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Com pouco mais de quatro meses à frente do comando do Palmeiras, o técnico Abel Ferreira já está marcado definitivamente na história do clube. O português é, agora com os troféus da Conmebol Libertadores e da Copa do Brasil no currículo, o primeiro comandante a ganhar dois títulos em uma mesma temporada pelo time alviverde neste século – o último a realizar tal feito havia sido Luiz Felipe Scolari, em 1998, com a mesma Copa do Brasil e a Copa Mercosul. Além disso, desde a fundação do time paulista, apenas Abel e Vanderlei Luxemburgo levantaram mais de um troféu em sua temporada de estreia. Em 1993, Luxa levou logo de cara as taças do Torneio Rio-SP, do Campeonato Paulista e do Campeonato Brasileiro.

“O presidente Maurício Galiotte teve coragem de apostar em um treinador sem títulos e que estava do outro lado do mundo para trabalhar no maior clube brasileiro. Desde o primeiro dia em que trabalho neste clube, tenho a responsabilidade de trabalhar por alguém que apostou em mim. Faço isso todos os dias, trabalho com a nossa equipe para darmos o nosso melhor e deixarmos o nosso maior líder satisfeito”, disse Abel. “Essa é a minha função, tudo o que eu faço é para o melhor do Palmeiras. Seguramente, eu cometerei erros, não sou perfeito, mas pode ter certeza de que não há ninguém mais exigente comigo do que eu mesmo”, completou o comandante, que, inclusive, fez o seu primeiro jogo pelo Alviverde justamente em um confronto da Copa do Brasil, no último dia 05 de novembro, na vitória por 1 a 0 sobre o Red Bull Bragantino, no Allianz Parque, pelas oitavas de final.

Com o tetracampeonato verde e branco na Copa do Brasil, Abel Ferreira entra para o grupo seleto de treinadores que ganharam dois títulos em competições oficiais na mesma temporada em toda a história do Verdão. O atual técnico palmeirense se junta a Humberto Cabelli (1933 – Campeonato Paulista e Torneio Rio-SP) e Vanderlei Luxemburgo (1994 – Campeonato Paulista e Campeonato Brasileiro), além de Luiz Felipe Scolari (1998 – Mercosul e Copa do Brasil).

“Há um valor que os meus pais me ensinaram, que é a gratidão. Não esqueço as minhas raízes, tenho orgulho de ser português. Mas eu não posso esquecer que o Brasil me abriu as portas para eu ganhar troféus. Jamais esquecerei isso. Eu jamais imaginei, mas, depois de tudo o que aconteceu, seria muito difícil que eu não sentisse gratidão pelo Brasil, mais ainda pelo Palmeiras, que me deu a oportunidade de colecionar os meus primeiros títulos. Ninguém apagará, ficará para sempre em meu coração”, afirmou o técnico.

Apenas três comandantes tiveram três conquistas na mesma temporada e são os recordistas em toda a história do Palmeiras. São eles: Ventura Cambon (1951 – Torneio Rio-SP, Taça Cidade de São Paulo e Mundial), Oswaldo Brandão (1972 – Torneio Laudo Natel, Campeonato Paulista e Campeonato Brasileiro) e Vanderlei Luxemburgo (1993 – Torneio Rio-SP, Campeonato Paulista e Campeonato Brasileiro). O Torneio Rio-SP, o Torneio Laudo Natel e a Taça Cidade de São Paulo são contabilizados porque não se tratavam de torneios amistosos, e sim de campeonatos regulares, que faziam parte do calendário dos clubes.

A comissão técnica portuguesa, formada ainda pelos auxiliares Vitor Castanheira, João Martins e Carlos Marinho e o observador técnico Tiago Costa, soma pelo Maior Campeão do Brasil 37 jogos, 18 vitórias, 11 empates e oito derrotas, com 56 gols marcados e 27 sofridos. Na Copa do Brasil, eles assumiram a equipe na partida de volta contra o Red Bull Bragantino, no Allianz Parque, pelas oitavas de final, e disputaram sete jogos, com cinco vitórias, dois empates e nenhuma derrota, 12 gols marcados e três sofridos.

“Temos de perceber que, se ficarmos iguais, nós pararemos. Para mim, o grande segredo do sucesso é, no momento em que você ganha, perceber o que tem de melhorar para continuar a crescer, não esperar que as coisas corram mal para trocar. A partir de agora, passamos a ser um alvo, todos vão querer ganhar da gente, todos os adversários se sentirão motivados a derrotar os campeões, e nós temos de estar preparados para enfrentar isso. Será muito difícil repetir outro ano igual a esse, mas a nossa obrigação é criar todas as condições para o que o clube continue a crescer porque só assim continuaremos nos mantendo no top. Nos últimos anos, o Palmeiras tem sido vencedor, e nós queremos continuar juntando títulos”, concluiu Abel.

1º PORTUGUÊS, 8º EUROPEU E 23º ESTRANGEIRO A COMANDAR O PALMEIRAS

Abel Ferreira é o primeiro português, o oitavo europeu e o 23º estrangeiro a assumir o comando do Maior Campeão do Brasil na história. Uma das principais revelações da atual geração de jovens técnicos da Europa, Abel jogou como lateral-direito em quatro clubes portugueses antes de iniciar a carreira de treinador na equipe sub-19 do Sporting Lisboa-POR em 2011/2012, conquistando o título nacional da categoria já em sua primeira experiência no cargo.

Subiu para o time B do Sporting na temporada 2013/2014 e foi contratado pelo Braga B em 2015. Dois anos depois, foi promovido a treinador da equipe principal do Braga e, logo na temporada de estreia na elite do Campeonato Português, em 2017/2018, levou o time à quarta posição com uma campanha recorde em pontos (75), gols (74) e vitórias (24) – tornou-se o técnico com maior percentagem de vitórias na história do clube (64%). Depois de novamente alcançar a quarta colocação com o Braga, transferiu-se ao PAOK-GRE e obteve o vice-campeonato nacional em 2019/2020, garantindo vaga para a fase eliminatória da Liga dos Campeões da Europa.

O último treinador alviverde nascido na Europa tinha sido o italiano Caetano De Domenico, que conquistou o Campeonato Paulista de 1940 e permaneceu no Palestra Italia até 1941, portanto ainda antes da mudança do nome do clube, em 1942 (o penúltimo, o húngaro Eugênio Medgyessy, também sagrou-se campeão, no estadual de 1932). Já o mais recente comandante de fora do país era o argentino Ricardo Gareca, em 2014.

O primeiro técnico estrangeiro foi o italiano Adriano Merlo, que trabalhou em um jogo da campanha do título paulista de 1920, o primeiro da história alviverde, e conduziu a equipe ao bi estadual em 1926, em parceria com Ítalo Bosetti. Ainda na época do Palestra Italia, o uruguaio Humberto Cabelli ficou marcado pela conquista do único tricampeonato paulista do clube (alcançou o título invicto em 1932, levou a taça pela segunda vez seguida em 1933 e deixou o time por um breve período em 1934, mas voltou no mesmo ano e se sagrou campeão com apenas uma derrota).

Presente no tricampeonato paulista de 1932, 1933 e 1934 como jogador, o também uruguaio Ventura Cambon se tornou o treinador estrangeiro com mais partidas disputadas pelo Verdão (é o quarto no geral com 294 jogos) e o técnico que mais vezes assumiu o comando da equipe, de maneira interina ou efetiva, independentemente da nacionalidade, em todos os tempos (15 no total). Campeão paulista em 1944 dividindo o cargo com o ídolo Bianco, Cambon teve seu melhor momento no início da década de 50, quando, já em janeiro de 1951, pegou o time na reta final de um Paulistão praticamente nas mãos do São Paulo e conseguiu levar o Palmeiras ao título estadual de 1950. Meses depois, era ele o treinador na conquista do mais importante troféu da história do clube, o Mundial Interclubes de 1951, e faturou ainda o Torneio Rio-São Paulo daquele ano.

Outro estrangeiro de sucesso foi o argentino Filpo Nuñez, grande maestro da Academia de Futebol do Palmeiras, que brilhou na campanha vitoriosa do Rio-São Paulo de 1965. Além de praticar um jogo coletivo e envolvente, o time alviverde era uma máquina ofensiva: foram 12 vitórias em 16 jogos, apenas uma derrota, e uma média de três gols por partida (49 bolas na rede), com direito a goleadas de 7 a 1 no Santos, 5 a 0 no São Paulo e 4 a 1 no Vasco e no Flamengo. Filpo ostenta até hoje o feito de ser o único técnico nascido fora do país a comandar a Seleção Brasileira, quando o Brasil foi inteiramente representado pelo Palmeiras na partida inaugural do Estádio Mineirão, também em 1965, e venceu a seleção do Uruguai por 3 a 0.

Jogos desde a chegada de Abel na Copa do Brasil 2020:
Palmeiras 1×0 Red Bull Bragantino (Oitavas de final – volta)
Palmeiras 3×0 Ceará (Quartas de final – ida)
Ceará 2×2 Palmeiras (Quartas de final – volta)
Palmeiras 1×1 América-MG (Semifinal – ida)
América-MG 0x2 Palmeiras (Semifinal – volta)
Grêmio 0x1 Palmeiras (Final – ida)
Palmeiras 2×0 Grêmio (Final – volta)