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Após três temporadas de destaque no Palmeiras e com uma grande bagagem de títulos e prêmios individuais, a meio-campista Ary Borges se despede do clube nesta sexta-feira (23). Com 87 jogos, a camisa 8 encerra uma trajetória vitoriosa, coroada pela conquista do Campeonato Paulista, no Allianz Parque, e da CONMEBOL Libertadores, em Quito, no Equador.

“Fui muito feliz no Palmeiras. É gratificante saber que, quando lembrarem do Palmeiras feminino, eu estarei lá para engrandecer ainda mais a história do clube. Aqui virou a minha casa e sou muito grata por tudo. O Palmeiras tem um significado muito grande para mim, não consigo nem definir com palavras”, declarou.

Ary foi uma das artilheiras do Verdão na Libertadores (Foto: Staff Images Woman/CONMEBOL)

Natural de São Luís (MA), a atleta veio para São Paulo com apenas 10 anos de idade e, após um ano na capital paulista, iniciou a carreira no Centro Olímpico. A jogadora sempre levantou bandeiras importantes no futebol feminino e sofreu na pele as barreiras impostas às mulheres que querem fazer parte do esporte. Quando treinava em uma escolinha de futebol, por exemplo, os meninos não a escolhiam para a equipe, julgando que, por ser menina, Ary não sabia jogar. Ela respondeu marcando um gol no primeiro lance em que recebeu a bola.

Com faro de gol e habilidade para atuar em todas as posições do meio para frente, Ary balançou as redes 37 vezes com o manto e divide o posto de maior artilheira da história do futebol feminino palmeirense com as atacantes Bia Zaneratto e Carla Nunes. Acostumada a marcar em momentos especiais, foi a autora do 100º gol do time em 2022 e do 400º tento do Alviverde em campeonatos paulistas.

A meia marcou 37 gols com a camisa do Verdão (Foto: Fabio Menotti/Palmeiras/by Canon)

Na última quinta-feira (22), a palestrina foi premiada como melhor meia do Campeonato Paulista pela segunda vez na carreira – na premiação da temporada de 2020, também faturou o prêmio, além de ter sido eleita a melhor volante do Brasileiro de 2022. “Marcas individuais nunca foram o meu maior objetivo, mas fico muito feliz e honrada. É bacana atingir grandes marcas e escrever a minha história no clube dessa forma”, disse.

Peça-chave no esquema tático do técnico Ricardo Belli, a polivalente coleciona boas atuações e títulos no Palmeiras: Copa Paulista (2021), CONMEBOL Libertadores (2022) e Campeonato Paulista (2022). “A minha passagem não poderia ter terminado melhor. Encerramos o ano com os títulos da Libertadores e do Paulista, coroando o nosso ano e a minha trajetória de uma forma muito especial. Tentei retribuir tudo que o Palmeiras me deu”, comentou.

Na conquista inédita da Libertadores, Ary marcou na decisão e foi a goleadora do time, ao lado de Bia e Byanca Brasil, todas com três tentos cada. Já quando o assunto é campeonatos estaduais, a meia é a artilheira, com 23 gols anotados na disputa de dois Paulistas e uma Copa Paulista representando o Verdão.

No último jogo pelo Alviverde, Ary se despediu em grande estilo, com direito ao gol que confirmou o bicampeonato paulista, com direito a recorde de público da modalidade palestrina. Ao todo, 20.071 torcedores acompanharam a vitória por 2 a 1 contra o Santos, no Allianz Parque. “Fiquei muito feliz de fazer um gol no último jogo. Para a torcida, fica aqui o meu muito obrigada. Vocês marcaram a minha vida”, afirmou.

O ótimo desempenho com a camisa alviverde deu à meio-campista a oportunidade de atuar pela Seleção Brasileira. Presente em todas as listas convocatórias da técnica Pia Sundhage em 2022, a jogadora de 22 anos conquistou a Copa América Feminina, anotando dois gols no torneio. “Conquistei o meu espaço e um título tão importante como a Copa América. O Palmeiras tem uma grande parcela nisso, pois foi vestindo essa camisa que consegui a minha convocação”, falou.

Ottilia e Ary começaram a jogar juntas em 2016 (Foto: Fabio Menotti/Palmeiras)

Quando chegou ao Palmeiras, Ary veio acompanhada da atacante Ottilia. A dupla atuou de 2016 a 2022 nos mesmos clubes: iniciaram no Centro Olímpico e passaram por mais três times até se separarem em junho deste ano, após a companheira deixar o time para jogar no futebol francês. “Temos várias histórias malucas. A Ottilia já me fez ir com ela em jogos do Palmeiras com a gente jogando no Sport”, lembrou.

“A Ottilia foi fundamental. Ela que insistiu para que eu viesse para o clube e foi a pessoa que me fez amar o Palmeiras. Ela é torcedora desde criança e me passou essa paixão. Me fez entender o que é ser palmeirense, o que é vestir a camisa do time e sentir o calor da nossa torcida. Agradeço ela por tudo e sou grata por ela ter feito parte dessa história comigo”, complementou.

Enquanto marcava seu nome na história do Palmeiras, a identificação com o clube também crescia e, aos poucos, o Alviverde se tornou seu time do coração. Ary se dedicou ao máximo durante os 3 anos em que defendeu nossas cores e, hoje, encerra o seu ciclo como atleta. Porém, segue sendo parte da Família Palmeiras. Obrigado, Ary!