Palmeiras Octacampeão: vamos comemorar a Justiça

José Roberto Christianini
Diretor do Departamento de História e Memória do Palmeiras

Quando unificam-se os nomes de todos os campeonatos de ordem nacional que já tivemos contempla-se todos aqueles que conquistaram esse direito no campo de jogo.

Porém há de se fazer algumas reflexões:

Pensemos que a entidade reguladora do esporte brasileira, a CBF (sucessora da CBD), fosse um pai zeloso, que tivesse vários filhos. Deu-lhes, como óbvio, diferentes nomes: Nacional, Brasileiro, Ouro, União, Havelange. E como todo pai, em todos nascimentos, compareceu ao cartório e os registrou.

Que mal, e dano, causa a quem quer que seja se depois de algum tempo de relutância, movida pela eventual falta de memória do que por outra causa maior, resolva comparecer ao mesmo cartório e registrar o filho primogênito Brasil, mais o Robertão e a filha Prata, de quem é pai legítimo, e por quem tem o mesmo apreço dedicado aos outros. Tanto apreço que, desde o nascimento do primeiro, só a estes permitia que, anualmente, visitassem a prima Libertadores.

Outra reflexão a ser feita é julgamento de mérito. Os campeões merecem ter seus títulos unificados com os atuais vencedores do, agora denominado, Campeonato Brasileiro.

Penso que aqueles títulos tiveram mais e maior mérito que os atuais. Unificar os vencedores da Taça Brasil , Robertão e Taça de Prata aos vencedores mais recentes é um up-grade que se concede a estes.

Ou será que vencer torneio em que atuavam Pelé, Djalma Santos, Ademir da Guia, Julio Botelho, Didi, Rivelino, Gerson, Paulo Caju, Garrincha, Tostão, Dirceu Lopes, Mauro Ramos de Oliveira, Valdir Joaquim de Morais, Gilmar dos Santos Neves, Djalma Dias, Dudu, Tupãzinho, César Maluco, Nilton Santos era mais fácil que vencer campeonatos com resultados finais tão contestados quanto tivemos nestes últimos 11 anos.

Parece-me , arrisco dizer, que estou certo. Que torná-los todos por igual é uma concessão que aqueles craques, fundamentais na formação do prestígio mundial que o futebol brasileiro goza até hoje, fazem aos campeões de agora.

Vamos comemorar a Justiça, mais uma vez tarda mas não falha, e vamos agradecer a todos craques que proporcionaram essa equiparação.

Consulta à história

Nelson Rodrigues os qualificava como idiotas da objetividade. Não chego a isso, claro que não! Mas falta aos que reclamam que alguns títulos foram conquistados em somente quatro partidas, uma simples consulta a história.

Palmeiras e Santos, e por conseguinte todos os campeões da Taça Brasil, não obtiveram o título com 4 ou 6 partidas, foram pelo menos 3 dúzias de partidas para conseguir a Taça, precisavam ser campeões estaduais – Taça Brasil jamais admitiu convidados, só campeões estaduais – jogando normalmente três dezenas de jogos e depois mais 4, 5 ou 6 para o título brasileiro.

Não há como se dizer que a Inter de Milão conquistou o mundial da FIFA jogando 2 partidas. Precisou classificar-se no italiano, vencer a Champions League e, depois dessa maratona toda, chegar a Dubai para jogar 2 partidas.