Há 45 anos, inesquecível ponta Nei estreava e fazia seu 1º gol pelo Verdão

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Divulgação_Ídolo Nei jogou durante nove temporadas no Palmeiras e foi um dos principais jogadores da Segunda Academia alviverdePoucos atacantes na história do futebol brasileiro enlouqueceram tanto os marcadores adversários quanto Nei. Dono de habilidade rara, o camisa 11 era praticamente imparável quando disparava com a bola dominada na canhota. E foi há 45 anos que o lendário ponta-esquerda, vindo da Ferroviária de Araraquara, começou a encantar os palmeirenses.

A estreia aconteceu em 15 de janeiro de 1972, na goleada por 4 a 0 sobre o Santos, em amistoso disputado no Palestra Italia. Naquele dia, nem mesmo Pelé e Carlos Alberto Torres foram capazes de conter o ímpeto palestrino. “Tinha aquela ansiedade de chegar a um time grande e corresponder, mostrar o mesmo futebol que eu apresentava na Ferroviária”, lembra o ex-jogador, que exaltou o confronto com um dos maiores laterais-direitos da história.

“O Carlos Alberto Torres era um marcador excepcional. Enquanto os outros laterais marcavam o atleta, ele ficava de olho só na bola. Com os outros, você fingia que ia para um lado e já saia pelo outro. Com ele, não. Você podia sambar que ele ficava parado. O jeito era o Ademir da Guia encostar, tabelar e eu já sair em velocidade”, completa.

Peça fundamental da Segunda Academia, Nei chegou para disputar posição com Pio, ponta-esquerda que estava no clube desde 1969. A competição não atrapalhou a boa relação que os dois cultivavam desde os tempos de Ferroviária, quando Nei subiu das categorias de base e substituiu Pio, justamente negociado com a equipe palestrina. Foi no lugar dele, inclusive, que o camisa 11 entrou em sua estreia pelo time alviverde.

“Ele me ajudou demais quando cheguei ao Palmeiras. Como eu era muito quieto, ele veio me cumprimentar assim que cheguei ao clube, me explicou como as coisas funcionavam lá e qual era o melhor jeito de lidar com o (Oswaldo) Brandão. Falou que o treinador era muito sério, não gostava de brincadeiras e que eu precisaria trabalhar duro”, relembra.

Uma semana após estrear, em 22 de janeiro, Nei marcou seu primeiro gol pelo Palmeiras, na goleada por 7 a 0 sobre o Steaua Bucareste (Romênia), no Palestra Italia. Os primeiros jogos de 1972 serviram como prenúncio de uma temporada perfeita, em um ano em que o clube alviverde conquistou todos os títulos que disputou: Campeonato Brasileiro, Campeonato Paulista, Torneio Mar Del Plata (Argentina), Taça Laudo Natel e Taça dos Invictos. Além dos troféus obtidos em 1972, Nei ainda foi campeão brasileiro em 1973 e estadual em 1974 e 1976.

“O título mais especial é o do Paulista de 1974, contra o Corinthians. Só os atletas do Palmeiras que estiveram em campo naquele dia podem falar sobre o jogo. O Morumbi estava lotado com a torcida deles, imprensa dando a vitória como certa e nosso rival com um time bem armado. Só esqueceram que o adversário era simplesmente o Palmeiras, uma equipe fortíssima e bicampeã brasileira em 1972 e 1973”, enaltece.

Ao todo, o ponta-esquerda disputou 489 partidas pelo clube palestrino e marcou 72 gols, sendo o nono atleta com mais jogos pelo Palmeiras. Entre 1972 e 1980, registrou 254 vitórias, 155 empates e 80 derrotas. Após a aposentadoria, em 1983, passou a morar em Ibitinga, no interior de São Paulo, e abriu uma pizzaria. Também deu aulas em uma escolinha de futebol local durante 20 anos. Até hoje, aos 67 anos, guarda com carinho as lembranças do período em que vestiu verde e branco.

“O Brandão pedia para eu não passar do meio-campo na hora de marcar. Minha função era acompanhar o lateral só até uma parte, depois era com o pessoal lá atrás. Eu ficava com as pernas frescas e o lateral deles voltava cansado, então era mais fácil passar por ele. Tinha uma jogada clássica: o Luis Pereira tocava para o Ademir, e ele já lançava para os pontas em velocidade; um dos pontas (Nei e Edu) cruzava e o César Maluco ou Leivinha faziam de cabeça. Muitos gols saíram assim”, encerra.

Espetacular, imprescindível e grande pessoa: Nei na visão dos companheiros

Ademir da Guia
“O Nei era um jogador espetacular, que driblava muito. Era um rapaz muito quietinho, que veio da Ferroviária e não brigava com ninguém. Ele foi imprescindível para o sucesso que tivemos, era um jogador ideal para o sistema que utilizávamos, com dois homens abertos. Foi o grande ponta-esquerda do Palmeiras naquela década.

Dudu
“O  Nei foi contratado para jogar no lugar do Pio, que também era muito bom, mas que tinha características diferentes. O Brandão queria um atleta mais incisivo, que partisse para cima dos laterais adversários e cruzasse, pois tínhamos dois ótimos cabeceadores no ataque (Leivinha e César Maluco). Após sua chegada, melhoramos nosso desempenho ofensivo, principalmente pelo lado esquerdo. Tanto é que ganhamos todos os títulos que disputamos em 1972.

Edu Bala
“Além de um grande jogador, o Nei era uma grande pessoa, um cara extremamente educado e com uma família ótima. Em campo, atuava pelo lado esquerdo e, em alguns momentos, fechava para fazer um terceiro ou quarto homem de meio-campo. Quando ia até a linha de fundo, cruzava muito bem. Sempre sobrava uma bola para mim”

Leivinha
“Foi um jogador muito importante para nós. Ele tinha duas características fundamentais: drible e cruzamento. Além disso, compunha muito bem o meio, então se tornou essencial taticamente. Do outro lado, pela direita, tínhamos o Edu Bala, que usávamos como desafogo por sua velocidade e sabíamos que ganharia de qualquer zagueiro na corrida”

Nome: Elias Ferreira Sobrinho
Nascimento: 15/08/1949
Naturalidade: Nova Europa (SP)
Período: 1972 a 1980
Clube anterior: Ferroviária (SP)
Posição: Atacante (ponta-esquerda)
Jogos: 489 (254 vitórias, 155 empates e 80 derrotas)
Gols: 72

Primeiro jogo: Palmeiras 4×0 Santos (15/01/1972)
Primeiro gol: Palmeiras 7×0 Steaua Bucareste (22/01/1972)
Último gol: Palmeiras 3×0 Portuguesa (21/09/1980)
Último jogo: Palmeiras 0x2 XV de Jaú (05/10/1980)
Principais títulos: Campeonato Paulista em 1972, 1974 e 1976; Campeonato Brasileiro em 1972 e 1973