Há 40 anos, Palmeiras superava Juventus-ITA em reencontro com ídolo Mazzola

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Bruno Alexandre Elias

Ademir da Guia era o maestro da equipe comandada por Oswaldo BrandãoO Palmeiras comemora nesta sexta-feira (03) o 40º aniversário da vitória por 2 a 0 ante a Juventus de Turim, então campeã da Liga Italiana. Palco da partida, o estádio do Pacaembu colocou frente a frente duas equipes que fizeram história no cenário desportivo da época e que disputariam a Taça Centenário da Imigração Italiana como parte das festividades dos 100 anos da imigração italiana no Brasil (1875-1975).

O clima amistoso também contagiou as arquibancadas do Pacaembu, onde havia uma grande faixa com os dizeres: "I TIFOSI DEL PALMEIRAS SALUTANO LA VECCHIA SIGNORA" (Os torcedores do Palmeiras saúdam a Velha Senhora). Antes de a bola rolar, a banda da Polícia Militar executou os Hinos do Brasil e da Itália, e, em seguida, o ídolo Mazzola, que vestia a camisa da Juventus, foi homenageado dentro de campo pela torcida palestrina, além de receber o Troféu Periquito de Ouro das mãos de Edi Pascucci, ex-atleta da equipe feminina de basquete do Palestra Italia.

A excursão da Juventus pelo Brasil em 1975 mobilizou a imprensa brasileira e entusiasmou as torcidas dos clubes que enfrentariam o time estrangeiro – além do Verdão, também enfrentaram a equipe italiana equipes como Flamengo e Vasco. E foi através do então presidente alviverde, Paschoal Giuliano, e do vice, Nelson Duque, que Palmeiras e Juventus marcaram um amistoso para a noite do dia 03 de julho de 1975, valendo a Taça Centenário da Imigração Italiana.

As principais manchetes publicadas às vésperas do jogo davam destaque justamente à possibilidade de Mazzola, que havia defendido as cores do Alviverde entre 1956 e 1958, reencontrar o time que o projetara, mas na condição de adversário – e, de fato, foi o que aconteceu. Curiosamente, em 1962, Mazzola já havia enfrentado o Verdão: foi defendendo as cores do Milan-ITA, sendo que o jogo terminou empatado por incríveis 4 a 4.

Durante a Copa Rio de 1951, primeiro mundial interclubes da história, o Palmeiras havia levado a melhor contra a mesma Juventus, quando empatou por 2 a 2 na decisão e levantou o caneco (pois acumulava 3 a 2 no placar agregado).

Dois jogadores do histórico embate de 1951, aliás, se fizeram presentes em 1975 pelo lado da equipe italiana. Jean Pietro Boniperti era um deles: ex-centroavante da Juventus e da Seleção Italiana, figurava – naquela oportunidade – como presidente da Juventus. O outro era Carlo Parola, ex-centromédio, técnico do clube em 1975.

“Temos um grupo com os melhores jogadores da Itália, tanto que seis são da seleção nacional. Procurei adaptar um esquema moderno, parecido com aquele praticado pela Holanda e Polônia, e as características e os resultados resultaram em um futebol ofensivo. Marcamos 50 gols em todo o campeonato e conseguimos um título”, afirmou Parola à época.

O bom retrospecto da equipe de Turim, no entanto, não foi capaz de parar a Academia comandada por Oswaldo Brandão. “A Juventus de Turim não era nenhum timinho, não. Possuía no elenco jogadores que mais tarde, em 1982, iriam se tornar campeões mundiais pela Azzurra: Zoff, Scirea, Gentille e Causio, além do Mazzola, que já havia alcançado o feito em 1958, com a Seleção Brasileira, na Suécia”, exclamou José Mariano Barrella, diretor do Departamento de História do Palmeiras. “Vencemos porque tínhamos um dos melhores elencos do mundo à época”, completou Barrella. E, assim, por 2 a 0 (gols de Edu Bala e Fedato), o Palmeiras superou o adversário e conquistou o troféu.

O ponta-direita Edu anotou o primeiro gol do Palmeiras no Pacaembu

“Foi uma honra ter jogado contra a Juventus e contra o Mazzola, que foi um dos maiores craques da história do futebol. O gol saiu em uma jogada pelo lado direito. A bola veio em minha direção e dois jogadores da Juventus anteciparam a bola. Eles pensaram que eu iria dominar, no entanto, deixei a bola passar e passei entre os dois. E, quando eles tentaram voltar, eu já estava quase dentro do gol”, relembrou Edu Bala, ponta-direita do Palmeiras nos anos 70 e autor de um dos gols da vitória.

Naquele mesmo ano, mais precisamente no mês seguinte, o Verdão ainda se consagraria campeão do Torneio Ramón de Carranza, na Espanha, em emocionante decisão contra o poderoso Real Madrid-ESP de Paul Breitner.

O retrospecto do Alviverde é favorável diante dos adversários estrangeiros. Ao todo, o time alviverde contabiliza 449 jogos: 259 vitórias, 98 empates e 92 derrotas (915 gols marcados e 502 sofridos).

O Palmeiras enfrentou o seu primeiro adversário internacional em 26 de outubro de 1922, goleando por 4 a 1 a Seleção do Paraguai. O último aconteceu em 17 de janeiro de 2015, superando o Shandong Luneng (China) por 3 a 1, com gols de Leandro Pereira, Lucas e Cristaldo.

Computando apenas as partidas contra equipes italianas, o Verdão acumula 13 vitórias, 10 empates e quatro derrotas em um total de 27 jogos (63 gols marcados e 33 sofridos).

O primeiro encontro do time palestrino com um adversário italiano foi em 1929, coincidentemente quando o clube alviverde ainda levava o nome de Palestra Italia. Chuva de gols: empatou por 4 a 4 contra o Bologna-ITA. E o último duelo, por sua vez, foi em 30 de julho de 2014, frente à Fiorentina, quando o Verdão saiu vitorioso por 2 a 1 e, de quebra, conquistou a Taça Julio Botelho.

Ficha técnica: Palmeiras 2×0 Juventus-ITA

Data: 03 de julho de 1975
Local: Estádio do Pacaembu
Competição: Amistoso Internacional – Taça Centenário da Imigração Italiana (1875-1975)
Árbitro: Oscar Scolfaro
Assistentes: Bolivar Boliviero e Abel Barroso Sobrinho
Público: 17.363 pagantes e 75 menores credenciados
Renda: Cr$ 333.053,00
Primeiro tempo: Palmeiras 1×0 Juventus-ITA – Edu Bala, aos 30 minutos
Segundo Tempo: Palmeiras 2×0 Juventus-ITA – Fedato, aos 8 minutos

Palmeiras: Leão; Eurico, Luís Pereira, Arouca e Zeca; Jair Gonçalves e Ademir da Guia; Edu Bala (Mário), Leivinha, Fedato e Nei (Ronaldo).

Juventus-ITA: Zoff; Cuccuredu, Scirea, Spinosi e Gentile; Furino (Longobucco), Causio e Viola; Bettega (Damiani), Anastasi (Savaldi) e Mazzola.

O Palmeiras, de Leivinha, levou a melhor sobre a Juventus, então campeã italiana