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Noventa anos após vestir pela primeira vez a camisa do Palestra Italia, um dos maiores craques da história do clube recebeu recentemente merecida homenagem da capital paulista. Por meio do decreto 59.517, publicado no dia 8 de junho de 2020, a Prefeitura de São Paulo nomeou de Romeu Pellicciari uma praça construída no empreendimento Jardim das Perdizes, situado entre o Allianz Parque e a Academia de Futebol, no bairro Água Branca, na Zona Oeste da cidade. A iniciativa foi idealizada pela Secretaria de Licenciamento e contou com a aprovação da Secretaria de Cultura do município.
Apelidado de Príncipe, o atacante fez a sua estreia pelo Verdão há nove décadas, no dia 24 de agosto de 1930, quando marcou um dos gols da vitória sobre o arquirrival Corinthians por 4 a 0, pelo Campeonato Paulista – Serafini, Ministrinho e Heitor completaram o placar.
Nascido em 26 de março de 1911, o craque alviverde passou a infância na cidade de Jundiaí (SP), em uma casa na Rua Rio Branco, perto da estação de trem. Seus pais, Humberto e Ida, tiveram dez filhos – cinco homens e cinco mulheres. De todos os irmãos, Radamés era aquele com quem Romeu tinha maior afinidade. Apaixonados por futebol, eles se uniram a primos e vizinhos para criar o Barranco FC.
Quem quisesse entrar na equipe dos Pellicciari devia cumprir duas exigências: ter menos de 15 anos e adotar o nome de um jogador famoso do futebol paulista. Romeu pediu para ser chamado de Bororó, em alusão ao half do Corinthians cujo apelido o divertia.
Após superar a idade permitida para atuar pelo Barranco, o talentoso atacante se transferiu para o São João, à época o melhor time de Jundiaí. Seus dribles curtos, capazes de entortar os adversários, chamaram a atenção do ex-jogador Bertolini, que defendera o Palestra nos primeiros anos após a fundação do clube.
Conterrâneo de Romeu, Bertolini indicou o jovem de 19 anos ao Verdão, mas o São João e a família do craque não queriam que ele se mudasse para São Paulo. O prodígio, contudo, resolveu aceitar o convite palestrino, dando início à sua vitoriosa trajetória no Maior Campeão do Brasil.
O começo no Alviverde foi arrasador. Levando em conta somente confrontos válidos por competições oficiais, ele permaneceu invicto em suas primeiras 24 partidas pela equipe, com 19 vitórias e cinco empates – a primeira derrota aconteceu em 28 de junho de 1931, contra o Santos, na Vila Belmiro, pelo Paulista.
Em 1932, já atuando como meia, Romeu comemorou o primeiro título pelo Palestra. Com 100% de aproveitamento e uma goleada por 8 a 0 sobre o Santos na última rodada, o Verdão ganhou o Paulista, campeonato que marcou o fim da era amadora no futebol nacional – Pellicciari marcou 18 gols e foi o artilheiro do torneio.
No ano seguinte, o craque ajudou o Alviverde a faturar o bicampeonato paulista e a primeira edição do Torneio Rio-São Paulo. Ele ainda foi o grande destaque da maior goleada da história do Derby ao fazer quatro gols no inesquecível triunfo por 8 a 0 – ao todo, ele balançou as redes do arquirrival em 14 oportunidades.
Com 13 tentos em 14 duelos, Romeu ainda conduziu o Palestra ao tricampeonato estadual (o único da história palmeirense) antes de ser negociado com o Fluminense, em 1935. Ficou sete temporadas no Rio, conquistando o tricampeonato carioca (1936, 1937 e 1938).
Pellicciari voltou ao Verdão em 1942 e participou da Arrancada Heroica, como ficou conhecido o episódio da mudança de nome do clube provocada pela perseguição aos imigrantes italianos no Brasil. Dessa forma, ele fez parte do time campeão paulista naquele ano, com vitória sobre o São Paulo por 3 a 1 na final, no Pacaembu.
Romeu defendeu o Alviverde em 161 partidas, com 109 vitórias, 24 empates, 28 derrotas – foram 108 gols anotados (é o 13º maior artilheiro do clube em todos os tempos ao lado de Leivinha). Após pendurar as chuteiras, ele abriu uma cantina no Centro de São Paulo, à qual se dedicou até morrer, em 15 de junho de 1971, aos 60 anos.
Ficha técnica da partida de estreia de Romeu:
Palestra Italia 4 x 0 Corinthians
Data: 24/08/1930
Local: Parque Antarctica, em São Paulo (SP)
Competição: Campeonato Paulista
Árbitro: Karl Strobel
Gols: Serafini, aos 15min do primeiro tempo; Romeu, aos 6min, Ministrinho, aos 30min, e Heitor, aos 44 do segundo tempo.
Palestra Italia: Nascimento; Loschiavo e Volpini; Pepe, Goliardo e Serafini; Ministrinho, Romeu Pellicciari, Heitor, Lara e Osses. Técnico: Eugênio Medgyesi (Marinetti)
Corinthians: Tuffy; Grané e Del Debbio; Nerino, Guimarães e Leone; Apparício, Perez, Gambarotta, Ratto e Ratto II. Técnico: não disponível
Conheça abaixo outros ídolos palestrinos homenageados com nomes de logradouros na cidade de São Paulo:
Zona Norte
Rua Pedro Sernagiotto (Parque São Domingos)
Mais conhecido pelo apelido Ministrinho, o ponta-esquerda teve três passagens pelo Verdão entre as décadas de 1920 e 1940.
Rua Amílcar Barbuy (Parque São Domingos)
Atacante e meio-campista, atuou pelo Palestra Italia de 1924 a 1930, sagrando-se campeão paulista em 1926 e 1927.
Zona Oeste
Viaduto Oberdan Cattani (Perdizes)
Grande goleiro brasileiro da década de 1940, conquistou quatro Paulistas (1942, 1944, 1947 e 1950), um Rio-São Paulo (1951) e um Mundial (1951) pelo Alviverde.
Zona Leste
Avenida Luiz Imparato (Ermelino Matarazzo)
Um dos quatro irmãos Imparato que atuaram pelo Alviverde, o ponta-esquerda ajudou o Alviverde a faturar os estaduais de 1932, 1933, 1934 e 1936.
Rua Oswaldo Brandão (Itaquera)
Atrás apenas de Luxemburgo, é o segundo técnico com mais títulos pelo Palmeiras: ganhou os Brasileiros de 1960, 1972 e 1973 e os Paulistas de 1947, 1959, 1972 e 1974. Também foi jogador do Verdão.
Praça Júlio Botelho (Penha)
Um dos maiores pontas da história do Brasil, ajudou o Verdão a ganhar o Brasileiro de 1960, o Rio-São Paulo de 1965 e os Paulistas de 1959 e 1963.
Rua Eduardo Lima (Chácara Mafalda)
Um dos heróis do título mundial de 1951, Lima conquistou pela equipe também cinco Paulistas (1940, 1942, 1944, 1947 e 1950) e um Rio-São Paulo (1951).
Zona Sul
Praça Waldemar Fiume (Jardim das Palmeiras)
Campeão mundial em 1951, o Pai da Bola faturou ainda quatro Paulistas (1942, 1944, 1947 e 1950) e um Rio-São Paulo (1951) pelo único time de sua carreira.
Praça José Del Nero (Vila Olímpia)
O aguerrido meio-campista, apelidado de Puro Sangue, colecionou quatro taças estaduais (1936, 1940, 1942 e 1944) com a camisa palmeirense.