De Palestra a Palmeiras

Ata de mudança de nome

Em março de 1942, a diretoria palestrina foi obrigada a se alinhar às exigências do governo brasileiro e, pela primeira vez, foi assinada a mudança de nome da instituição, que perdeu o “Italia” e passou a se chamar “Palestra de São Paulo”. Curiosamente, o escudo institucional ganhou uma adaptação: perdeu a cor vermelha e passou a ser basicamente verde e amarelo (cores da bandeira nacional).

Aproximadamente seis meses após a mudança de nome para Palestra de São Paulo, quando tudo ia bem, e quando o time inclusive se destacava no Campeonato Paulista, o governo brasileiro determinou que o nome do clube fosse novamente alterado, sob a alegação de que a palavra “Palestra” fazia alusão à Itália. A etimologia, no entanto, revela que “Palestra” é uma palavra de origem grega.

Com uma chance grande de a imposição da nova mudança de nome ser ignorada por parte do Palestra, a decisão do governo nacional caiu como uma luva para clubes rivais, que enxergavam ali a possibilidade de ver o Alviverde fechar as portas, afinal, mudar de nome seria colocar a honra do Palestra à prova. Na troca anterior, de Palestra Italia para Palestra de São Paulo, o clube já havia cumprindo com as suas obrigações perante a Lei. E a nova determinação agora deixava clara a existência de uma situação de perseguição.

Se realmente resistisse à mudança de nome, os rivais iriam poder brigar para ver quem ficava com o estádio do Alviverde (um dos mais modernos à época). A fim de evitar qualquer tipo de cisão com o governo e de driblar o preconceito, os dirigentes do Palestra se reuniram novamente e decidiram que haveria uma segunda mudança de nome, caso contrário, certamente o clube estaria sujeito à perda total de patrimônio.

Outro detalhe importante é que, poucos meses antes deste novo capítulo de perseguição, o Palestra ganhou o apoio de um personagem extremamente relevante. O então capitão Adalberto Mendes veio do Vasco da Gama, onde exercia a função de diretor de esportes.

Por ironia do destino, quando foi designado pelo Exército Brasileiro a servir na cidade de São Paulo, encontrou por acaso um velho amigo, Ernani Jota, que era fortemente ligado ao Palestra Italia. Jota serviu de “ponte” para interligar o militar aos dirigentes palestrinos.

De imediato, o capitão se identificou com o Palestra, pois foi bem recepcionado pelo presidente Ítalo Adami e acabou criando laços de amizade com os dirigentes esmeraldinos, além de tornar-se um fervoroso torcedor do clube. Naquele momento, mais do que nunca, o Palestra Italia precisava de uma figura patriota que blindasse – ou pelo menos amenizasse – o clima de hostilidade do qual o clube era vítima naquele momento.

Assim, o então capitão Adalberto Mendes assumiu um cargo de importância na diretoria palestrina, sendo nomeado pelo presidente Ítalo Adami para assumir o posto de 2º vice-presidente.

No dia 14 de setembro de 1942, Ítalo Adami reuniu os dirigentes palestrinos para oficializar o novo nome do clube, que, por sugestão de Mário Minervino, passou a se chamar Sociedade Esportiva Palmeiras. Dois fatores teriam motivado a escolha: a quantidade abundante de palmeiras dentro das dependências do clube e a decisão de homenagear a extinta Associação Atlética das Palmeiras, agremiação com o qual o Palestra manteve bom relacionamento institucional nos primórdios de sua existência, além do principal, que era manter o P como primeira letra.