Campeão mundial em 51, Aquiles visita delegação em Campo Grande-MS

Luan de Sousa
Departamento de Comunicação

Divulgação _ Achilles defendeu as cores alviverdes no início dos anos 50Único remanescente do título mundial de 1951 ao lado de Oberdan Cattani, o ex-meia Aquiles, que vive há mais de 20 anos em Campo Grande-MS, visitou neste sábado (23), horas antes de o Verdão erguer a taça do Campeonato Brasileiro Série B, o hotel no qual o Palmeiras ficou hospedado na cidade sul-mato-grossense. O jogador, herói do título paulista de 1950, relembrou seus inesquecíveis momentos no Palestra Italia.

“Em 50, a final contra o São Paulo foi muito difícil. O gramado do Pacaembu estava encharcado, a bola não parava no chão. Mas fiz o gol do empate por 1 a 1 – o clube alviverde, por ter feito a melhor campanha na primeira fase, entrou na decisão precisando do empate – e foi a coisa mais importante que fiz na minha vida”, disse o senhor de 85 anos, lúcido a ponto de mencionar detalhes da conquista da Copa Rio do ano seguinte, cuja medalha está guardada em um lugar de honra em sua casa.

“Eu pedi para não jogar a semifinal contra o Vasco no Rio de Janeiro. O motivo é que tínhamos perdido para a Juventus, da Itália, por 4 a 0 na primeira fase, no Pacaembu, e alguns torcedores haviam ido à minha casa, na Pompeia, me xingar, me chamar de vendido. Acabei viajando para o Rio, mas não ia jogar. Nem da janta e da palestra participei. Mas o treinador, o Cambon, me encontrou, conversou comigo e me animou. Entrei e fui titular. Lembro de tudo deste título”, afirmou o ex-palestrino, que balançou as redes do Olympique Nice-FRA (3 a 0 Verdão) e do Estrela Vermelha-IUG (triunfo alviverde por 2 a 1) durante o torneio.

Aquiles, porém, não teve vida longa no futebol. Apesar de “correr mais do que notícia ruim” e “não ter medo de cara feia de zagueiro”, o ex-atacante sofreu três fraturas na perna direita, uma inclusive depois de uma entrada violenta do ex-goleiro Barbosa, e teve sua carreira abreviada aos 23 anos.

“Comi o pão que o diabo amassou nesse período. Acredito que houve erro médico porque, depois de velho, joguei 20 anos pelo time de veteranos do Palmeiras e nunca senti nada”, contou o palmeirense de coração, que acompanha todos os jogos do time e que foi agraciado com uma camisa da equipe atual.

“Sou torcedor desde criança e me orgulho de ter vestido essa camisa. Fiz também muitos bons amigos no Palmeiras. O Oberdan, o Jair da Rosa Pinto, o Rodrigues são alguns deles, mas o melhor foi o Lima. Ele me ajudou, me deu banho várias vezes quando estava com a perna quebrada. Ele era uma ótima pessoa. Hoje, tenho dois netos gêmeos que jogam futebol muito bem, mas eles preferiram lutar judô. É uma pena”, brincou o ídolo Aquiles, dando um cascudo carinhoso em um dos entes no hall do hotel.