Há 75 anos nascia Rosa Branca, campeão pelo basquete do Verdão e da Seleção Brasileira

Angelo Salvioni
Departamento de Comunicação

Carmo de Sousa, conhecido no basquetebol brasileiro como Rosa Branca devido à semelhança com um motorista de Getúlio Vargas, ex-presidente do Brasil, assopraria, se estivesse vivo, sua 75ª vela de aniversário neste domingo (19). Falecido em 2008, o atleta paulista marcou a modalidade em solo brasileiro e internacional com inúmeras conquistas, algumas delas vestindo o manto da Sociedade Esportiva Palmeiras.

Divulgação _ Rosa Branca vestiu as cores palestrinas entre 1959 e 1963 e faturou os primeiros títulos importantes da carreira

Natural de Araraquara (SP), Rosa Branca, após tentativas em outros esportes, teve seu primeiro contato com o basquete no Nosso Clube de Cestobol, e, em seguida, jogou profissionalmente pelo Nosso Clube Araraquara. Depois de se destacar em sua cidade natal, o polivalente atleta – chegou a atuar de pivô, ala e armador na carreira – transferiu-se para o São Carlos e, em 1958, assinou com o Verdão e iniciou sua trajetória vitoriosa nas instalações do Palestra Italia, onde conquistou seus primeiros títulos expressivos.

“A imprensa de São Carlos meteu a boca no Palmeiras dizendo que o time estava dando milhões para mim, mas não foi nada disso. Vim para jogar num clube grande, sob os cuidados dos Facchina (família do presidente do Palmeiras à época) e do meu técnico”, explicou o ex-atleta, em entrevista publicada em 2002 no site do SESC São Paulo, onde trabalhou por quase 30 anos após deixar as quadras.

Divulgação _ Camisa 9, o 'gigante' do Verdão foi bicampeão mundial pelo Brasil em 1959 e 1963Ao lado de jogadores como Mosquito, Jatyr Schall, Edson Bispo e Laerte Gomes, o ex-jogador foi campeão estadual em 1961 e 1963 defendendo as cores palmeirenses. Ainda na época alviverde de sua carreira, foi bicampeão mundial pela Seleção Brasileira (1959 e 1963), bronze nos Jogos Olímpicos de Roma (1960), bronze no Pan de Chicago (1959) e prata no Pan de São Paulo (1963). “Minha caminhada nesse grupo foi excelente, foi maravilhosa, com muita iluminação”, afirmou.

O bom humor do jogador encantava a todos que viveram de alguma forma o basquete palmeirense. Siro Casanova, ex-diretor da modalidade no clube, descreveu a personalidade marcante do atleta. “Ele era muito brincalhão e sorridente. Na época, não existia o arremesso de três pontos, e, mesmo assim, o Rosa Branca acertava muitos de longe. Brincávamos que estas cestas ‘valiam’ quatro pontos”, contou.

Jogador do Verdão entre os anos de 1957 e 1965 e companheiro de Rosa durante toda sua trajetória no Palestra Italia, o ex-pivô Laerte Gomes não poupou elogios para o antigo amigo de clube e relembrou a homenagem feita antes de seu falecimento. “Em 2008, fez 50 anos que o Palmeiras ganhou tudo o que disputou em 1958. O Rosa Branca ainda não fazia parte da equipe naquele ano, mas chamamos todos os atletas que conquistaram essa marca e o homenageamos. Inesquecível”, enalteceu.

Divulgação _ O Palmeiras campeão paulista de 1961 contava com Haddad, Menon, Edson, Rosa Branca, Laerte e Jatyr (em pé); José Carlos, Renzo, Walter, Mosquito e Flávio (agachados)

Basquete alviverde: história quase centenária

O departamento de "Bola ao Cesto" da Sociedade Esportiva Palmeiras foi fundado em 1923 pelos associados Nicolino Spina e Estevam J. Stratta, grandes pioneiros e mentores no desenvolvimento da modalidade não apenas no clube, mas também em todo o país no início dos anos 20. O Verdão, ao lado de outros clubes de São Paulo, fundou a Federação Paulista de Basquete (FPB) neste período.

Ao longo dos anos 30 e 40, uma chuva de títulos para a geração nomeada de “Os Invencíveis” após série de 50 partidas sem derrotas entre 1934 e 1936. A partir de então, com os registros históricos de atletas do futebol alviverde – Heitor, maior artilheiro da história do Palmeiras, por exemplo – que também eram destaque no basquete, criou-se a seguinte expressão: “É com o pé, é com a mão, o Palestra é campeão!”.

Por conta de incidentes governamentais ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial, o esporte retornou ao primeiro escalão do país em 1950 e assim permaneceu até o início dos anos 80. No período, venceu os principais torneios brasileiros – inclusive o Nacional de 77 – e revelou atletas de destaque nacional e internacional.

Divulgação _ Oscar Schmidt foi uma das revelações do Palmeiras na década de 70Em 2002, no ranking das melhores equipes de todos os tempos organizado pela Federação Paulista de Basquete e pela Confederação Brasileira de Basquete, o Verdão aparece entre os dez primeiros colocados. Nos últimos anos, disputou três edições do Novo Basquete Brasil (NBB) entre 2012 e 2015 e avançou à fase oitavas de final do torneio em duas oportunidades.

Intitulada como a melhor base do basquete brasileiro nos dois últimos anos, o Palmeiras disputará pela segunda vez na história a Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB), principal competição Sub-22 do país. Entre os grandes atletas que surgiram no Palmeiras estão Oscar Américo Paolillo (década de 30), que foi o primeiro grande ídolo da modalidade no clube; Oscar Schmidt, que ingressou na categoria infantil palestrina em 1974, e, com apenas 16 anos, faturou o Brasileiro de 1977; e Leandrinho Barbosa, campeão da NBA pelo Golden State Warriors em 2015, que iniciou a sua carreira atuando nas fileiras do Verdão em 1999.