93, contra o Vitória, o Marcos foi brincar de jogar tênis e torceu o tornozelo. Ele ficou desesperado e me disse: ‘Sérgião, pelo amor de Deus, não fale nada para o Vanderlei, senão estou morto”, gargalhou o ex-arqueiro, que guardou segredo na época e, com isso, garantiu a presença do amigo no banco de reservas, mesmo com o tornozelo inchado.