Representante do Verdão em Toronto, arqueiro Julio disputa os Jogos Parapan-Americanos
Departamento de Comunicação
O arqueiro Julio Cesar de Oliveira será o único atleta do Palmeiras a representar a Seleção Brasileira nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, que tiveram a cerimônia oficial de abertura nesta sexta-feira (07). O competidor do Palmeiras/Raycon participa do evento pela segunda vez e sente-se preparado para encarar as principais potências da América e ficar entre os primeiros colocados. A disputa acontecerá neste domingo (09) e segunda (10), no Varsity Stadium.
Bagagem e experiência não faltam a Julio. No Parapan de Guadalajara-MEX, em 2011, ele ficou na quinta colocação e foi o melhor brasileiro do arco composto. Estes últimos meses foram de treinamentos intensos na linha de tiro e na academia, aproveitando e muito bem as etapas do Campeonato Paulistas para se aperfeiçoar.
"Estou bem confiante. O objetivo é ficar no mínimo entre os cinco porque nesta competição há dois medalhistas olímpicos. Serão três americanos, dois canadenses, o time do Brasil nessa pegada do Pan e mais Porto Rico que corre por fora também com um time muito bom”, diz o palestrino de 44 anos, que disputará a prova individual e de duplas mistas. No fim do mês, ele ainda estará no Campeonato Mundial Paralímpico, na Alemanha.
Seu currículo no esporte é de fazer inveja. Com a Seleção, acumula diversas participações em campeonatos de ponta, com destaque para o ouro por equipes do Mundial IWAS de 2013, desclassificando a Coreia do Sul, maior potência da modalidade, e vencendo o Canadá na final, que tinha um recordista mundial na equipe. Teve ainda uma prata por equipes no Torneio de Ranking Mundial, na Inglaterra, em 2011, na qual os donos da casa ganharam por um ponto.
Além de uma prata inédita obtida neste ano no MICA, um torneio indoor multi-site do continente americano, Julio possui uma lista repleta de conquistas dentro do Brasil. Ele chegou ao Palmeiras em 2009 e, desde então, é campeão dos Paulistas Paralímpicos Indoor e Outdoor e vice do Campeonato Brasileiro Outdoor – exceto em 2012, quando foi ouro da disputa nacional. Vale ressaltar que o arqueiro ainda tem um título paulista olímpico, de 2008.
Tiro esportivo, paraquedismo, acidente e… Tiro com arco!
A relação de Julio com o tiro com arco não aconteceu por acaso – ele tem uma história curiosa com o mundo esportivo. Quando era mais jovem, praticou tiro esportivo durante cinco anos e conseguiu ficar entre os primeiros em disputas paulistas. Mas o seu desejo mesmo era estar nas nuvens, ver tudo de cima.
Então, começou a praticar o paraquedismo. Fazia por hobby e competia em torneios municipais na categoria TR4 (Trabalho Relativo com quatro paraquedistas). "Paraquedismo era um sonho meu. Eu sempre gostei de voar, sempre quis ser piloto, nasci e morei do lado do aeroporto (de Congonhas). Todo mundo tinha essa relação, era filho de piloto etc”.
No entanto, o dia 09 de julho de 2000 mudou a vida de Julio. “A gente estava fazendo um vôo noturno na cidade de Matão-SP, e, quando eu saí para saltar, o vento acabou mudando, e eu voava com um paraquedas bem rápido. Com isso, o único jeito que eu consegui pousar foi com o vento de calda, em que você não freia o paraquedas, e ele acaba acelerando demais. Aí eu bati em pé no chão. Com a força do impacto, eu fraturei os dois calcâneos e a vértebra L4, a quarta vértebra lombar”, relembra.
O palmeirense teve uma lesão neurológica que esmagou os nervos de sua coluna. Assim, possui cerca de 50% de enervação nas pernas. Fez na época um tratamento chamado Biofeedback, que ensina a musculatura que sobrou a trabalhar novamente. O palestrino ficou pouco mais de dois anos na cadeira de rodas, depois andou de muletas, de bengala, até conseguir se livrar de tudo – usa apenas uma órtese no pé direito e possui algumas limitações de movimentos.
Faminto por esportes, Julio buscava algum que o ajudasse a fortalecer as costas em 2007. Por já ter praticado tiro esportivo, encontrou no tiro com arco a sua praia predileta. Hoje ele atira sentado. E o restante da história… Títulos e mais títulos!
"Na verdade, você nunca pensa em ser um atleta olímpico. É um sonho que parece meio distante. As pessoas perguntam como eu consigo trabalhar (atua na área de Tecnologia da Informação) e ser arqueiro. É uma questão de objetivo. Eu saio do trabalho, mesmo cansado, e vou para o campo ou para a academia. Forço o pessoal a treinar comigo porque é chato treinar sozinho (risos). Então, também todo sábado e domingo o pessoal está lá no Palmeiras treinando”, conta.
Confira um pouco mais sobre o único representante do Verdão nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto:
O que é o tiro com arco para você?
Fora o trabalho e a vida pessoal, o tiro com arco é a coisa mais importante para mim. Neste momento, ele tem 100% do meu foco.
Qual é o seu objetivo maior no esporte?
Meu objetivo agora é a classificação para a Olimpíada, representar o Brasil na Olimpíada. E, se isso acontecer, é buscar a medalha no Brasil”.
E essa sensação de representar o país?
Tem horas que eu não penso. Por exemplo, eu acompanhei o Pan superficialmente, só um pouco do tiro com arco porque, quando eu começava a pensar muito no Pan, eu já ficava meio estressado. Então, eu pensei: ‘Não vou deixar a adrenalina subir antes do tempo’. Isso gera uma ansiedade muito grande, e acho que é isso que precisar ser controlado neste momento.
