Arqueiro do Palmeiras protagoniza feito raro e decisão por milímetros no Parapan

Daniel Romeu
Departamento de Comunicação

Heron Ledon/Divulgação _ Julio Cesar de Oliveira foi o melhor atleta do Brasil em sua categoria Jogos Parapan-Americanos de TorontoO arqueiro palmeirense Julio Cesar de Oliveira protagonizou um momento nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto que ficará para a história do tiro com arco. Na disputa das quartas de final da categoria composto masculino, o atleta do Palmeiras/Raycon encarou o americano Andre Shelby, e o duelo só foi decidido na segunda flecha de morte, algo extremamente raro na modalidade. Ainda assim, menos de cinco milímetros deram a vitória aos Estados Unidos.

O combate com o adversário já tinha um sabor diferente já que ambos se enfrentaram na Arizona Cup deste ano, com vitória do gringo, e também estiveram lado a lado na fase de classificação do Parapan, em que Julio ficou na sétima colocação. Após o atleta do Verdão eliminar o porto-riquenho Ricardo Rosario, por 135 a 133, nas oitavas de final, chegou a vez de encontrar Shelby nas quartas.

O favoritismo pertencia ao americano, mas Julio estava em uma crescente, com a estratégia de manter o bom desempenho e esperar o erro oponente para eliminá-lo. Porém o duelo – disputado em cinco séries de três tiros inicialmente – foi muito mais especial. “Eu entrei para ganhar. Pensei: ‘Não vou perder para este cara de novo’”, relembra o palestrino, único representante do Verdão no Parapan.

Os arqueiros empataram nos dois primeiros rounds, e Andre Shelby abriu dois pontos nas duas rodadas seguintes. Restava a Julio fazer sua parte e contar com um tropeço rival. E isso aconteceu: 30 tentos para o brasileiro contra 28 do adversário, placar de 141 a 141. Quando há o empate final, a disputa é decidida na flecha de morte – cada um tem um disparo; vence quem pontuar mais ou, em caso de nova igualdade, acertar mais perto do centro do alvo.

Confiante e preciso, Julio cravou um X, o “10 perfeito”, o menor anel do alvo. “Já há uma certa tensão. Aí eu fui lá no meião! ‘Que beleza!’. Quando eu olhei para o lado, não acreditei, ele acertou no X também. ‘Vai ter que medir’”, conta o palmeirense. Com o empate, a juíza mediu as distâncias entre as flechas e os centros e decretou que os dois tiros – em alvos diferentes – estavam milimetricamente iguais. Foi necessária mais uma flecha de morte, algo extremamente raro no tiro com arco.

“Normalmente, você está preparado para uma flecha de morte. Duas ninguém merece. A adrenalina subiu e o coração foi a mil. Então, é preciso se acalmar, respirar um pouco. Eu mesmo nunca vi isso acontecer. O técnico da Seleção Brasileira (Henrique Junqueira Campos) me disse que, em 20 anos no esporte, só tinha visto uma vez. O chefe de arbitragem da Confederação Brasileira de Tiro com Arco também nunca viu”, diz Julio.

Os competidores fizeram novos disparos e novamente empataram, em 9 a 9. O atleta do Palmeiras se lembra de que os espectadores do combate já diziam que seria necessário mais uma rodada de tiros. A arbitragem conferiu de novo, mas, desta vez, a flecha de Andre Shelby – campeão do evento posteriormente – estava menos de meio centímetro mais próxima do centro do que a brasileira.

Com o resultado, o palmeirense ficou na quinta colocação e foi o melhor atleta do país em sua categoria – exatamente o mesmo feito do Parapan de Guadalajara, em 2011, quando também teve a decisão na flecha de morte. “Eu já tinha esta meta de ficar entre os cinco primeiros e aconteceu o que eu previa, com os americanos na frente, seguidos por um canadense e um brasileiro. Eu estava mais experiente desta vez e consegui fazer aquilo que eu esperava”, avalia o palestrino.

Julio já se prepara para neste final de semana iniciar a disputa do Campeonato Mundial Paralímpico, em Donaueschingen, na Alemanha, também com a Seleção Brasileira.