Departamento de Comunicação
Palmeiras e Pelé construíram, ao longo do tempo, uma rivalidade pautada pelo talento e pelo respeito mútuos. Durante as décadas de 1950, 1960 e 1970, o Maior Campeão do Brasil e o Rei do Futebol protagonizaram confrontos marcantes e momentos inesquecíveis, que engrandeceram a história do esporte no país.
Confira informações e curiosidades envolvendo o Campeão do Século e o Atleta do Século, que morreu nesta quinta-feira (29), aos 82 anos de idade, no hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP).
Apoio inicial
No começo da carreira, Pelé contou com a ajuda de dois craques que atuaram pelo Palmeiras: Waldemar de Brito e Jair Rosa Pinto.
Atacante da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1934 e do Verdão entre 1945 e 1946, Waldemar foi o descobridor do camisa 10, sendo o responsável por levá-lo da base do Bauru Atlético Clube ao Santos, em 1956.
Já em seus primeiros passos na Vila Belmiro, o jovem Pelé recebeu conselhos do experiente companheiro de equipe Jair, meia do Brasil na Copa de 1950 e um dos heróis do título mundial de 1951 do Palmeiras, onde atuou até 1954, antes de rumar para Santos. “O Jair era um professor para todos nós e ensinava muita coisa ao Pelé”, diz o ídolo santista Pepe.
Clássico do Século
Pelé enfrentou o Palmeiras pela primeira vez no dia 15 de maio de 1957. O duelo, válido pelo Torneio Rio-São Paulo, foi disputado no Pacaembu e terminou com vitória santista por 3 a 0 – o camisa 10 fez dois gols. Já a última partida em que o Verdão teve pela frente o Rei do Futebol ocorreu em 9 de setembro de 1974, também no Pacaembu, pelo Campeonato Paulista, e acabou empatada em 0 a 0.
Durante esse período de mais de 17 anos, Palmeiras e Santos proporcionaram confrontos memoráveis. Em 6 de março de 1958, por exemplo, o time da Baixada derrotou o Verdão por 7 a 6, no Pacaembu, pelo Rio-São Paulo – foi a primeira e única vez em que um clássico estadual envolvendo dois grandes do país teve 13 gols. Depois de terminar a etapa inicial em desvantagem de 5 a 2, os palestrinos chegaram a virar para 6 a 5, mas tomaram dois gols no final. “Muitos dizem que foi o jogo do século. Houve tanta emoção que alguns torcedores morreram do coração”, lembra-se Mazzola, autor de dois tentos alviverdes naquela noite.
Supercampeonato Paulista
Embora tenham dominado o futebol brasileiro na década de 1960, Palmeiras e Santos disputaram apenas uma final durante a chamada Era Pelé, já que a maioria dos campeonatos era de pontos corridos. Foi em 1959, quando os clubes decidiram o Supercampeonato Paulista, assim apelidado em razão do elevado nível técnico demonstrado pelas equipes que participaram do torneio e pela necessidade de uma melhor-de-três para definir o campeão. E o Verdão levou a melhor, acabando com uma seca de títulos que perdurava havia oito anos, desde o Mundial de 1951.
Naquela competição, também disputada em sistema de pontos corridos, os dois clubes terminaram empatados na primeira posição, o que forçou a realização de três partidas extras. Após dois empates, o Palmeiras venceu o terceiro e decisivo duelo por 2 a 1 – Pelé abriu o placar para o time alvinegro, mas Julinho e Romeiro viraram para a equipe palestrina.
Um dos destaques daquela inesquecível decisão foi o zagueiro palmeirense Aldemar, considerado pelo próprio ídolo santista o melhor marcador que teve pela frente em sua carreira.
Pedra no sapato
A conquista do Paulista de 1959 pelo Palmeiras impediu que o Santos ganhasse cinco estaduais seguidos, alcançando um feito inédito na história da competição – o clube da Baixada, que havia se sagrado campeão em 1958, repetiria a dose em 1960, 1961 e 1962.
Aliás, de 1958 a 1969, o Santos só não conquistou o título paulista em 1959, 1963 e 1966, anos em que o Palmeiras ficou com a taça. Além disso, o Verdão impôs, em 12 de dezembro de 1965, uma das maiores derrotas sofridas pelo time alvinegro na Era Pelé: 5 a 0, no Palestra Italia – Servílio (dois), Dario (dois) e Dudu marcaram.
Realeza em campo e fora dele
Dois clássicos entre Palmeiras e Santos tiveram o Rei do Futebol dentro de campo e a realeza fora dele. No dia 18 de março de 1962, o príncipe britânico Phillip, marido da então Rainha Elizabeth, compareceu ao Pacaembu para assistir a um amistoso organizado em sua homenagem – Pelé fez dois gols na vitória santista por 5 a 3.
Já em 8 de abril de 1967, foi a vez de o príncipe Bertil da Suécia visitar o mesmo Pacaembu para ver o triunfo palestrino sobre o Santos por 2 a 1, com dois gols de César Maluco. A partida foi válida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, nome de um dos Campeonatos Brasileiros disputados naquele ano.
Cria da Academia (de cinema)
Pelé tinha apenas 21 anos, no início de 1962, quando foi lançado o primeiro filme sobre a sua vida. Idealizado por Fábio Cardoso, “O Rei Pelé” teve em seu elenco o próprio craque, além de atores que o interpretaram em diferentes momentos de sua trajetória dentro e fora de campo. E o adolescente Pelé foi vivido na tela grande por Luís Carlos Feijão, que atuou nas categorias de base do Palmeiras e chegou a ser jogador profissional. Feijão, que virou despachante após pendurar as chuteiras, morreu em 2011, aos 64 anos.
Homenagem em placa
Uma semana depois de Pelé comemorar o seu milésimo gol na carreira, anotado no Maracanã, o Santos enfrentou o Botafogo no Parque Antarctica, no dia 26 de novembro de 1969. Antes do jogo, que terminou em empate sem gols, a diretoria do Palmeiras prestou uma homenagem ao camisa 10 santista pela façanha alcançada. O diretor de futebol José Gimenez Lopes e os jogadores Leão, Baldochi e Cabralzinho entraram em campo para entregar ao craque uma placa de prata.
Pelé x Cruyff pelo 3º lugar
Em 1974, Palmeiras e Santos viajaram à Espanha para disputar o Troféu Ramón de Carranza contra Barcelona e Espanyol. A organização imaginava uma final que colocasse o santista Pelé e o barcelonista Cruyff frente a frente, mas o duelo entre os astros valeu só pelo terceiro lugar. Isso porque o Verdão bateu o Barcelona, do craque holandês, por 2 a 0, mesmo placar da vitória do Espanyol sobre o Santos. Na final, o Palmeiras derrotou o time catalão por 2 a 1 e garantiu a taça.
Colegas de classe
Goleiro que mais vezes vestiu a camisa palestrina, com 621 partidas, Emerson Leão foi colega de turma de Pelé na Universidade Metropolitana de Santos. Ambos se formaram em educação física na turma de 1974, da qual também faziam parte outros craques, como o santista Pepe e o palmeirense Leivinha, além da cantora Simone.
Jejum divino e real
Enquanto Ademir da Guia e Pelé defenderam, respectivamente, Palmeiras e Santos, o Corinthians não conquistou nenhum título de expressão. O Rei do Futebol atuou pelo time alvinegro de 1956 a 1974, quando se transferiu para os EUA; já o Divino chegou ao Verdão em 1961 e permaneceu no clube até setembro de 1977. Após se sagrar campeão estadual de 1954 (o jogo decisivo aconteceu em janeiro de 1955), o Corinthians só voltou a ganhar uma competição relevante em 13 de outubro de 1977: o Campeonato Paulista.