Era março de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, quando o governo Getúlio Vargas instituiu o decreto que proibia a qualquer entidade o uso de nomes relacionados aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), uma vez que o Brasil entrara no conflito reforçando os Aliados (EUA, Reino Unido, França e União Soviética) . O Palestra Italia, então, viu-se obrigado a mudar de nome, passando a se chamar Palestra de São Paulo no dia 13 de março de 1942 (a homologação do novo nome ocorreu no dia 27 daquele mês).
A troca de “Italia” por “São Paulo” não foi suficiente para aplacar a perseguição de alguns adversários e até alguns veículos de comunicação, que polemizavam as raízes do clube mesmo sabendo-se que a palavra “Palestra” era de origem grega. Sob ameaça de perder o patrimônio e ser retirado do campeonato que liderava, o Palestra não se deu por vencido e, em 14 de setembro de 1942, passou a se chamar Sociedade Esportiva Palmeiras, uma homenagem à extinta Associação Atlética das Palmeiras e uma forma de manter o tradicional P no escudo da camisa e a ainda mais tradicional cor verde como predominante no uniforme.
Uma semana depois, no dia 20 de setembro de 1942, o Palmeiras estrearia com o novo nome e justamente contra o São Paulo, clube que mais pressionou as autoridades pela descaracterização do Palestra Italia. A partida era válida pela penúltima rodada do Campeonato Paulista e poderia garantir o título antecipado ao Verdão, que liderava a competição sem ter sofrido nem uma derrota sequer.
Os dias anteriores à partida foram tensos. Não se sabia como público no Pacaembu receberia o antigo Palestra, rotulado de “inimigos da pátria”. O São Paulo, por sua vez, vivia a euforia pela chegada naquele ano do atacante Leônidas da Silva, eleito o melhor jogador da Copa do Mundo de 1938 e grande craque do futebol brasileiro na época. Era a esperança de conquistar o primeiro estadual da história desde a refundação do clube, em 1936.
Em um gesto que ficaria eternizado no primeiro verso do hino alviverde, os jogadores do Palmeiras entraram em campo carregando a bandeira brasileira, sob o comando do capitão do Exército Adalberto Mendes, intimidando possíveis ataques xenofóbicos. Com a bola rolando, o Alviverde Imponente vencia o jogo por 3 a 1 quando teve um pênalti a seu favor. Foi então que o adversário, descontente com a arbitragem, não deixou a penalidade ser cobrada, desistindo do jogo e deixando o campo sob vaias até da própria torcida. No dia seguinte, os jornais esgotaram-se nas bancas. Todos queriam ver a icônica foto do Palmeiras entrando em campo e a manchete “Morreu líder, nasceu campeão”.
Foi em 1942 também que o Verdão recebeu o apelido de Campeoníssimo, que perdura até hoje, após receber um troféu de mesmo nome por ter se sido o melhor nos confrontos diretos com os arquirrivais Corinthians e São Paulo ao longo do Paulistão.
Naquela década, em uma disputa ferrenha com o São Paulo ano após ano, o Palmeiras conquistou o Campeonato Paulista também em 1944, 1947 e 1950, consolidando-se, naquele momento, como o maior campeão do Estado. O duelo que garantiu o título de 1950, contra o próprio São Paulo, num Pacaembu encharcado, ficou conhecido o Jogo da Lama.
Outro fato marcante foi a composição do atual hino da Sociedade Esportiva Palmeiras em 1949, pelo italiano naturalizado brasileiro Antonio Sergi, ex-maestro, regente, arranjador e professor do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Toda a letra é uma alegoria da partida de 1942, episódio conhecido hoje como Arrancada Heroica.