Retrospectiva 2017: Com gols e boas ações, Willian conquista a torcida

Luan de Sousa
Departamento de Comunicação

Arquivo pessoal_Além dos gols, Willian conquistou a admiração de torcedores e funcionários do clube por sua personalidadeA mania do bigode chegou ao Palestra Italia. Com gols, empenho e boas ações, Willian conquistou rapidamente o respeito dos palmeirenses. Dentro de campo, o atacante contratado em janeiro se tornou o artilheiro do time na temporada e um exemplo de determinação, pela forma como se dedica à equipe. Fora dele, ganhou a admiração dos funcionários da Academia de Futebol pelo profissionalismo e comportamento.

“Não sou um cara que faz brincadeiras o tempo todo, mas tento manter o sorriso no rosto. Dou bom-dia às pessoas, desejo bom trabalho… Isso é importante em uma convivência diária. Tenho estes princípios por causa da educação que recebi”, conta o camisa 29. “Meu pai (Raimundo) sempre me alertou para o sucesso nunca subir à minha cabeça, para eu respeitar o outro. Procuro aprender. Quero ser um melhor pai, um melhor filho e, também, um melhor profissional.”

A aplicação de Willian durante o dia a dia de trabalho chama a atenção. Jogador de linha do Verdão com mais partidas em 2017, ele cultiva o hábito de chegar mais cedo ao centro de treinamento para fazer exercícios preventivos, que atenuam o risco de lesões. “E eu me recupero bem depois dos jogos. Cuido da alimentação, valorizo as noites de sono. Não tem como as coisas darem errado se você faz tudo certo. É a lei da semeadura: a gente colhe o que planta”, acredita.

Boca limpa

Decidido a ser um espelho para as filhas Filippa e Mariah, respectivamente de 5 e 3 anos de idade, Willian se esforça para evitar os palavrões em seu cotidiano. Nem sempre foi assim. Na infância, o menino nascido em Três Fronteiras, cidade do interior paulista situada a 620 km da capital, era “cri-cri” em campo, como ele mesmo se define: reclamava constantemente com o árbitro, simulava faltas e, por vezes, tinha ataques de fúria.

“Uma vez, durante um jogo na minha cidade, eu disse uma barbaridade para o juiz. Ele era amigo do meu pai e avisou que ia me expulsar se eu continuasse a lhe faltar com respeito. Fui amadurecendo como jogador, mas seguia com os palavrões. Não conseguia me controlar”, recorda-se. “Quando eu me casei e me converti, isso começou a me incomodar. Tinha explosões e depois me arrependia. Pedi a Deus para me libertar desse problema. Não queria passar coisas feias para as minhas filhas. Hoje, tento não falar palavrão no trabalho, em casa… Com o tempo, aprendi a me controlar, a aceitar as decisões dos árbitros. Eles erram como nós, temos de entender.”

Amor especial

Arquivo pessoal_Willian adotou Daniel em 2010Em 2010, Willian adotou Daniel, um primo de sua mulher, Loisy, portador de Síndrome de Down. O distúrbio genético costuma provocar dificuldades de aprendizagem e cognição. O casal se prontificou a assumir a criação do garoto, por ter condições financeiras de oferecer um melhor apoio para ele se desenvolver.

“Os portadores de Síndrome de Down são pessoas especiais. Eles não têm maldade, são puros. Demonstram um amor incrível e um carinho fora do padrão. A mãe do Daniel já tinha 48 anos e outros três filhos quando ele nasceu. Conversamos bastante e a família toda entendeu que o Daniel deveria ter um cuidado diferenciado”, explica o atacante. “O que mais envolveu esta história foi o amor. Todos queremos que ele se sinta igual às outras crianças.”

Daniel morou por cinco anos e meio com a sogra de Willian em Santa Fé do Sul, cidade vizinha de Três Fronteiras. Em 2015, mudou-se para a casa do jogador em Belo Horizonte (MG), onde ganhou o acompanhamento de profissionais especializados e a companhia das irmãs. “Em casa, as meninas se dão muito bem com ele. A Filippa já entende que ele não veio da barriga da mãe, mas o considera um irmão de coração. Ela o ajuda bastante com as atividades”, conta Willian. “O Daniel ainda não fala perfeitamente, mas estamos esperançosos de que este milagre se realizará. Ele é esperto, entende tudo. Todos aprendemos com ele. Somos honrados por tê-lo conosco.”

Amizade com Cristaldo

Na Ucrânia, país onde defendeu o Metalist, Willian ficou amigo de outro goleador carismático que fez sucesso recentemente no Palmeiras: o argentino Jonathan Cristaldo. Eles atuaram juntos por duas temporadas no clube do Leste Europeu.

“O Cristaldo é um cara bacana. Quando nos conhecemos, o Metalist tinha seis brasileiros e seis argentinos. Dos argentinos, ele era o mais próximo de nós. Eu me lembro de que, naquela época, ele já falava sobre a vontade de jogar no Brasil e comprar uma casa aqui”, lembra-se Willian. “É um cara querido, todos gostam dele. E ainda faz gols. No Palmeiras, ele conseguiu criar uma identificação grande com o torcedor e foi campeão da Copa do Brasil.”

Divulgação_Willian e Cristaldo jogaram juntos no Metalist, equipe de futebol ucraniana

DubGod

Willian deixou crescer o bigode por causa de uma brincadeira com o pai, Raimundo. Eles combinaram mudar o visual dois meses antes de o atacante voltar ao Brasil para defender o Cruzeiro. Na equipe mineira, o novo estilo se transformou em marca registrada, literalmente.

“Tudo aconteceu de forma natural. Quando marquei o meu primeiro gol pelo Cruzeiro, eu me lembrei do meu pai e fiz uma homenagem a ele. Teve uma repercussão grande e a moda foi pegando. Em Minas Gerais, o pessoal gosta de juntar as palavras. Virei Willian “DoBigode”. O pessoal começou a vender bigodes na frente do estádio. Era criança usando, mulher usando.”

O atacante recebeu, então, uma proposta para patentear a marca. Gostou da ideia. Logo o apelido “DoBigode” foi adaptado para “DubGod”, em um trocadilho que remete à fé do jogador. “Entendi que poderia ser algo interessante para o meu futuro. Afinal, a minha carreira vai acabar um dia”, reconhece. “Com essa marca, posso desenvolver uma barbearia, uma sorveteria, uma marca de roupas. Em Belo Horizonte, tive o carinho não só do cruzeirense, mas também do atleticano, do torcedor do América-MG. Tem muito Willian por aí, mas Willian “DubGod” só tem um.”

Bigodes na história palestrina

Jogou pelo clube alviverde de 1958 a 1962. É o quinto maior artilheiro do Palmeiras em uma mesma temporada – fez 42 gols em 1959.

 

Atuou pelo Verdão de 1949 a 1954. Foi o mártir da equipe na campanha do título mundial de 1951 ao sofrer fratura em uma das pernas na semi.

 

Defendeu o Maior Campeão do Brasil de 1951 a 1958. Volante notório pelo poder de marcação, foi titular na conquista da Copa Rio.

 

Nascido na Argentina, jogou pelo Alviverde de 1939 a 1942. É o maior artilheiro estrangeiro da história palmeirense, com 113 gols.

Atuou pelo clube de 1969 a 1978. Famoso pela velocidade e pelo forte físico, conquistou três títulos brasileiros e três estaduais.

Defendeu o Palmeiras de 1949 a 1955. Foi o grande jogador palestrino na conquista do Mundial de 1951 (leia mais nas páginas 40 a 43).

Teve duas passagens pelo Verdão, a primeira delas de 1958 a 1965. Um dos maiores pontas da história do futebol brasileiro.

Defendeu o gol palestrino de 1941 a 1954. Melhor goleiro do Brasil na década de 1940, tem um busto em sua homenagem no clube.

Atuou pelo Alviverde de 1954 a 1966. Com 587 jogos, é o quinto jogador que mais vezes vestiu a camisa alviverde.

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