Texto originalmente publicado na edição 51 da Revista Palmeiras. Para conferir o conteúdo completo, seja sócio Avanti e clique aqui para ter acesso à revista digital do Verdão.
O clube social do Palmeiras oferece cerca de 60 opções esportivas, culturais e de lazer para os seus associados. Aos 7 anos, Pedro Marinho dos Santos Sotelo já experimentou quatro delas: fez patinação e Futkids (aula de futsal para crianças de 4 a 8 anos) e, atualmente, está matriculado na natação e no Palmeiras Kids (curso com exercícios recreativos e iniciação esportiva para meninos e meninas de 4 a 11 anos).
Pedro tem síndrome de Down, anomalia genética que dificulta o desenvolvimento físico e mental do indivíduo. “Ele começou a frequentar o clube há dois anos e foi muito bem acolhido em todas as atividades”, afirma a advogada Cibelle Catherine Marinho dos Santos Sotelo, de 42 anos, mãe do garoto. “Na natação, ele já aprendeu bastante. Não afunda mais, sabe bater perna e respira de forma correta”, conta, orgulhosa.
Já no Palmeiras Kids, Pedro tem a oportunidade de se familiarizar com vários esportes, como basquete, handebol, judô e vôlei, além de brincar com os demais alunos. “Os professores estão sempre empenhados em ajudar a criança a se desenvolver e em promover a socialização. Fazem com que todos interajam, cada um da sua maneira, respeitando as individualidades”, elogia a advogada.
Essa integração não beneficia apenas as pessoas com deficiência. “Na verdade, todos aprendemos com a diversidade. O diferente, aquele que foge do padrão, deixa de causar receio ou constrangimento a partir do momento em que você tem contato com ele repetidamente. A inclusão muda o olhar das pessoas e ajuda na construção de uma sociedade melhor e mais tolerante”, analisa Cibelle.
Pedro é uma das 24 pessoas com deficiência (PCD) que praticam atividades recreativas e esportivas na sede social – são 20 associados e quatro atletas em dez modalidades diferentes. O grupo é formado por 12 pessoas com síndrome de Down, cinco com autismo, três com deficiência intelectual, dois deficientes auditivos e dois deficientes visuais. As idades variam de 5 a 72 anos.
Com o objetivo de entender melhor as necessidades dos PCDs e aperfeiçoar o atendimento, a diretoria palmeirense realizou, durante o primeiro semestre de 2019, uma pesquisa de satisfação. Sócios com deficiência (ou seus responsáveis) responderam a um questionário por meio do qual foram convidados a fazer críticas e sugestões. Os entrevistados aprovaram o tratamento que recebem no clube. A ampla maioria deles afirmou que indicaria a outros PCDs os cursos oferecidos pelo Alviverde e ressaltou a facilidade para se inscrever nas aulas.
Cibelle matriculou o filho na natação e no Palmeiras Kids após conversar com profissionais da Coordenadoria Sócio-Desportiva. “Eles me falaram que o Pedro aproveitaria melhor as aulas em uma turma com crianças mais novas e foi exatamente o que aconteceu. No Palmeiras, cada associado é observado de forma individual para que possa evoluir dentro do esporte”, explica.
Integração
Assim como Pedro, Gustavo Elias Modesto de Oliveira, de 8 anos, pratica natação e Palmeiras Kids no Verdão. Ele tem autismo e frequenta a sede social acompanhado da mãe, a dona de casa Deuselene Delmondes Coelho, de 38 anos. A convivência com outros meninos e meninas vem sendo bastante positiva para o garoto.
“A criança autista, geralmente, tem dificuldade para se entrosar com as outras, mas vejo que, tanto na escola quanto no clube, o Gustavo está fazendo amigos. Há momentos em que ele prefere ficar sozinho, mas são raros. Os próprios coleguinhas ajudam e sempre o chamam para participar dos exercícios e brincadeiras”, diz Deuselene.
Além de facilitar a socialização, a prática de esportes auxilia a criança com autismo no desenvolvimento da consciência corporal, no fortalecimento muscular e no gasto de energia – o autismo, por vezes, vem acompanhado da hiperatividade.
“O Gustavo faz tratamento com fonoaudióloga e psicóloga. As duas disseram que os esportes têm sido muito importantes. Além disso, ele adora o clube, fica todo feliz nos dias de aula. Nunca chorou ou falou que não queria vir. Isso mostra o quanto vem sendo bem tratado por todos e, principalmente, pelos professores”, conta Deuselene.
Socialização
As atividades aquáticas são as mais populares entre os associados com deficiência. Sete deles praticam natação, dois fazem hidroginástica e um está matriculado na adaptação aquática (iniciação para crianças de 3 a 5 anos). Dentro da piscina, pessoas com problemas de mobilidade conseguem desenvolver suas habilidades motoras. O nado ainda estimula a musculatura corporal e trabalha os sistemas cardíaco e respiratório.
Renata Ventura de Medeiros, de 39 anos, tem síndrome de Down. Ela pratica natação no Alviverde há cerca de uma década e, durante esse período, cultivou muitas amizades. Conversar com os colegas do clube, aliás, é um dos passatempos preferidos da associada, que nada junto com a mãe, a aposentada Maria Ester Ventura de Medeiros, de 76 anos.
“A nossa turma da natação tem um grupo de WhatsApp. O pessoal costuma falar que a Renata é responsável pela chamada porque ela sempre manda mensagem perguntando quem vai e quem não vai”, conta Maria Ester. Além de nadar, a associada faz musculação no Palmeiras e planeja se matricular em breve na zumba, exercício aeróbico realizado a partir de movimentos de danças latinas.
Variedade
A exemplo de Renata, Rafaela Gomes Bezerra, de 17 anos, consegue tirar proveito das diferentes opções esportivas oferecidas pelo Alviverde. A jovem, que também tem síndrome de Down, treina futsal e faz aulas de pilates. “Antes, ela praticava natação e patinação no clube. Se depender da Rafa, ela faz tudo”, comenta a administradora Marisa Rogel Gomes Bezerra, de 51 anos, mãe da adolescente.
Rafaela começou a cursar pilates por influência de Marisa, que gosta dessa atividade. “Já o futsal foi uma escolha totalmente dela. A Rafa queria jogar há muito tempo, começou faz dois meses e está empolgada”, conta a mãe. O grupo é composto por garotas de 13 a 17 anos que jogam duas vezes por semana. “É uma turma bacana e ela foi muito bem recebida. As meninas sempre vêm abraçar a Rafa, que se sente querida.”
A família se associou ao Palmeiras há dois anos e, neste período, Rafaela se tornou mais independente, segundo Marisa. “Ela anda sozinha pelo clube e faz atividades sem que eu a acompanhe. Está exercendo a sua autonomia e isso a deixa muito feliz. Tem sido uma experiência gratificante”, comemora.