Vídeo: Marcos fala sobre jogo de despedida e rebaixamento

Agência Palmeiras
Fábio Finelli

O ex-goleiro Marcos iniciou os treinamentos na Academia de Futebol nesta última terça-feira (27) e afirmou que até já emagreceu em entrevista concedida para o site oficial. Bem humorado, o eterno camisa 12 iniciou a preparação visando o jogo de despedida de sua carreira, que acontece no dia 11 de dezembro, às 22h, no estádio do Pacaembu.

Marcos falou sobre como é retornar aos gramados após um ano parado, da expectativa para a partida festiva, e não deixou de comentar sobre o rebaixamento do Palmeiras para a Série B. Essa é a primeira vez que o pentacampeão comenta sobre o assunto desde a queda.

O ídolo palmeirense continuará treinando até o final da próxima semana e atenderá a imprensa no próximo dia 6, na Academia de Futebol, em horário que ainda será divulgado aos jornalistas.

Confira a entrevista completa, ouça o áudio no link ao lado e veja o vídeo logo abaixo.

SitePalmeiras – Como foram esses primeiros dias de treinos. Bateu algum tipo de saudades quando você abriu o armário, colocou o calção, as luvas, as chuteiras…?

Marcos – Sempré dá uma saudade. Era algo corriqueiro na minha vida. E vai ser a primeira despedida de um goleiro. Muitos atacantes tiveram despedidas, mas goleiro precisa de ritmo, precisa treinar um pouquinho. Foi legal esse retorno. Estou fazendo treinos leves, treinando chutes de longa distância. Achei que seria pior, mas fui bem. O importante é chegar para qualquer jogo com confiança. Estou treinando e fortalecendo a parte muscular para não fazer feio.

SitePalmeiras – Na pré-temporada, os clubes costumam fazer de 15 a 20 dias de preparação. Você vai treinar cerca de 10 dias para apenas um jogo. É a preparação ideal, certo?

Marcos – Na verdade, eu iria começar a treinar só na próxima semana, mas o Fernando (Miranda) disse que era bom começar antes para fortalecer o músculo. Não é pré-temporada como os times fazem em janeiro. Estou fazendo treinos específicos para uma única partida. Treinei com sol muito forte, mas deu para suar. Perdi quase um quilo num treino de apenas 30 minutos. O Fernando (Miranda) passou uma programação legal. Ele já me conhece há muito tempo e está fazendo o que é melhor para mim.

SitePalmeiras – Muitos craques confirmaram presença no seu jogo de despedida. O que você espera desse jogo. Já pensou na possibilidade de levar gols?

Marcos – Estou entrando em campo sem responsabilidade de levar gols. Não vale nada, é um jogo festivo. O importante era quando eu jogava, dava a vida para sair com a vitória. Sai de campo com várias fraturas porque me jogava nas bolas. Agora é tranquilo. A intenção é não levar gol, mas se acontecer não tem problema nenhum. É um jogo festivo, todos os atletas são ídolos, campeões. Não entrarei em campo com a preocupação de não sofrer gols.

SitePalmeiras – Já foram vendidos 30 mil ingressos para a partida. Com certeza o Pacaembu estará lotado. Isso foi uma surpresa para você? Vai bater uma emoção quando você pisar no gramado e ver o estádio lotado?

Marcos – De certa maneira, fiquei surpreso. A torcida deu uma demonstração de carinho, às vezes acho que não sou merecedor de tudo isso. A torcida que participar e tomara que todos gostem e vibrem com seus ídolos. São vários ídolos campeões pelo Palmeiras. Realmente fiquei surpreso, assim como fiquei no lançamento do meu livro. Não esperava tanta gente. Quero agradecer a todos pelo carinho.

SitePalmeiras – Internamente, você sempre comentava que não gostaria de fazer o jogo de despedida em caso de o Palmeiras ser rebaixado. Foi inevitável por questões contratuais, certo?

Marcos – É óbvio que, como torcedor, queria me despedir em um momento melhor. Negociamos a partida de despedida no começo do ano, em fevereiro. Não sabíamos que o Palmeiras seria campeão da Copa do Brasil e muito menos que iria ser rebaixado. Tenho que cumprir contrato. Mas não vejo motivo para desespero. O Palmeiras vai dar a volta por cima, eu acredito nisso. Todos os jogadores fazem partidas de final de ano e esse jogo será igual a qualquer outro. E além disso, teremos inúmeros ídolos que fizeram história no clube. O torcedor tem que pensar que esse jogo é um reconhecimento aos ídolos que passaram por aqui.

SitePalmeiras – Você esteve presente com o Palmeiras na maioria dos jogos da Copa do Brasil e acompanhou o dia a dia da equipe no Campeonato Brasileiro. Como você viu o rebaixamento, como acompanhou esse momento e o que daria para falar sobre o futuro do clube?

Marcos – É um processo doloroso não apenas para a torcida, mas para quem trabalha aqui, para os jogadores. Ninguém gosta que isso aconteça. Eu fiquei numa situação constrangedora, pois quando o time ganhou a Copa do Brasil, me chamaram de pé-frio, e agora que caiu, me chamaram de profeta. Na minha época, o Palmeiras caiu em 2002 e eu tinha contrato. Tenho muitos defeitos, e um deles é falar demais, mas eu tinha algo de bom que não era apenas o profissional. Eu era homem e torcedor. Sou assim: se me empresta, eu devolvo. Se eu quebro, eu arrumo. E como eu caí, tinha a obrigação de subir. Me arrependo até hoje de não atuado o jogo da queda (contra o Vitória, em 2002). Na época, falavam que eu estava vendido, o que não era verdade. Em 2002, resolvi ficar para subir e não me arrependo de maneira alguma. Talvez a maior moral que eu tenha com o torcedor seja por causa disso.

SitePalmeiras – O que é mais díficil: voltar a treinar após um ano parado ou cuidar do terceiro filho (Marcos Vinícius) que nasceu há um mês.

Marcos – Meus três filhos são bem tranquilos. O Luca, a Anna Júlia e agora o Marcos Vinícius. Ele dorme bem durante a noite, não incomoda. Acho que tem o DNA do pai, adora comer e dormir (risos). É bem sussegado. Ser goleiro profissional é muito desgastante. Fiz um treino de meia hora e quase tive um infarto. É uma profissão que exige muito, mas fiquei feliz de ter voltado. Perguntaram para mim se eu estaria bem para o jogo. Disse que é igual andar de bicicleta. Se fez uma vez, não esquece mais.