Sampaio reforça: ‘A parte esportiva é nossa prioridade’

Agência Palmeiras Marcelo Cazavia

O gerente de futebol do Palmeiras, César Sampaio, concedeu entrevista coletiva nesta terça-feira [15] e minimizou as declarações dadas pelo atacante Kleber a alguns meios da imprensa nesta segunda [14]. O dirigente afirmou que a preocupação do clube é blindar o elenco, uma vez que o foco alviverde está totalmente voltado para o duelo desta quarta [16] com o Vasco, e garantir a permanência na Série A do Brasileirão em 2012.

“Minha vinda aqui [à sala de imprensa] é até estratégica para não expor o elenco. Vi a entrevista do Kleber, e qualquer posição do grupo hoje pode prejudicar muito o lado emocional para o término da competição. O nosso objetivo maior é o jogo contra o Vasco. Houve problemas de relação entre o Kleber e o Felipão, mas entendemos que, neste momento, expor os problemas dificilmente trará alguma solução. Isso tem que ser resolvido entre nós, e não temos tempo hábil. Quando não tem solução imediata, melhor preservar o grupo”, declarou. “Enquanto não garantirmos matematicamente nossa permanência na elite, a parte esportiva é a nossa prioridade. Nosso ano está em jogo”, completou.

Sampaio contou que chegou a cogitar a demissão de Scolari caso o grupo de jogadores tivesse alguma indisposição com ele. “A primeira coisa que fiz quando cheguei foi uma reunião com o presidente e o vice. Senti que precisava fazer alguma coisa, e essa alguma coisa podia ser a demissão do Luiz Felipe. Se houvesse falta de empenho dos atletas por alguma diferença com Luis Felipe, seria mais fácil mudar a comissão técnica do que elenco. Depois, tive uma reunião com a comissão e falei para eles que, se o motivo fosse o Luis Felipe, teria que trocar. Ele disse que não queria prejudicar o Palmeiras e que, se ele fosse o problema, ele se colocava à disposição. Falei com grupo e os atletas disseram que não tinham problema nenhum com a comissão técnica. O que está vindo à tona agora é surpresa, pois os próprios atletas tiveram a oportunidade de falar. Tenho autonomia da diretoria para demitir o Luis Felipe, mas os jogadores não falaram que isso era o problema”, afirmou.

“Não conversei com o Kleber, e sim com o grupo. A posição do grupo foi diferente da do Kleber. Até entendo que muitos jogadores não gostem de se expor com medo de retaliação, como aconteceu algumas vezes, mas, desde que eu assumi, estou tentando formar uma identidade. No meu ponto de vista, o Palmeiras ficou um clube sem identidade. Se eles têm realmente algum problema com a comissão e não falaram, perderam uma grande oportunidade de se posicionarem como grupo. Coloquei que assumiria toda e qualquer responsabilidade após o que fosse falando com eles. Não sou pombo de ninguém, não estou servindo a ninguém da diretoria ou ao Felipão. Estou servindo ao Palmeiras. Os atletas estão me conhecendo aos poucos. Se tinham opinião formada e não externaram, perderam grande oportunidade de se fortalecer como grupo”, continuou.

Para o gerente alviverde, o atual elenco “tem muitos problemas mal resolvidos”. “Quando a bola entra, é tranquilo, mas quando o resultado não vem, tem as divisões. Os prejudicados, sempre, são o clube e os próprios atletas. A gente tem tentado recuperar as relações e tem funcionado. Contra o Grêmio já fomos muito melhores, tanto do ponto de vista técnico como emocional. Tento também tranqüilizar os meninos mais novos, que estão passando pela primeira vez por essa cobrança”, disse Sampaio, aproveitando para elogiar a postura do zagueiro Maurício Ramos às vésperas do jogo contra o Grêmio. “Acredito muito no sucesso quando as pessoas ao nosso redor crescem junto. O Maurício, por exemplo, pegou depoimento das esposas dos jogadores, dos filhos, fez um trabalho motivacional legal. E o cara está machucado, nem jogar ia. Quando chegamos ao vestiário no Olímpico, estavam os dizeres dos familiares ali. Às vezes, é preciso buscar no emocional do grupo a superação para os problemas”.

Sampaio reconheceu também que o jeito de Felipão, às vezes, pode chatear alguém, mas ressaltou que o técnico não procura prejudicar ninguém com o que fala. “Eu fui jogador dele e sei que ele é 100% emoção, como o Marcos. Nem sempre o que o Luis Felipe diz é o que ele pensa. Quando perde um jogo, todos nós ficamos chateados, mas ele fica maluco. Por este lado emocional forte, ele fala coisas sem conseguir medir as consequências. Ele fala muito mais pela tristeza da derrota do que para prejudicar alguém. Ele tem um coração maravilhoso, mas pode ser mal entendido. Caras que falam o que pensam, muitas vezes, pagam um preço caro”, comentou.

Por fim, Sampaio pediu comprometimento aos jogadores. “Se o atleta tem algum problema com o Luis Felipe, vamos passar por cima disso. Não quero que ele mude de opinião, mas que pense um pouco no grupo, nesses 40 dias que temos de campeonato ainda. Depois ele pensa se quer continuar ou não aqui. Se não tem uma semana boa de trabalho, não dá tempo para corrigir os erros. Temos de deixar as diferenças de lado e pensar na causa maior. Já joguei em times que os caras não se falavam, mas eram comprometidos. Um falava que não gostava do outro, mas, em campo, jogavam bola. Muitas vezes, você cai em um ambiente em que tem gente que não gosta de você, faz parte. Se existe alguém que não gosta do Felipe, que leve para o lado pessoal e jogue pela família.”