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Às vésperas do Natal de 2021, o estudante Matteo Derrico Barbosa, de 9 anos, escreveu em uma lousa o presente que gostaria de ganhar do Papai Noel: “Quero estrear na Base do Palmeiras e ser titular”.

Não foi um pedido inalcançável, destes que as crianças fazem sem pensar no sono dos pais. Matriculado na Academia de Futebol Palmeiras em Guarulhos (SP), ele foi um dos 21 alunos das escolas oficiais selecionados para a segunda fase de avaliações promovidas pelo Centro de Formação de Atletas. Os meninos e meninas aprovados nesta próxima etapa serão convidados a fazer parte da Base do clube campeão da Copa São Paulo de 2022 – outros 14 jovens, com idades entre 4 e 17 anos, passarão por testes no futsal.

Dessa forma, as diferentes unidades das escolinhas do Palmeiras espalhadas pelo país se consolidam como portas para garotos e garotas que sonham em entrar nas equipes menores do Alviverde.

Matteo com o professor Cristiano, da Academia de Futebol Palmeiras

“Acreditamos muito nesse projeto”, afirma o coordenador de captação do clube, William Santos. “Os atletas oriundos das escolas do Palmeiras têm grande vínculo afetivo com a instituição e são trabalhados dentro do perfil almejado pela Base. O nosso plano para 2022 é estreitar ainda mais essa relação e criar processos que otimizem a nossa busca por novos talentos”, explica.

No caso de Matteo, chamou a atenção dos avaliadores a capacidade de usar as duas pernas para executar fundamentos como chute e drible – desde os 4, ele tem aulas de futebol na escola guarulhense.

“Foi lá que o meu filho aprendeu a jogar”, afirma o engenheiro Alexasander Leal Barbosa, de 44 anos, pai de Matteo. “Estamos muito satisfeitos com os treinamentos e com essas avaliações feitas pela Base. O Matteo quer ser jogador profissional e a escola do Palmeiras é um caminho para que isso possa acontecer no futuro.”

Torcida familiar

Enzo treina na Academia de Futebol Palmeiras desde 2020 (Foto: Gustavo Alves)

Matteo tentará ingressar na equipe Sub-11, assim como o aluno Enzo Oliveira, da unidade de Atibaia (SP), cidade situada a 68 km de São Paulo. O garoto de 9 anos, que treina na escola palmeirense desde 2020, conta com o apoio da família para realizar o desejo de se tornar atleta – alto para a idade, ele gosta de atuar como zagueiro.

“A minha esposa (Elisângela) criou até uma torcida uniformizada para o time da escolinha”, conta o policial militar Luciano Marcos, de 45 anos, pai de Enzo. “Ela e outras mães usam camisetas com a frase ‘eu vibro junto com o meu filho’ em todas as partidas. O Enzo ama futebol e tem o nosso respaldo para buscar o seu objetivo.”

Erik sonha em ser um grande centroavante

Mais do que um objetivo, defender uma das equipes menores do Maior Campeão do Brasil é um sonho que passa de geração para geração. Que o diga o entregador Elanio de Farias, de 33 anos. Até os 15, ele tentou seguir carreira no futebol, mas teve de desistir por causa de persistentes lesões nos joelhos.

Elanio ficou radiante quando soube que o filho Erik, de 8 anos, fora recrutado para a segunda fase de avaliações do Centro de Formação de Atletas. Aluno da Academia de Futebol Palmeiras em Maringá, o jovem será analisado pela comissão técnica do Sub-9.

“O sonho do Erik é também o meu sonho”, reconhece Elanio. “Ele está na escolinha há menos de um ano e vem melhorando a cada atividade. A meta dele é ser um grande centroavante.”

Escola cidadã

O trabalho de formação de jogadores desenvolvido pelas escolas oficiais tem ainda caráter social. Além de forjar cidadãos e prepará-los para os desafios da vida adulta, as 14 unidades oferecem periodicamente bolsas a alunos com famílias de baixa renda, proporcionando-lhes a chance de evoluir dentro e fora de campo.

A unidade de Fortaleza é um exemplo dessa iniciativa. Dois jovens escolhidos para a última etapa de testes na Base são bolsistas da escolinha. Às terças e quintas-feiras, João Guilherme Livramento, 13 anos, e Lucas Andrew, 12, saem do município de Trairi e percorrem 125 km para treinar na capital cearense. O bugueiro Anderson, pai de Lucas, é o responsável pelo transporte da talentosa dupla.

“Meu marido recusou emprego com carteira assinada para poder levá-los a Fortaleza duas vezes por semana”, diz a dona de casa Iara Moura, esposa de Anderson. “Eles saem daqui às 14h e chegam em casa por volta de 22h. Vale o esforço, pois os meninos amam jogar.”

Lucas Andrew treina na unidade de Fortaleza

O futebol, aliás, está no sangue de João Guilherme. A mãe dele, a doméstica Maria do Livramento, de 33 anos, é atleta do time feminino da Praia de Guajiru. O garoto foi convidado pela escola do Alviverde após se destacar na equipe de um projeto social.

“Nossa família é humilde, mas, graças à escolinha do Palmeiras, o João Guilherme tem agora a possibilidade de alcançar o seu sonho”, afirma Maria. “Todos aqui somos palmeirenses e esperamos que ele seja aprovado na Base. O verde é a cor da esperança, né?”

João Guilherme herdou o talento para o futebol da mãe, Maria do Livramento