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“Rony, hoje a gente não tem o que comer.”

A frase, dita por uma das irmãs do atacante quando ele tinha 6 anos e morava em um casa de barro no interior do Pará, mostra o tamanho das dificuldades que o camisa 7 precisou superar para se tornar herói do Verdão. A emocionante trajetória do artilheiro palestrino, narrada em primeira pessoa pelo próprio atleta, é a Reportagem de Capa da edição 59 da Revista Palmeiras, publicada nesta quinta-feira (22 de julho) em plataforma multimídia.

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Na Reportagem Histórica, a esposa e os filhos do craque Liminha contam em detalhes quem foi o jogador que fez o gol do nosso título mundial contra a Juventus-ITA, há 70 anos. Já nas Páginas Verdes, confira uma entrevista especial com o ídolo Fernando Prass.

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Leia abaixo um trecho do depoimento exclusivo dado por Rony à Revista Palmeiras:

“Rony, hoje a gente não tem o que comer.”

Eu me lembro como se fosse hoje do dia em que escutei essa frase horrível. Devia ter uns seis anos e estava com o corpo todo pintado de catapora. Uma das minhas irmãs, Rafaela, tinha acabado de voltar para casa; era quem cuidava de mim quando o meu irmão mais velho, Robson, saía para trabalhar na roça.

Ela me falou que o dono do mercadinho não queria mais nos vender comida porque o meu avô, Miguel, tinha uma dívida grande com ele. Eu estava com muita fome – vocês sabem, criança sente muita fome! Minha barriga doía pedindo alimento, mas tudo o que tínhamos era um pouco de farinha de mandioca.

Vendo o meu choro de desespero, a Rafaela misturou a farinha n’água, colocou açúcar para dar algum sabor e fez o que, no Pará, chamamos de chibé, um prato de origem indígena. Devorei aquele chibé como se estivesse comendo a refeição mais gostosa do mundo.

De vez em quando, alguém me pergunta como consegui dar a volta por cima no Palmeiras depois do início complicado que tive no clube. Sendo sincero, as dificuldades que encontrei aqui foram pequenas perto de tudo o que precisei passar até me tornar jogador.

Pior aperto

A nossa casa era a mais humilde da Vila Quadros, no município de Magalhães Barata (PA). De barro e sem janela, tinha mais ou menos o tamanho da sala de coletiva da Academia de Futebol. Um guarda-roupa velho servia como divisória entre a cozinha e o cômodo onde estendíamos as redes. Tínhamos apenas uma cama, que forrávamos com pedaços de papelão e livros escolares; na Vila Quadros, dormir em colchão era luxo, privilégio de quem ganhava bem.

Ali, morávamos em sete: eu, meus avós e quatro irmãos. Meu pai nos abandonou quando eu ainda era bem pequeno; pouco tempo depois, minha mãe se casou de novo e foi viver com o marido em outra cidade. Como era o caçula, morei um tempo com ela e o meu padrasto, enquanto os meus irmãos ficaram com os meus avós.

Voltei para a Vila Quadros depois que a minha avó faleceu. Mal conseguimos nos despedir. Quando o meu tio nos avisou de que a saúde dela tinha piorado, já não podíamos fazer muita coisa.

Logo que chegamos, tentamos levá-la ao hospital, mas a ambulância estava sem gasolina. Tinha no bolso R$ 15, dinheiro que a minha avó havia me dado para comprar uma bicicleta. Entreguei os R$ 15 para a minha mãe colocar combustível na ambulância. Uns cinco minutos depois de entrarmos no hospital, a minha avó morreu.

Após o enterro, minha mãe e meu padrasto foram embora e eu fiquei com os meus irmãos. Nunca passamos tanto aperto quanto naquela época. Pararam de pagar a aposentadoria da minha avó e o meu avô saiu de casa. Aos 17 anos, o Robson virou o chefe da família.

Irmão e ídolo

Costumo dizer que era para o Robson ser jogador de futebol, não eu. Ele jogava muita bola! Atuava como ponta ou centroavante, igualzinho a mim. Todos os times da região iam atrás dele, mas o Robson não pôde levar a carreira adiante porque, ainda moço, precisou trabalhar para colocar comida na mesa.

Quando menino, queria ser conhecido como o meu irmão. Meu sonho era que os times das vilas vizinhas também fossem à nossa casa me buscar. Jogava todo dia com a bola que eu mesmo fizera, enchendo de papel as sacolas de plástico que sobravam no mercado. O campo era de barro, então me ralava todo, mas nem ligava.

Comecei no clube do Robson, o Grêmio da Vila Quadros. Com 12 anos, já deitava nos moleques da minha idade: era tapa no fundo e correria; ninguém me pegava. Logo passei a jogar com caras grandes e a ganhar fama nas redondezas. Todo fim de semana, participava de campeonatos. Recebia R$ 50 por jogo, era uma felicidade.

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Revista Palmeiras – Edição 59 (23/07/2021)

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