Jornalista propõe pacto aos Palmeirenses

Agência Palmeiras

Com a devida autorização do autor, o site oficial do Palmeiras reproduz os principais trechos do texto do jornalista Mauro Beting, publicado em seu blog, no site Lancenet! Beting propõe um pacto entre os torcedores, aqueles que são apaixonados, que desejam o bem do clube, que amam a instituição Palmeiras de verdade. Com vocês, a proposta, o pacto:

Torcida que canta e vibra
por Mauro Beting

O Santos não via futuro em 2002. Achou no quintal uma geração brilhante e, desde então, virou o jogo, mesmo, agora, pisando em dívidas. O Botafogo parecia ter virado o fio e o caos depois de começar o ano apanhando da bola e do Vasco por 6 a 0. O mesmo rival que hoje está perdido e se perguntando se ainda vai, se ainda cai, se ainda é Vasco, depois da nau ter virado, na final da Taça Guanabara. Por mais que os estaduais não sirvam de exemplo, para cima ou para baixo, é só para reafirmar que tudo vira muito rápido neste mundo acelerado. Quando não celerado.

O Palmeiras entrou em parafuso desde o final de 2009. O que era certo deu errado. O que era falha virou fracasso. O que nem era passou a ser a Era das Incertezas no Palestra. Será que tudo é tão ruim assim? Será que todos não prestam, não prezam, não Palestra?

Triste no sábado, sombrio em quase todo 2010, é que muito palmeirense tirou a temporada como ano sabático. Pediu licença do sacro ofício de palmeirense. Não vê jogo. Não vai ao estádio. Não vibra. Não teme. Não treme. Não goza. Ñão é gozado.

NÃO!

Por mais que tenha razão e muitas emoções para não querer se decepcionar mais uma vez com o time, não se pode largar o time. Pior que a má fase, só ficar de mal do time, e de fora do estádio. Tem de discutir. Tem de debater. Tem de conversar. Tem de cornetar. Tem de cobrar. Não pode é deixar de ir ao estádio. Esquecer o time. Aí é que não vai, aí é que não sai. Sei que é fácil falar das frias tribunas para alguém continuar sendo fervoroso fiel e frequente freguês. Mas amar é isso. É na dor do torcedor que um time se alimenta, se agiganta, se levanta.

O elenco não é ruim. Mas não é bom. É limitado. Perdeu um título ganho em 2009, se perdeu, e mais que tudo, perdeu a confiança. Também porque nenhum profissional consegue ser o que é ou o que pode ser pressionado como foi Vágner Love. Como está sendo o presidente. Como qualquer um que não caia nas graças de alguns grupos ou facções ou milícias.

Não vai se apequenar, não vai virar o que não é, como comentam (sic) muitos urubus, abutres e outros bichos quaisquer da mídia. Aquilo é papo de torcedor dos outros. Aqui é um toque de um torcedor palmeirense, claro, mas de um jornalista que não torce contra os outros – e nem distorce os fatos.

O Palmeiras sai desta. Desde que entre de vez com a ideia de que precisa tratar a cabeça antes do corpo. Desde que todos ajudem e se ajudem. Mais fora que dentro de campo.

Que tal um pacto?

Quem vai pagar o pacto é o palmeirense de verdade. Aquele que torce pelo time, não por ser sócio. Aquele que torce pelos 11 em campo, não pela torcida profissional. Aquele que é Palmeiras, não a empresa dele. Aquele que vibra pelos jogadores do clube, não pelos jogadores dele.

Como ganhar dos outros se a gente se perde em casa?

A pergunta eu fiz para alguns palestrinos no fim de ano. Sempre sabendo que palmeirense que é palestrino pode e deve ser corneteiro. Faz tão parte da essência quanto ser campeão. Só não pode é fazer disso uma política de vida. Para não dizer política mortal com p e propósitos minúsculos dentro do clube.

O palmeirense sabe por A mais Série B o que é estar desunido, sem idéias e ideais na situação. Sabe o que é não saber o que deu errado em 2009. E sabe o que acontece quando quem deveria conhecer não sabe nada. O que não é o caso. Nem ocaso.

Faz parte da vida perder – não da morte pela qual muitos parecem torcer. É tempo de paz quaresmal. De reflexão. De fazer festa com amigos e família. Tempos de compaixão. Congraçamento. De dar. De doar. De jogar junto. Como una família. Como um time.

Dias de acreditar na renovação. Na recuperação. Tempo de esperança – não por acaso verde. Tempo de fé palmeirense.

Tempo de tentar refazer o que não deu certo. Mas não de romper o que já funciona. Mudar só por mudar não vai mudar muita coisa. Uma coisa é fazer oposição à situação. Outra e a oposição ao Palmeiras. Outra tão pior é ser oposição dentro da própria situação. Discutir é sempre saudável. Divergir faz parte do jogo. Jogar contra está fora de campo.

Assim como o clube precisa de todos os tantos segundos (e os tantos primeiros) do torcedor, o Palmeiras está precisando de todos os palmeirenses mais por perto. Afinal, o que de fato une tantos filhos e irmãos de fé? O que há em comum entre tantos tão divergentes? Um passe de Ademir da Guia ou um gol do Evair ou uma defesa do Marcos para quem souber a resposta.

É hora de botar mãos, pés e cabeças à obra.

Como a mamma que espera os filhos no domingo de Páscoa, é hora de deixar as divergências no capacho da porta e dar um grande abraço. O Palmeiras escolheu o palmeirense para o acolher. O ovo de Colombo e de Páscoa a ele é dar um pouquinho de paz para trabalhar.