Ex-goleiro do Palmeiras se forma nos EUA por meio do futebol
Agência Palmeiras
Luan de Sousa
Francisco Maia chegou ao Verdão em outubro de 1999, aos 14 anos de idade, e saiu em junho de 2005. Ficou no clube quase seis anos. Foi, no máximo, o terceiro goleiro do time profissional. Teve à sua frente Marcos, Sérgio, Diego Cavalieri e Bruno. Nem sequer conseguiu ser relacionado para um jogo oficial – apenas para a equipe B. Mas, mesmo assim, também pode ser considerado uma cria da famosa ‘Academia de Goleiros’ do Palmeiras.
“Tenho muito orgulho de ter feito parte desta história. É algo que contarei aos meus filhos e netos. A Academia de Goleiros não forma somente grandes goleiros, mas grandes cidadãos. E isso se deve muito ao empenho de pessoas como Carlos Pracidelli, Valdir de Morais, Eduardo Ramos… Todos os preparadores cobram boas notas dos jovens e incentivam a conciliação com uma faculdade, além de pregarem valores como o respeito à família, companheiros e funcionários em geral”, afirmou.
Maia não percorreu o caminho mais tradicional no futebol. Em 2004, após conquistar, como o goleiro reserva (Bruno foi o titular), o título do Campeonato Paulista sub-20 em cima do Corinthians, decidiu estudar nos Estados Unidos. E o aprendizado nas categorias de base alviverde foi fundamental em seu sucesso.
“Minha irmã tinha se mudado para os Estados Unidos em 2001 e, um dia, conversando com o técnico da equipe de futebol de sua universidade, comentou sobre o irmão que era goleiro. E ele demonstrou interesse. Mandei um DVD e fui aceito. Ganhei uma bolsa e comecei o curso em agosto de 2005”.
O ex-palestrino destoou na ‘Terra do Tio Sam’. “Ganhei no meu último ano de faculdade o prêmio ‘Michael Carrol Award’, que é dado somente para um estudante-atleta por ano. É uma honraria baseada nas performances atlética, acadêmica e no trabalho comunitário”, contou Maia, formado em ciência do exercício pela Indiana-University Purdue-University of Indianapolis (IUPUI) em maio de 2009 e em fisioterapia (Doctor of Physical Therapy) pela University of Pittsburgh em abril de 2012, quando pendurou as luvas e passou a se dedicar apenas à vida fora dos gramados.
Atualmente, Francisco Maia, que sempre que pode desfila com o manto verde e branco pelas cidades norte-americanas, trabalha na área da fisioterapia ortopédica e desportiva como diretor de clínica e é o fisioterapeuta responsável por um consultório chamado Keystone Rehabilitation, na cidade de Zelionople, no estado da Pennsylvania (20 milhas de Pittsburgh, cidade na qual mora).
Treinos com Marcão e Sérgio
Maia começou a treinar com frequência com o time profissional entre 2003 e 2004. Neste período, pôde conviver com dois ídolos.
“O Pracidelli sempre fez questão de fazer parte da formação de todos os goleiros e trabalhava, uma ou duas vezes por semana, com a gente do sub-20 e do Palmeiras B. Inicialmente, acho que qualquer palmeirense ficaria meio tímido treinando com Marcos e Sérgio. Mas, depois de cinco minutos com eles, você já percebe que não tem motivo para nervosismo. São duas das pessoas mais humildes que já conheci”, relembrou.
Amizade com o Bruno
Além dos ensinamentos inerentes à bola e à vida, o Palmeiras proporcionou outra coisa a Maia: a amizade. “Eu conheci o Bruno logo quando cheguei ao Palmeiras, mas nos tornamos grandes amigos em 2001. Assisti à semifinal da Libertadores de 2001, contra o Boca Juniors-ARG, no Palestra Itália, com ele e a sua família. E, como era tarde, acabei dormindo na casa dele. Foi aí que começamos a passar mais tempo juntos, mesmo quando estávamos em categorias diferentes. Tínhamos muito coisa em comum, gostávamos das mesmas séries de TV, filmes, videogames e esportes. Até trazíamos uma bola de futebol americano para brincar antes ou depois dos treinos”, declarou.
Apesar das carreiras distintas, ambos se encontram sempre que possível, sobretudo nas férias. “O Bruno me visitou três ou quatro vezes. Já fomos a alguns jogos do Indianapolis Colts (time dos dois na NFL, National Football League), do Indiana Pacers (equipe da NBA, National Basketball Association), Pittsburgh Penguis (pela NHL, The National Hockey League) e até do Indianapolis Ice, pela The United States Hockey League. Fizemos também um tour pelo Indianapolis Speedway, onde acontecem as 500 milhas, e uma viagem a Canton, no estado de Ohio, para visitar o NFL Hall of Fame. Por fim, fomos também a um treino do Cincinnatti Bengals, da NFL, quando o Bruno entregou uma camisa personalizada do Verdão ao Chad ‘Ochocinco’ Johnson”, completou.
Maia planeja voltar ao Brasil no futuro
O ex-arqueiro alviverde, gabaritado em fisioterapia, projeta retornar ao país um dia. “Minha esposa e eu temos saudade da família e dos amigos no Brasil. Se eu tiver uma oportunidade boa, considerarei. Mas, no momento, não pensamos em mudar, pois minha mulher está cursando universidade”, salientou Maia, que entre seus pacientes estão atletas de high school e universitário.