Há exatos 45 anos, Luís Pereira vivia uma nova era no Verdão

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Divulgação _ Luís Pereira é o maior zagueiro artilheiro da história alviverdeNeste domingo (14), o zagueiro Luís Edmundo Pereira, ou simplesmente Luís Pereira (nascido em Juazeiro-BA no dia 21/06/1949), comemora o 45º aniversário de sua estreia pelo Palmeiras. Exímio cabeceador, dono de um vigor físico invejável e famoso por arrancadas mortais, o defensor, que se notabilizou como um dos zagueiros mais artilheiros da história do futebol, vivenciou a chamada “Segunda Academia” no Palestra Itália e, para sempre, figurará na seleta galeria de ídolos alviverde.

Chegada ao Palmeiras

Luís Pereira chegou ao Verdão na segunda metade de 1968, quando o clube passava por uma fase de reformulação. Jogadores como Djalma Santos, Tupãzinho, Zequinha, Ademar Pantera e Valdir de Moraes tinham acabado de sair – debandada esta que demarcou o fim da chamada “Primeira Academia” -, e Luisão ‘Chevrolet’, apelido pelo qual ganharia anos depois, veio como um desconhecido.

Contratado em meio a um ‘pacotão’ junto ao São Bento de Sorocaba (Copeu e Chicão vieram do mesmo time do interior paulista e também Serginho, da Portuguesa Santista), Pereira amargou o banco de reservas – ora suplente de Baldochi ora de Eurico – em seus primeiros anos de Palmeiras. Entre 1968 e 1969, por exemplo, foram menos de 20 partidas.

A partir da década de 70, no entanto, as oportunidades aumentaram. Após passar pelas mãos do Mário Travaglini (que o utilizou apenas cinco vezes), do argentino Filpo Nuñez (11 confrontos), Luís Pereira teve de cavar uma vaga na equipe titular com Rubens Minelli.

E a Copa do Mundo de 1970, sediada no México, o ajudou. Baldochi, então titular do Verdão, foi disputar o torneio com a seleção brasileira e rendeu a primeira grande oportunidade ao zagueiro. Depois de 26 duelos consecutivos, o defensor convenceu o comandante e permaneceu entre os 11. O divisor de águas, contudo, foi em 1971, quando Baldochi deixou o clube e abriu espaço definitivamente para Luís Pereira brilhar.

Nova Era

E brilhou. Em 1971, o Verdão, que já tinha uma equipe titular brilhante, pois Dudu e Ademir da Guia permaneceram na transição da Primeira para a Segunda Academia, César Maluco, que estreara em 1967, já havia provado seus valores, além de nomes como Leão e Leivinha, decolou. Luís Pereira, agora com outro status, passou a ser o sexto componente principal do time. Era uma espécie de espinha dorsal.

Os outros personagens que complementavam com garra e técnica a base do time alviverde eram Eurico, Alfredo Mostarda, Zeca, Edu Bala e Nei. E o resultado desta legião de craques fez com que o Verdão vivesse nos anos 70 mais um período áureo.

Ainda em 1971, com a saída de Rubens Minelli e o retorno de Oswaldo Brandão, o estilo de conduta da equipe dividiu bem as responsabilidades dentro de campo. Brandão não dava moleza e sempre fazia novas experiências no elenco para estimular os titulares e dar chances para aqueles que “esquentavam o banco”. Foi assim que atingiu a fórmula perfeita: Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo Mostarda e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu Bala, Leivinha, César Maluco e Nei.

Divulgação _ Luís Pereira fez parte da Seleção Brasileira na Copa de 1974Seleção Brasileira

Ao fazer história com a camisa do Palmeiras, Luís Pereira foi, por conseqüência, um dos seis atletas que o clube alviverde cedeu à Seleção Brasileira para a Copa da Alemanha (1974). Junto com ele, também foram Leão, Alfredo Mostarda, Leivinha, Ademir da Guia e César Maluco.

Foi nesta edição que o zagueiro recebeu um dos raros cartões vermelhos de sua carreira, por jogada violenta em Neeskens, em uma partida contra a Holanda.

Considerado por Pelé o melhor zagueiro do mundo, Luís Pereira nunca foi campeão mundial pela Seleção Brasileira. Porém, isto não foi capaz de diminuir seus méritos. Ao todo, o zagueiro disputou 35 jogos com a amarelinha (com 21 vitórias, 11 empates e três derrotas).

‘El Mago’ na Espanha

Em 1975, após ajudar o Palmeiras a conquistar o tricampeonato do Torneio Ramón de Carranza na Espanha, Luís Pereira e seu companheiro de time Leivinha despertaram a atenção do Atlético de Madrid. Os espanhóis ficaram obcecados com o nível dos jogadores do Alviverde – a equipe madrilenha, inclusive, tentou adquirir Ademir da Guia, mas, felizmente, em vão – e contrataram-nos.

No país ibérico, Pereira conquistou de forma brilhante o Campeonato Espanhol de 1977 e foi apontado como um fenômeno na zaga, recebendo o honroso apelido de “El Mago”.

Retorno do craque

Em 1981, Luís Pereira retornou ao Brasil. Passou pelo Flamengo e, na sequência, voltou a defender o Verdão em uma época de “vacas magras”. Mesmo mantendo a postura de um jogador incansável e habilidoso, o zagueiro foi vítima da má fase que o Verdão atravessava no período. Eram tempos de jejum de títulos.

Em sua segunda passagem, o craque atuou ao lado de feras como Baroninho, Carlos Alberto Borges, Jorginho Putinati e Leão, que também havia deixado o Palmeiras tempos antes e retornado à meta palmeirense nos anos 80.

Três anos depois, em 1984, o já veterano zagueiro se despediu definitivamente do clube, deixando um imenso legado de glórias, troféus e amor à camisa.

Luís Pereira, que desde 2002 trabalha nas categorias de base e no time B do Atlético de Madrid, encerrou a carreira de jogador em 1997 no São Caetano e, nos anos seguintes, chegou a ser treinador de equipes do interior de São Paulo.

Curiosidades

•  Com 568 partidas, Luís Pereira é o 6º jogador que mais vezes vestiu a camisa do Verdão. À frente dele estão apenas Ademir da Guia (901), Leão (617), Dudu (609), Waldemar Fiúme (601) e Valdemar Carabina (584).

• Com 35 gols marcados com a camisa alviverde, Luís Pereira é o maior zagueiro artilheiro da história do Verdão. Ao longo de sua carreira, o craque marcou mais de 100 gols.

Principais conquistas pelo Palmeiras

Campeão Brasileiro: 1969 (Roberto Gomes Pedrosa), 1972 e 1973
Campeão Paulista: 1972 e 1974
Torneio Ramón de Carranza: 1969, 1974 e 1975