Felipão: relação de história e carinho por Alagoas

Agência Palmeiras
Fábio Finelli

 

A relação do técnico Luiz Felipe Scolari com Alagoas é muito mais estreita do que as pessoas possam imaginar. Foi no CSA, de Maceió-AL, que o atual comandante palmeirense encerrou sua carreira de jogador, em 1981, e iniciou no ano seguinte a de treinador. O então zagueiro Felipão, capitão do time, levantou o caneco do Campeonato Alagoano e, com a saída de Walmir Louruz, deu início a uma trajetória de sucesso ao tornar-se um dos maiores treinadores do futebol mundial. Felipão ainda voltaria ao CSA em 1986, novamente como treinador, antes de voltar a Porto Alegre para comandar Juventude e Grêmio.

Em entrevista para o site oficial do Palmeiras, Felipão relembra da relação de respeito e carinho que tem por Alagoas. Ele se recorda do período em que foi campeão Estadual e deixa claro que, em Maceió, é muito mais lembrado por ter sido um bom zagueiro no CSA do que pela passagem pela seleção brasileira. Confira abaixo o bate-bola com o treinador palmeirense e ouça o Áudio de sete minutos.

 

SitePalmeiras – Você encerrou a carreira de jogador sendo campeão pelo CSA e tão logo iniciou a de treinador, em 1982. Recorda-se desse período?

Felipão – Lembro, claro. Fui em meados de 1981 para jogar no CSA e fiquei até o final do ano, que era quando acabava meu contrato.  Conseguimos o título por antecipação. O nosso time tinha uma qualidade incrível. Era uma equipe muito boa para a época, montada pelo Walmir Louruz e pela direção. Foi um título que me deixou muito feliz, pois como jogador, nunca tinha sido campeão Estadual e consegui o ápice bem no final da minha carreira. Foi um término muito feliz.

Depois, o Walmir foi embora e a direção entendeu que eu tinha condições para começar a trabalhar como técnico. Eu era o capitão do time e tinha curso de formação de Educação Física e de treinador. Foi uma oportunidade excelente de eu começar a minha carreira. Ainda guardo grandes amizades, uma relação não apenas de futebol, mas de aspectos comerciais com Maceió, com alguns investimentos. Tenho bons amigos dos tempos em que ainda atuava como jogador e técnico.

 

SitePalmeiras – Se recorda de onde morava em Maceió dos tempos de quando jogava?

Felipão – Primeiramente morei na praia de Ponta Verde. Como estava emprestado ao CSA, inicialmente fui morar sozinho, e depois levei minha família. Depois, foi morar na Jatiúca. São dois locais maravilhosos, na orla da praia. Maceió é excelente para se viver, para poder fazer caminhada. O ambiente que a praia proporciona, a tranquilidade, enfim. Depois, retornei mais duas ou três vezes com minha esposa e filhos na época das férias. Maceió é espetacular.

 

SitePalmeiras – E como será reencontrar o povo de Alagoas e os amigos que ainda moram por lá? Lembra de algo curioso do período em que viveu por lá?

Felipão – Uma coisa engraçada é que, em Maceió, eu sou muito mais lembrado pelo torcedor do CSA como um bom zagueiro que passou por lá, do que como técnico da seleção brasileira ou dos clubes por onde passei. Naquela época, nossa passagem pelo CSA realmente marcou. Tínhamos boa liderança e o Walmir montou um grande time. Havia três ou quatro gaúchos no elenco e o ambiente era ótimo. Além disso, nós chegamos lá e o CRB (rival do CSA) estava seis pontos na nossa frente. Conseguimos passar e fomos campeões com algumas rodadas de antecedência.

Meu relacionamento com as pessoas de Maceió é excelente. Eu convivi com algumas pessoas que depois passaram pela política e foram importantes no cenário nacional. Tem um ou outro caso em que fomos ajudados, principalmente quando estávamos no Kuwait, em 1991, pelo Fernando Collor de Mello (foi Presidente da República entre 1990 e 1992). Ele era presidente do Conselho do CSA e nos ajudou na guerra do Golfo quando ocorreu a invasão (do Kuwait). Ele ajudou na liberação dos brasileiros que lá estavam, inclusive a gente (na ocasião, Felipão era técnico da seleção do Kuwait). É uma pessoa que tenho boa amizade, bom relacionamento. Gosto muito dele.

Tudo isso foram coisas que marcaram, e quando a gente se encontra e recorda, ficamos duas, três horas conversando e relembrando desses bons momentos.

 

SitePalmeiras – O que muda para o Palmeiras em enfrentar o Coruripe no estádio Rei Pelé?

Felipão – Em termos de campo, nada muda nossa postura, independentemente de ser em Coruripe ou Rei Pelé. O que muda é a presença do torcedor. Lembro que na Copa dos Campeões de 2000, quando o Murtosa era o treinador, o Palmeiras foi campeão levando 20, 30 mil pessoas ao estádio. Agora, não vamos disputar título, mas o envolvimento e a presença da torcida precisam ser os mesmos. Contamos com a presença do nosso torcedor.

 

SitePalmeiras – Para encerrar: o Palmeiras viaja na segunda-feira (12) e treina na terça (13) em Maceió. Na terça, vai fazer sua tradicional caminhada pela praia (risos)?

Felipão – Claro que irei. Vamos tentar fazer com que o Murtosa dê uma corridinha, o Galeano também. Vamos naturalmente receber nossos amigos em Maceió e dar nossa tradicional caminhada, que é comum nas nossas viagens. Vamos caminhar uma hora, uma hora e meia. E em Maceió mais ainda, especialmente por ser um dos lugares mais bonitos do Brasil.