Predestinado. Iluminado. Pé de Coelho. Ronaldo entrou definitivamente para a história do Palmeiras ao marcar o gol do título do Campeonato Paulista de 1974, na vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians – na verdade, o camisa 9 balançou as redes duas vezes, mas o segundo gol foi anulado em erro grosseiro da arbitragem.

Cerca de 90% do público no Morumbi naquele 22 de dezembro de 1974 era corintiano. O gol que calou os mais de 100 mil alvinegros, esperançosos em sair da fila de títulos que perdurava desde 1954, foi anotado aos 24 minutos da segunda etapa. Com o tento, Ronaldo prolongou o sofrimento do rival, que só voltaria a levantar uma taça em 1977.

No Verdão, Ronaldo também se sagrou bicampeão brasileiro em 1972 e 1973 e conquistou o Paulistas de 1972. Já havia faturado o Campeonato Mineiro de 1970 e Brasileirão de 1971 pelo Atlético-MG e, mais tarde, no Cruzeiro, foi campeão da Libertadores da América em 1976.

“O Palmeiras foi minha afirmação total no futebol. Conquistei meu espaço aos poucos e participei de todas as conquistas. Quis o destino que o maior feito da minha carreira fosse o gol de 1974, pois me machuquei na primeira partida da final daquele ano e consegui me recuperar a tempo suficiente de disputar o segundo jogo. A vontade de jogar falou mais alto, e, graças a ela, superei todas as dores para atuar e marcar o gol do título”, afirmou o ídolo, em entrevista concedida ao Site Oficial do Palmeiras em 2016.

Contratado junto ao Atlético-MG por indicação do treinador Oswaldo Brandão, Ronaldo estreou em 26 de maio de 1972, diante do Zaragoza-ESP, no empate por 2 a 2. Seu primeiro gol com a camisa do Verdão ocorreu alguns dias depois, em 7 de junho, diante do Fenerbahçe-TUR, na vitória palestrina por 2 a 1. “Na primeira vez que fui sondado pelo Brandão, ele ainda era técnico do São Paulo. O negócio não fechou, e ele foi para o Palmeiras depois. Pediu para me trazer novamente e eu vim”, contou.

A primeira partida da decisão de 1974 foi disputada no estádio do Pacaembu e terminou empatada em 1 a 1. Os gols foram anotados por Edu Bala e Lance. Por pouco, o talismã alviverde não esteve em campo no segundo duelo. “Tive um grave problema muscular na coxa no primeiro jogo. Minha perna inchou demais. Nem o pé no chão eu conseguia colocar. O Brandão chegou para mim e disse que eu começaria atuando. Dentro de mim, sabia que isso seria impossível”, lembrou. “O massagista e o Brandão entraram no meu quarto com uma garrafa de água mineral, jogaram em mim e começaram a espremer a região com muita força. Enquanto o Brandão segurava minha perna, o massagista esfregava. Fiz isso até de madrugada. Quando acordei no domingo, estava zerado”, completou.

Para Ademir da Guia, maior ídolo da história do clube, o título de 1974 teve um sabor especial. “A conquista de 1974 realmente marcou e ficou gravada. Ganhar do Corinthians sempre foi especial e nós conseguimos mantê-los no jejum e fazer com que ultrapassassem os 20 anos. Foi o título mais marcante de toda a minha carreira”, afirmou, em entrevista ao Site Oficial do Palmeiras em 2014, na ocasião dos 40 anos da conquista.

Durante a maior parte do tempo em que ficou no Palestra Italia, Ronaldo disputou posição com Edu Bala pelo lado direito do ataque. No entanto, o jogador tinha facilidade para atuar nas demais posições do setor e muitas vezes exerceu o papel de centroavante, sobretudo quando César Maluco estava fora do time e quando ele deixou o clube definitivamente, em outubro de 1974.

O craque já havia sido decisivo meses antes, na reta final do Campeonato Brasileiro de 1973. Na segunda rodada do quadrangular final, o Palmeiras perdia para o Internacional até que Ronaldo empatou, aos 32 minutos do segundo tempo, e, três minutos depois, cobrou o escanteio para Luis Pereira garantir a vitória por 2 a 1. Na rodada final, bastou um empate por 0 a 0 para com o São Paulo para o Verdão ficar com a taça.

Ronaldo era figura constante no encontro de veteranos que o Palmeiras realiza todos os anos. Em 2017, durante as comemorações dos 45 anos da “temporada perfeita de 1972”, o clube promoveu um encontro entre os craques daquele time na Academia de Futebol.

 

Entrevista originalmente publicada na edição 50 da Revista Palmeiras:

Saiba mais:
>Especial Derby: Fatos e curiosidades

Ronaldo Gonçalves Drummond 2 de agosto de 1946
Belo Horizonte-MG 9 de junho de 2020

Posição: Atacante

Número de temporadas: 4

Clube anterior: Atlético-MG

Jogos:

185 (105 vitórias, 56 empates e 24 derrotas)

Estreia: Palmeiras 2x2 Zaragoza (26/05/1972)

Último jogo: Palmeiras 1x2 América-SP (10/08/1975)

Gols: 31

Primeiro gol: Palmeiras 2x1 Fenerbahçe (07/06/1972)

Último gol: Palmeiras 2x0 Santos (27/07/1975)

Principais títulos:

Campeonato Paulista em 1972 e 1974; Campeonato Brasileiro em 1972 e 1973

Predestinado. Iluminado. Pé de Coelho. Ronaldo entrou definitivamente para a história do Palmeiras ao marcar o gol do título do Campeonato Paulista de 1974, na vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians – na verdade, o camisa 9 balançou as redes duas vezes, mas o segundo gol foi anulado em erro grosseiro da arbitragem.

Cerca de 90% do público no Morumbi naquele 22 de dezembro de 1974 era corintiano. O gol que calou os mais de 100 mil alvinegros, esperançosos em sair da fila de títulos que perdurava desde 1954, foi anotado aos 24 minutos da segunda etapa. Com o tento, Ronaldo prolongou o sofrimento do rival, que só voltaria a levantar uma taça em 1977.

No Verdão, Ronaldo também se sagrou bicampeão brasileiro em 1972 e 1973 e conquistou o Paulistas de 1972. Já havia faturado o Campeonato Mineiro de 1970 e Brasileirão de 1971 pelo Atlético-MG e, mais tarde, no Cruzeiro, foi campeão da Libertadores da América em 1976.

“O Palmeiras foi minha afirmação total no futebol. Conquistei meu espaço aos poucos e participei de todas as conquistas. Quis o destino que o maior feito da minha carreira fosse o gol de 1974, pois me machuquei na primeira partida da final daquele ano e consegui me recuperar a tempo suficiente de disputar o segundo jogo. A vontade de jogar falou mais alto, e, graças a ela, superei todas as dores para atuar e marcar o gol do título”, afirmou o ídolo, em entrevista concedida ao Site Oficial do Palmeiras em 2016.

Contratado junto ao Atlético-MG por indicação do treinador Oswaldo Brandão, Ronaldo estreou em 26 de maio de 1972, diante do Zaragoza-ESP, no empate por 2 a 2. Seu primeiro gol com a camisa do Verdão ocorreu alguns dias depois, em 7 de junho, diante do Fenerbahçe-TUR, na vitória palestrina por 2 a 1. “Na primeira vez que fui sondado pelo Brandão, ele ainda era técnico do São Paulo. O negócio não fechou, e ele foi para o Palmeiras depois. Pediu para me trazer novamente e eu vim”, contou.

A primeira partida da decisão de 1974 foi disputada no estádio do Pacaembu e terminou empatada em 1 a 1. Os gols foram anotados por Edu Bala e Lance. Por pouco, o talismã alviverde não esteve em campo no segundo duelo. “Tive um grave problema muscular na coxa no primeiro jogo. Minha perna inchou demais. Nem o pé no chão eu conseguia colocar. O Brandão chegou para mim e disse que eu começaria atuando. Dentro de mim, sabia que isso seria impossível”, lembrou. “O massagista e o Brandão entraram no meu quarto com uma garrafa de água mineral, jogaram em mim e começaram a espremer a região com muita força. Enquanto o Brandão segurava minha perna, o massagista esfregava. Fiz isso até de madrugada. Quando acordei no domingo, estava zerado”, completou.

Para Ademir da Guia, maior ídolo da história do clube, o título de 1974 teve um sabor especial. “A conquista de 1974 realmente marcou e ficou gravada. Ganhar do Corinthians sempre foi especial e nós conseguimos mantê-los no jejum e fazer com que ultrapassassem os 20 anos. Foi o título mais marcante de toda a minha carreira”, afirmou, em entrevista ao Site Oficial do Palmeiras em 2014, na ocasião dos 40 anos da conquista.

Durante a maior parte do tempo em que ficou no Palestra Italia, Ronaldo disputou posição com Edu Bala pelo lado direito do ataque. No entanto, o jogador tinha facilidade para atuar nas demais posições do setor e muitas vezes exerceu o papel de centroavante, sobretudo quando César Maluco estava fora do time e quando ele deixou o clube definitivamente, em outubro de 1974.

O craque já havia sido decisivo meses antes, na reta final do Campeonato Brasileiro de 1973. Na segunda rodada do quadrangular final, o Palmeiras perdia para o Internacional até que Ronaldo empatou, aos 32 minutos do segundo tempo, e, três minutos depois, cobrou o escanteio para Luis Pereira garantir a vitória por 2 a 1. Na rodada final, bastou um empate por 0 a 0 para com o São Paulo para o Verdão ficar com a taça.

Ronaldo era figura constante no encontro de veteranos que o Palmeiras realiza todos os anos. Em 2017, durante as comemorações dos 45 anos da “temporada perfeita de 1972”, o clube promoveu um encontro entre os craques daquele time na Academia de Futebol.

 

Entrevista originalmente publicada na edição 50 da Revista Palmeiras:

Saiba mais:
>Especial Derby: Fatos e curiosidades

Desenvolvido por Foursys