“Torcida do Palmeiras valoriza seus ídolos”, diz Antônio Carlos

Agência Palmeiras
Marcelo Cazavia

Antônio Carlos Zago foi apresentado nesta sexta-feira (10) como novo treinador do Palmeiras. O ex-zagueiro, que trouxe consigo do São Caetano o auxiliar técnico Wellington e o preparador físico Carlos Pacheco, destacou durante a entrevista coletiva concedida na Academia de Futebol a identificação que tem com o clube e aproveitou para pedir o apoio dos torcedores.

“A torcida do Palmeiras é diferenciada. É uma da poucas que valorizam e homenageiam os ex-jogadores. Eu já fui homenageado, sou ídolo aqui e peço aos torcedores paciência para que possamos passar tranquilidade aos jogadores. Quem vai ao Palestra Itália tem que pensar positivo e incentivar bastante a equipe para que as coisas possam melhorar”, afirmou.

O presidente Luiz Gonzaga Belluzzo deu as boas vindas ao novo comandante do time. “O Antônio Carlos é um exemplo de jogador vitorioso e tem uma visão interessante de futebol. Toda escolha de treinador é uma aposta, e esperamos que esta seja uma aposta vitoriosa porque confiamos muito no Antônio Carlos como um líder de grupo. Ele pediu para dar o treino hoje [sexta-feira] e para trabalhar no clássico contra o São Paulo [no próximo domingo], o que mostra coragem”, comentou.

Confira os principais trechos da entrevista do novo técnico do Verdão:

Desafio no Palmeiras
´Tudo na vida sempre tem a primeira vez. E, em qualquer profissão, quando se está começando, se é tachado de inexperiente. Mas nós fizemos um bom trabalho no São Caetano, e a intenção é fazer o melhor possível no Palmeiras porque eu tenho um passado muito bonito no clube e não vou querer deixar que nada manche a minha história aqui.´

Identificação com o clube
´No final do ano passado, tive proposta para ir para o Vasco e acabamos não acertando. Há 30 dias, o Hélio dos Anjos me indicou para o Goiás e também não aceitei porque não via muita mudança entre o Goiás e o São Caetano, já que o Campeonato Paulista é mais forte do que o Goiano. O Palmeiras eu aceitei porque voltei para a minha casa, estou na minha cidade, conheço muito bem o clube, as pessoas que o dirigem e a torcida. É o ambiente ideal para mim. Sempre me entreguei ao máximo ao clube pelo qual trabalho e, claro, meu passado aqui ajuda bastante.´

Técnico da nova geração
´Considero-me um treinador da nova safra, sim. Comecei a carreira no São Caetano, que é uma equipe que projeta treinadores, como o Muricy Ramalho e o Dorival Junior, por exemplo, e agora o que a gente vai passar para os jogadores aqui no Palmeiras é que eu parei de jogar há dois anos e tenho uma mentalidade semelhante à deles.´

Desconfiança
´Para acabar com isso, só fazendo um bom trabalho. Quero crescer na carreira, pois é uma profissão que me fascina. Gosto de estar no campo ensinando os jogadores, e só o tempo e o trabalho me tornarão um grande treinador.´

Referências
´Tenho o Telê Santana como um pai. Ele tinha paciência para ensinar os jogadores e fazia com que os mais novos chegassem antes aos treinos para aprender. Depois, tive seis anos com o Wanderley Luxemburgo, que conhece muito taticamente, mais três anos com o Fábio Capello [na Roma-ITA], que tem um caráter muito forte e cobra muito dos atletas. Enfim, trabalhei com grandes profissionais. Mas, se tiver que me espelhar em alguém, é mais no Telê, que montava times de toque de bola bonito e com velocidade.´

Visão de futebol
´Gosto de trabalhar com o 4-4-2 e gosto de um time de bom toque de bola e que valorize a posse de bola, como fiz no São Caetano. O Palmeiras, em sua história, sempre foi uma equipe assim, sempre teve jogadores técnicos. Quero construir uma equipe que saia jogando com qualidade desde a defesa.´

Diálogo com os atletas
´Procuro incentivar bastante. Nas horas difíceis, o treinador tem de estar junto como o atleta. O tratamento vai ser igual para todos. A linguagem dentro do vestiário é a mesma entre treinador e jogador. Tem que incentivar e tem que cobrar quando necessário. E eu vou chamar sempre o jogador para conversar individualmente quando eu achar necessário.´

Clássico de domingo
´Se eu falar que vai ter muita mudança, estarei mentindo. Não há muito tempo para treinar. Amanhã [sábado] já é véspera de jogo, não dá para treinar muito. Vai ser mais na base da conversa. Pedi para ficar no banco domingo porque não vejo por que outra pessoa estar lá. Estarei lutando e sofrendo junto com os jogadores e vamos fazer de tudo para que o Palmeiras reverta esta situação ruim o mais rápido possível.´

Crise
´Acho que a crise é mais pelo que aconteceu no ano passado, mas temos que esquecer isso e focar as forças no Campeonato Paulista e na Copa do Brasil, que é o que temos de imediato.´

Passagem pelo rival
´A passagem como diretor no Corinthians ajuda bastante porque eu consigo ver o lado da diretoria, entendo o que se passa. Tudo tem que andar em sincronia no futebol.´

Estrutura da Academia
´Está tudo diferente aqui, muito bonito. Temos campos perfeitos aqui para trabalhar, e o clube está de parabéns por tudo o que fez aqui nos últimos jogos.´

Marcos
´É um companheiro meu de pelada. Sempre tivemos boa relação, somos amigos há 17 anos. O Marcos é um símbolo do Palmeiras, tem uma história muito bonita, mas eu espero conversar bastante e ter um ótimo relacionamento com todos. E, por ser o capitão da equipe, o Marcos pode fazer esse meio-campo.´

Campeão como jogador e treinador
´Temos que sonhar sempre. Quando se trabalha em um grande clube, tem que ter como meta conquistar títulos. Espero poder ficar marcado como ficou o Dudu na história do clube [Dudu foi o último palmeirense a ser campeão dentro e fora das quatro linhas].´