1993: Cléber relembra primeiro título pelo Alviverde: ‘Atropelamos’

Agência Palmeiras
Luan de Sousa

Campeão paulista em junho, colocando fim a uma fila de títulos de quase 17 anos, o Palmeiras se reforçou no segundo semestre de 1993 para buscar também o troféu do Campeonato Brasileiro daquela temporada, conquista que não era obtida havia 20 anos. E a principal contratação foi o zagueiro Cléber, uma promessa que estava no Logroñés-ESP após se destacar no Atlético Mineiro e que levantou a taça logo em seu primeiro torneio pelo Verdão.

“Foi o meu primeiro título no Palestra Italia. Tenho muitas boas lembranças daquela época. Eu tinha três anos de contrato com o time espanhol, não pensava em voltar ao Brasil, mas a proposta, o título paulista, o (técnico Wanderley) Luxemburgo, as ambições do clube, todo esse conjunto… Enfim, decidi aceitar e abraçar o projeto. E eu não me arrependo de nada (risos)”, disse Clébão ao Site Oficial do Palmeiras.

Ex-parceiro de Antônio Carlos, que havia chegado no começo do ano, Cléber recorda da superioridade da equipe alviverde na época. E salienta que apenas isso não foi suficiente para o título. “A nossa superioridade era nítida. Nós sabíamos disso. Então, o Wanderley tinha de controlar o ambiente, o vestiário. Ele era um líder. Nós, jogadores, entendemos que precisávamos ter os pés no chão e isso foi comprovado com o título. Houve uma integração muito grande. Muitos clubes formam grandes seleções e acabam não conseguindo os objetivos. Com a gente, foi diferente”.

O adversário das finais foi o Vitória. O Verdão, no dia 12 de dezembro, derrotou o rival baiano por 1 a 0 em Salvador-BA (com gol de Edílson), e, sete dias depois, venceu novamente (por 2 a 0, com tentos de Evair e Edmundo) em um Estádio do Morumbi apinhado de torcedores verdes e brancos.

“O Vitória era uma equipe jovem com alguns experientes. Era um time muito rápido no ataque e tinha um goleiro ótimo que estava começando, que era o Dida. Mas atropelamos, não demos chance alguma. Dominamos tanto o primeiro quanto o segundo jogo”, rememorou.

O ex-defensor cita ainda outro triunfo memorável daquela campanha: o sobre o São Paulo (2 a 0) na segunda fase do torneio. “Aquele jogo foi um divisor de águas. Pegamos um São Paulo do Telê, com jogadores de alto nível como Cerezo, Válber, Zetti… Era um grande time. Mas naquela tarde fizemos um jogo espetacular. Sem contar que nos era oferecido bichos maiores e isso nos incentivava ainda mais”, afirmou o ex-zagueiro, que mantém vivo na memória o golaço de Sampaio.

“Ele arrancou do meio-campo, carregou, ganhou uma dividida e, por fim, teve a tranquilidade de um atacante para driblar o goleiro e meter a bola nas redes”, descreveu, com um sorriso no rosto.

Clébão começou a carreira como atacante

Em 372 confrontos pelo clube, Cléber, o 19º atleta com mais jogos na nossa história quase centenária, marcou 21 gols. O número, alto para um defensor, pode ser explicado pelo seu passado. O jogador, que destoava por ter uma ótima saída de bola, iniciou a carreira atuando no ataque.

“Isso (ter jogado como atacante) ajudou bastante. Tanto na saída de bola quanto nos gols. No Atlético, fiz fundamento específico até os 15 anos. E isso começou na minha infância. Eu tinha um tio que era centroavante e ele, no fim da carreira, me levava aos treinos. E eu queria ser como ele quando comecei a jogar. Mas não tinha a mesma qualidade (risos), né? Aí fui recuando, recuando e virei zagueiro. Enfim, isso me ajudou muito, me deu uma condição melhor”, finalizou.